Quais são os custos dos investimentos financeiros?

  • 04/05/2017
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Custos dos investimentos financeiros

Investimentos financeiros representam uma ótima maneira de rentabilizar o patrimônio já existente e também de fazer o dinheiro trabalhar para você, complementando a renda e sendo peça fundamental para conseguir atingir seus objetivos financeiros, inclusive a independência financeira. Porém, caso o investidor não fique atento aos custos dos investimentos financeiros, eles podem corroer a rentabilidade e atrapalhar no planejamento financeiro.

Neste artigo selecionamos algumas das aplicações mais conhecidas e vamos discorrer em detalhes sobre os principais custos dos investimentos financeiros, como: taxa de administração, taxa de custódia, taxa de corretagem, IR e IOF.

Principais custos dos investimentos financeiros

De forma geral, os principais custos dos investimentos financeiros podem ser divididos entre taxas e impostos. As taxas são cobradas para cobrir os custos e remunerar as instituições intermediárias, que viabilizam o acesso do investidor às aplicações que deseja. Os impostos, por sua vez, são cobrados pelo Estado, obrigatórios e definidos por lei.

Já das taxas é possível fugir ou ao menos reduzir, encontrando instituições que cobrem mais barato. Um grande motivador econômico para a cobrança de taxas menores é a concorrência existente no mercado. Já dos impostos infelizmente não conseguimos escapar. Como disse Benjamin Franklin: “nada é mais certo neste mundo do que a morte e os impostos”.

Custos dos investimentos: o imposto de renda (IR)

O imposto de renda (IR) consiste em uma parcela considerável do custos dos investimentos financeiros. O IR incide de diferentes formas nos diversos tipos de investimentos. Normalmente segue uma tabela regressiva, com alíquota de 22,5% a 15% sobre a rentabilidade, porém há investimentos em que a tributação pode ser apenas 15% ou nem mesmo existir. Nos tópicos a seguir mostramos como funciona a cobrança de IR na prática em alguns dos principais tipos de investimentos financeiros.

Renda fixa

Para os investimentos de renda fixa em geral, como CDB’s, debêntures (exceto as incentivadas), títulos públicos e a maioria dos fundos de investimento, incidirá Imposto de Renda conforme a tabela regressiva:

Tabela regressiva de IR para renda fixa em geral

Prazo (dias) do investimento Alíquota
até 180 22,5%
de 181 a 360 20%
de 361 a 720 17,5%
acima de 720 15%

Ações

Para o caso de tributação de renda variável, como ações, FII (fundo de investimento imobiliário) e ETF (Exchange Traded Funds), a alíquota de IR sobre o ganho de capital será:

  • para operações comuns: 15%;
  • para operações day trade, ou seja, compra e venda realizadas no mesmo dia: 20%.

Vale lembrar que, para ações, a corretora recolherá IRRF (imposto de renda retido na fonte) com a alíquota de 0,005% sobre o valor total da operação de venda. É uma espécie de “marcação”, para que a Receita Federal saiba que o investidor realizou uma operação.

Fundos de investimento

Sobre fundos de investimento, incidirá IR na fonte (IRRF) com a aplicação da alíquota mais baixa da tabela regressiva, dependendo do tipo do fundo (por exemplo, 15% para um fundo de renda fixa de longo prazo). O excedente da alíquota, se for o caso, será recolhido também na fonte, mas apenas no momento do resgate dos recursos.

Come cotas (IR na fonte): o Imposto de Renda dos fundos de investimentos é recolhido antecipadamente no último dia útil dos meses de maio e novembro, em um sistema denominado “come-cotas”. Para essa cobrança, é usada a menor alíquota de cada tipo de fundo: 20% para fundos de tributação de curto prazo e 15% para fundos de tributação de longo prazo. Dessa forma, a cada seis meses os fundos deduzem esse imposto dos cotistas automaticamente, em função do rendimento obtido durante o período. Não há incidência de “come-cotas” nos fundos de ações.

Fundos de investimento classificados como “curto prazo” possuem 20% como menor alíquota, conforme os prazos da tabela regressiva. Já os fundos de investimento de “longo prazo” seguem a tributação normal da tabela regressiva – cuja menor alíquota de IR é 15%.

Tabela de IR para fundos de curto prazo

Prazo (dias) Alíquota
até 180 22,5%
maior que 180 20%

Os fundos de ações possuem alíquota única de 15% de IR independente do prazo de aplicação. Nos fundos de ações não há IR na fonte, ou seja, não há come cotas. Além disso, muitos fundos multimercados, por manterem 67% da carteira em ações, têm essa mesma tributação.

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Custos dos investimentos: o imposto sobre operações financeiras (IOF)

O IOF, ou Imposto sobre Operações Financeiras, incide sobre o rendimento das aplicações, quando investidas por menos de 30 dias. Ele segue uma tabela regressiva, variando de 96% no primeiro dia, chegando a 0% no 30º dia de aplicação.

A cobrança de IOF ocorrerá, quando aplicável, conforme alíquota regressiva apresentada na tabela a seguir:

Tabela 3. Cobrança de IOF em investimentos financeiros

Custos dos investimentos financeiros

A tributação ocorre para saques com menos de 30 dias de aplicação, sobre o rendimento, e é proporcional ao número de dias aplicados. A alíquota, neste caso, é regressiva, ou seja, diminui à medida que aumenta o prazo de aplicação. Neste contexto, as alíquotas variam de 96%, para aplicações por 1 dia, até 0% para aplicações por 30 dias. A partir desse prazo não há mais cobrança de IOF.

Sobre os investimentos em poupança há isenção do IOF. Haverá incidência deste imposto, entre outros, sobre CDBs, Fundos DI e Fundos de curto prazo.

Custos dos investimentos financeiros: taxas cobradas

Ao fazer qualquer investimento financeiro, devemos sempre observar as características de cada produto ofertado. É natural que exista a cobrança de taxas, pois as instituições possuem estruturas para manter e precisam ser remuneradas. Contudo, o investidor precisa compreender quais são as taxas que estão sendo cobradas e se elas são coerentes com a realidade do mercado. Grande parte dos investimentos financeiros possuem taxas como as descritas a seguir.

Taxa de administração: é o custo que o administrador de um fundo de investimento tem para manter o seu funcionamento, o que inclui a remuneração do gestor e despesas para manter a operacionalização do fundo, e o pagamento de despesas diversas. O valor varia conforme o tipo de fundo, pois fundos de renda fixa normalmente possuem taxas menores por serem, em tese, mais fáceis de fazer a gestão do que fundos de ações, por exemplo. Este custo é abatido do patrimônio do fundo, portanto, a rentabilidade do investimento já considera a incidência da taxa.

Taxa de performance: uma taxa não tão comum, mas que está presente em fundos de investimentos mais agressivos – alguns fundos de ações e fundos multimercado. É uma cobrança relacionada a um desempenho superior do fundo. Por exemplo: 20% sobre o que exceder de 100% do CDI. Geralmente essa taxa é a remuneração de um bom trabalho de gestão, o que acaba sendo bom tanto para os gestores quanto para os investidores. Entenda mais em nosso artigo sobre gestão ativa e gestão passiva.

Taxa de custódia:  essa taxa normalmente está presente em títulos públicos e em ações. Ela tem o intuito de cobrir custos para “guardar” esses investimentos. No caso dos títulos públicos, é um custo de 0,30% a.a. cobrado pela BM&FBovespa. Já nas ações, a custódia geralmente é cobrada todo o mês pela corretora, ou pode até nem ser cobrada dependendo do valor que o cliente possui com a instituição.

Taxa de corretagem: a corretora de valores também cobra, quando o cliente compra ou vende ações e outros ativos (opções, contratos futuros, ETF’s, FII’s etc), uma taxa de corretagem. Pode ser um valor fixo por operação, por exemplo, R$ 10,00 por ordem de negociação, ou uma taxa variável, como 0,25% sobre o total do valor negociado.

Taxa de carregamento de entrada e/ou de saída: a taxa de carregamento de entrada é cobrada sobre os aportes e sobre o investimento inicial, significa que a cada nova aplicação o investidor já tem corroída uma parte do seu capital. Já a taxa de carregamento de saída é uma espécie de penalidade que alguns fundos de investimento podem cobrar para casos em que o resgate (total ou parcial) é realizado antes de certo período. A taxa de carregamento é rara de ser cobrada em fundos de investimento, mas é comum em planos de previdência privada.

Custos dos investimentos financeiros por tipo de investimento

A seguir preparamos uma tabela que relaciona os custos dos investimentos financeiros com os principais tipos de aplicações disponíveis no mercado.

Investimento / Taxa ou imposto Fundos de investimentos Títulos públicos LCA e LC1¹ CDB e Debêntures Ações, ETF’s, FII’s
IR
IOF
Taxa de administração
Taxa de custódia
Taxa de corretagem
Taxa de carregamento (entrada ou saída) ✓²

¹ Existem outros investimentos, que assim como as LCI e LCA’s, são isentos de IR. É o caso das debêntures incentivadas.
² Taxas de carregamento em fundos de investimento podem existir, mas são raras.

Veja que a caderneta de poupança é uma das opções favoritas dos brasileiros. Porém, não incluímos este investimento na tabela porque nenhum dos custos listados está presente na poupança. Vale lembrar, ainda, que o fato de alguma taxa ou imposto existir ou não, não implica, necessariamente, em uma rentabilidade maior ou menor. A poupança, por exemplo, mesmo isenta de IR e sem taxas (administração, custódia, etc), ainda assim remunera menos que diversas outras opções de investimentos.

Outro ponto é que alguns CDB’s, especialmente os chamados CDB’s automáticos, costumam ter uma penalidade na rentabilidade dependendo do número de dias de permanência no investimento.

Conclusão: custos dos investimento financeiros

Este artigo mostrou em detalhes quais são os principais custos dos investimentos financeiros mais conhecidos. A ideia central do artigo foi levar ao investidor a informação acerca da existência destes custos. Porém, vale frisar novamente, que a existência ou não de certas taxas não implica, necessariamente em uma menor rentabilidade. Um ótimo exemplo disso são alguns fundos de investimento de gestoras independentes, com gestão ativa, que cobram taxa de administração e taxa de performance, há incidência de IR, mas mesmo assim entregam uma ótima rentabilidade ao investidor.

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