Você conhece o perfil das mulheres investidoras?

  • 20/11/2020
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Você sabia que 75% das mulheres, colaboram com as despesas da casa e são responsáveis pelas compras do dia a dia e pelo orçamento doméstico, mas costumam delegar a função de cuidar das finanças pessoais para algum homem de sua confiança, pois geralmente se sentem inseguras para fazer a gestão do próprio patrimônio?

Porém, quando as mulheres se especializam em gestão de recursos, não há diferenças em relação aos homens. Elas acabam assumindo grau de risco e estratégias semelhantes.

As mulheres que não são especialistas em finanças possuem algumas características que podem fazer delas grandes investidoras. Neste artigo, vamos falar sobre o perfil das mulheres investidoras, como elas investem na B3 e no Tesouro Direto, e suas principais características.

Perfil das mulheres investidoras

Segundo pesquisa realizada por LouAnn Lofton, divulgada no The Motley Fool, as mulheres investidoras costumam ser mais calmas e conservadoras, se expõem menos ao risco e tendem a ter mais paciência e visão de longo prazo.

Elas não ficam comprando e vendendo ações o tempo todo e dedicam mais tempo ao estudo para escolher suas aplicações. Quando a esmola é muito grande elas desconfiam mais e se aprofundam mais para tomar as decisões de investimentos.

As mulheres costumam pensar que sabem menos do que realmente sabem, porém, em investimentos no longo prazo, elas tendem a ganhar mais dinheiro que os homens. Apesar disso, poucas são as mulheres que tomam decisões sobre investimentos.

Perfil dos Investidores na B3 e no Tesouro Direto

Podemos ter uma noção disso com os dados divulgados em outubro de 2020 pela B3, a Bolsa de Valores Brasileira, sobre o perfil dos investidores pessoa física na bolsa. O total de pessoas físicas com recursos na depositária de renda variável da B3 passou de 3 milhões, sendo 73,53% homens e 25,47% mulheres – 1% são de investidores Pessoa Jurídica. Apesar da participação feminina ser inferior, em outubro deste ano, a B3 cruzou a linha de 800 mil mulheres investindo no mercado de ações.

Quantidade de investidores* %
Pessoas físicas 3.157.040 99%
Homens 2.337.507 73,53%
Mulheres 809.533 25,47%
Pessoas Jurídicas 31.740 1,00%
TOTAL 3.178.780

Contagem dos CPFs/CNPJs de investidores por Agente de Custódia

Já no Tesouro Direto, os dados estatísticos de setembro de 2020 mostram que de 8.386.216 investidores, 32,2% representa a participação feminina.

Predominância masculina no mercado financeiro

Percebam que o mercado financeiro ainda é muito masculino e a participação reduzida de mulheres no Tesouro Direto (pouco mais de 30%) e na Bolsa (pouco mais de 25%) ilustra bem isso. Entre os motivos para a baixa adesão feminina, estão o perfil mais conservador na hora de aportar, a desigualdade salarial entre homens e mulheres e também a terceirização de assuntos financeiros.

Interação financeira das mulheres investidoras no mundo

E essas características não são somente de mulheres brasileiras. No último UBS Investor Watch, em 2019, foi feita uma pesquisa para verificar a interação financeira das mulheres no mundo. Segundo o estudo, mais de 80% das mulheres estão extremamente envolvidas com as suas finanças de curto prazo, tais como despesas diárias, orçamento e fluxo de dinheiro.

Entretanto, 60% das mulheres não estão inteiradas dos aspectos mais importantes de suas seguranças financeiras, como investimentos, seguro, aposentadoria e outros planejamentos de longo prazo.

Os motivos das mulheres focarem mais no presente e ignorarem o futuro diferem em todos os mercados. Por exemplo, as mulheres nos Estados Unidos e em Singapura optam por não participarem das decisões financeiras de longo prazo porque os seus cônjuges têm mais conhecimentos.

As mulheres na Itália e no Brasil dizem que têm responsabilidades mais urgentes. As mulheres na Suíça e na Alemanha dizem que seus cônjuges nunca encorajaram o envolvimento delas.

Um detalhe importante de citar é que o período de vida das mulheres está aumentando na maior parte do mundo, com expectativa de viver, em média, até os 90 anos. E as mulheres estão cientes do aumento de sua longevidade, pois 68% delas acreditam que viverão mais do que os seus cônjuges. No Brasil, esse número sobe para 87%.

Com isso em mente, as mulheres assumem uma importância especial em suas necessidades financeiras de longo prazo. Por exemplo, três quartos (76%) dizem que o planejamento da aposentadoria é prioridade. A cada 10 mulheres, sete dizem que o planejamento com saúde e seguro de longo prazo são, também, prioridades.

Independentemente do motivo, deixar de planejar o futuro acarreta riscos. Como as mulheres no mundo todo vivem mais, a chance de se tornar viúva ou divorciada aumenta. Inevitavelmente, as mulheres que consideram essas possibilidades estarão mais bem preparadas.

As mulheres que lidam com as decisões de longo prazo no relacionamento com seus cônjuges relatam níveis crescentes de satisfação. 95% delas têm muita confiança no futuro, sentem-se menos preocupadas com dinheiro e cometem menos erros financeiros.

Quando compartilham as decisões, tanto o homem quanto a mulher encaram o futuro com otimismo – e estabelecem um exemplo de relação financeira para as gerações futuras.

Veja o estudo completo aqui

Confiança das mulheres em relação a investimentos

A Merrill Lynch Study – banco norte-americano de investimentos – em parceria com a Age Wave, líder mundial na compreensão dos efeitos do envelhecimento da população no mercado, no local de trabalho, finanças, saúde e implicações culturais, realizou a pesquisa “Mulheres e Bem Estar Financeiro, Além da Linha Inferior” em 2018, mostrando que as mulheres têm cada vez mais promovido mudanças no mercado de trabalho, em suas empresas, na sua casa, mas se descuidam em relação a suas finanças.

À medida que as mulheres buscam mais conhecimento financeiro, confiança e empoderamento, elas veem o dinheiro como um meio de conhecer suas responsabilidades, alcançar seus objetivos e cuidar das pessoas que amam.

Segundo o estudo, 61% das mulheres preferem falar mais sobre sua própria morte do que sobre dinheiro. Quando se trata de gestão de investimentos, apenas 52% das mulheres afirmam estar confiantes, em comparação com 68% dos homens. 41% das mulheres desejam ter investido mais do seu dinheiro.

Além disso, as prioridades financeiras estão centralizadas em assuntos que dizem respeito às necessidades e objetivos individuais, ou seja, 77% das mulheres enxergam o dinheiro pensando no que ele pode fazer por suas famílias.

Ao serem questionada como planejou o futuro financeiramente, uma em cada quatro mulheres com 18 anos ou mais e 30% das mulheres entre 30 e 44 anos – anos críticos para a economia da aposentadoria – não planejaram nada para o futuro.

Crescimento das mulheres investidoras na B3 ainda é tímido

Como já citamos, as mulheres costumam ser inseguras quando o assunto é investimento, mesmo com o grande avanço de participação feminina na bolsa brasileira.

Fazendo um comparativo, em 2002, o universo feminino das investidoras era de 15.030. Em outubro de 2020, o número de mulheres investidoras ultrapassou a marca de 800 mil, representando um crescimento de mais de 5000% nos últimos 18 anos.

Porém, esse número ainda é pequeno se comparado ao universo masculino, pois representa apenas pouco mais de 25% do volume total de investidores pessoas física na B3.

No mesmo período, a participação masculina passou de 70.219 para cerca de 2 milhões e 300 mil investidores, um crescimento de mais de 3000% nos últimos anos.

Conclusão

Apesar do avanço feminino ser maior nos últimos anos, o volume de mulheres investidoras na B3 ainda é menor que o volume de homens investidores.

Muitas mulheres ainda acreditam nos papéis tradicionais de gênero e deixam as decisões sobre como investir e planejar finanças para seus cônjuges. As razões para isso são muitas, mas as principais são acreditarem que o cônjuge sabe mais sobre o assunto, tem outras responsabilidades ou o cônjuge é quem sustenta a família.

Com isso, as mulheres, muitas vezes, não percebem os riscos de não se envolver em grandes decisões financeiras até que elas se divorciem ou seu cônjuge morra. Assim, acabam lamentando não ter se envolvido mais cedo em importantes decisões financeiras.

Acreditamos que a tendência dos próximos anos é ver cada vez mais o crescimento de mulheres entre os investidores, com seu jeito mais cuidadoso, sua preferência por planejamento e o alto rigor na hora de correr riscos.

Agora, cabe às mulheres tornar a arte de investir uma ação tipicamente feminina para virar o jogo e ter, finalmente, poder sobre os seus investimentos.

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