TR – Taxa Referencial: o que é e como impacta nos investimentos?

  • 16/04/2021
Página inicial - Investimentos - TR – Taxa Referencial: o que é e como impacta nos investimentos?

A Taxa Referencial (TR) existe há mais de 25 anos e, apesar de não ser mais utilizada para o mesmo fim que foi criada, ainda é bastante usada na prática, seja para nortear a rentabilidade de alguns investimentos ou servir de base na taxa de juros de financiamentos.

Neste artigo, vamos falar sobre a história desse índice econômico criada nos anos 90 e como ela impacta nos investimentos, podendo ser favorável ou desfavorável, dependendo ao que ela está atrelada.

O que é Taxa Referencial – TR?

TR significa “Taxa de Referência”, ou seja, que serve de modelo para outras taxas do mercado financeiro.

Atualmente, apesar de estar zerada desde setembro de 2017, ela ainda ajuda a determinar o rendimento ou reajuste de alguns investimentos ou créditos, como a caderneta de poupança, a remuneração do FGTS, alguns títulos do Tesouro como a NTN-H e NTN-P (que foram descontinuados e não podem mais ser comprados) e alguns contratos de financiamento imobiliário e títulos de capitalização.

Taxa Referencial - um homem tentando segurar um braço gigante com as mãos

Como surgiu a TR

A taxa referencial foi criada no ano de 1991, durante o mandato do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em uma época que o Brasil vivia um cenário de hiperinflação, onde os preços dos produtos eram reajustados diariamente.

A TR tinha como função proteger o poder de compra da moeda nacional – sendo referência para outras taxas de juros do país – e também ajudava a conter a inflação.

Para saber a inflação acumulada durante o mês, o governo media diariamente a TR.
Como a taxa referencial espelhava a inflação acumulada, ela era usada para correção monetária.

Dessa forma, o governo conseguia controlar o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e mantinha o poder de compra dos brasileiros. Após algum tempo, a TR foi substituída pela taxa Selic.

Como é calculada a TR

A TR é calculada diariamente e mensalmente pelo Banco Central com base em outra taxa, a TBF – Taxa Básica Financeira. A TBF, por sua vez, é calculada com base na remuneração mensal média dos CDBs e RDBs – emitidos a taxas de mercado prefixadas com prazo de 30 a 35 dias corridos – das 20 maiores instituições financeiras do Brasil. A fórmula é a seguinte:

TR = 100 x {[(1 + TBF)/R] – 1}

Considerando:

  • TBF = Taxa Básica Financeira
  • TR = Taxa Referencial
  • R = Redutor.

Para chegar à taxa referencial é preciso aplicar um redutor à TBF, o qual é definido pelo Banco Central. A TR nunca pode ser negativa, sendo limitada a “zero”. Para mais detalhes sobre os cálculos veja a Resolução 3.354.

TR diária e TR mensal

Como citamos, a TR é calculada diariamente e mensalmente pelo Banco Central. Em resumo, a taxa referencial mensal é a soma das TRs diárias.

O cálculo mensal é utilizado para correção monetária dos valores que ficam aplicados durante todo o mês (que são considerados 23 dias), como na poupança e no FGTS.

Impacto da TR nos investimentos

Ao aumentar ou diminuir, a taxa referencial impacta proporcionalmente os investimentos aos quais ela está atrelada. Porém, por estar zerada desde setembro de 2017, ela não está causando impacto nos investimentos.

Poupança | FGTS | Títulos de Capitalização

Poupança:

O rendimento da poupança é calculado da seguinte forma:

  • Se a Selic estiver acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês, mais a taxa referencial (TR).
  • Se a Selic estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano, a parte fixa da remuneração da poupança deixa de ser 0,5% ao mês e passa a ser 70% da meta da taxa SELIC mais a TR.

Importante comentar que a taxa Selic não supera 8,5% desde 2016.

Saiba mais: quanto rende a poupança?

FGTS:

A rentabilidade do fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) é de 3% ao ano + a TR. Com a TR zerada, a rentabilidade do FGTS está abaixo da inflação.

Título de Capitalização:

O título de capitalização é um produto bancário que se assemelha aos investimentos, mas devido às características peculiares, acaba sendo um misto de caderneta de poupança e bilhete de loteria.

Geralmente, a rentabilidade deste produto é a TR do período que o dinheiro ficou aplicado. Considerando a taxa referencial zerada, os títulos de capitalização podem acabar perdendo para a inflação e rendendo menos que a poupança.

Por que a taxa está zerada?

Quando o cálculo da TR resulta em valor negativo, ela é considerada “zerada” e a taxa Selic baixa tem influência neste resultado. Importante lembrar que a taxa referencial nunca pode ser negativa, sendo limitada a zero.

As principais consequências da taxa referencial zerada são a redução da rentabilidade da poupança e também do FGTS.

Conclusão

Quando criada, a Taxa Referencial (TR) serviu como ferramenta para desindexar a economia dos índices de inflação. Atualmente ela é utilizada principalmente para corrigir financiamentos habitacionais e para compor a rentabilidade da poupança, do FGTS e de títulos de capitalização.

Porém, por estar zerada desde 2017, os investimentos a ela atrelados possuem baixíssima rentabilidade.

Entre eles, podemos citar o FGTS, cuja baixa rentabilidade penaliza o dinheiro dos trabalhadores assalariados que possuem seus recursos no Fundo. Por outro lado, quando a TR é utilizada para reajuste do crédito – como no caso de alguns financiamentos imobiliários, por exemplo – ela pode ser benéfica e fomentar a busca por esse tipo de crédito.

Por isso, esteja sempre atento aos índices dos seus investimentos e, em caso de dúvidas, procure um profissional qualificado para avaliar as melhores opções para o seu caso.

Nossos artigos