É hora de rever sua carteira de investimentos?

  • 09/04/2020
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carteira de investimentos durante a crise

Antes da pandemia do Covid-19, no Brasil, vivíamos uma tendência de alta na bolsa, com os investidores arriscando mais em ações em sua carteira de investimentos. Os fundamentos eram bons por causa da Reforma da Previdência e da expectativa de reformas e medidas que o governo vinha fazendo.

O governo, vinha implementando e buscando fazer uma série de medidas de desburocratização, cortes de custos, incentivos aos investimentos e o crescimento do mercado de capitais.

O mercado de capitais é um mercado criado para a negociação de ativos financeiros. Ele serve, essencialmente, para ligar instituições poupadoras, como investidores institucionais que têm dinheiro para investir e buscam rentabilizá-lo, às empresas, que buscam recursos para investir e estão dispostos a remunerá-lo, tanto pagando juros sobre seus empréstimos, como disponibilizando participações das empresas.

O objetivo do mercado de capitais é buscar a expansão e o financiamento das empresas via setor privado. 

Para as empresas crescerem, elas precisam se financiar, isto é, precisam de recursos. Muitas vezes, é necessário investir em uma nova fábrica, por exemplo, para depois  ter um fluxo de caixa positivo e obter retorno desse investimento. 

É possível fazer isso vendendo ações. 

A bolsa de valores no Brasil, a B3, tem a função de dar liquidez ao mercado. Por exemplo, se o investidor compra ações, mas logo precisa do dinheiro, ele consegue realizar a venda desses papéis.

Ou seja, quando a empresa coloca ações na bolsa, ela serve para dar liquidez, pois muita gente compra e vende todos os dias. 

Outro princípio importante do mercado de capitais é que as empresas podem emitir títulos da dívida. Por exemplo, a Vale emite um lote de títulos, toma o dinheiro emprestado do investidor e paga uma determinada taxa por isso. São as chamadas debêntures, você pode ler mais aqui.

Pânico generalizado

Com a crise, o mercado mudou totalmente. Houve um pânico generalizado e a interrupção das atividades. Com isso, as receitas das empresas diminuíram. 

Ao se deparar com as incertezas e com medo de perder dinheiro, muitos investidores correram para se desfazer dos seus investimentos, sejam eles títulos de crédito, ações ou qualquer outro ativo. Isso ocorre por diversos motivos, seja para cobrir posições, mudar a estratégia, aplicar em ativos como ouro ou apenas para garantir a liquidez.

Leia mais sobre: A importância de investir em ouro – como se proteger das crises internacionais?

Com esta grande movimentação do mercado, até mesmo os investimentos de renda fixa oscilaram e apresentaram retorno negativo. Isso ocorre porque em momentos de grandes incertezas como este que estamos vivendo, além da busca por segurança e liquidez, alguns investidores deixam a emoção falar mais alto e acabam caindo no efeito manada, que é quando as pessoas realizam alguma ação principalmente porque outras pessoas estão fazendo, independente da sua vontade individual ou por causa da aversão ao risco e a intolerância à volatilidade do investidor. Esses fatores emocionais podem prejudicar a capacidade de decidir e acabam refletindo no bolso.

Mudança de cenário

Antes da crise, ações de quase todas as empresas que negociam na B3 vinham subindo e o Ibovespa refletia isso, chegando a quase 120 mil pontos.

A taxa Selic a patamares historicamente baixos, a 4,25% ao ano na época, impedia investidores brasileiros de serem remunerados do jeito que estavam acostumados. Com isso, muitas pessoas físicas se aventuraram a entrar no mercado de ações.

Foi uma fase ótima, muitos se divertiam com a situação e ganhavam autoconfiança. De um modo geral, o momento estava muito propício para o crescimento do Brasil. 

Porém, com essas movimentações por causa do COVID-19, o cenário mudou completamente. Investidores começaram a vender  suas ações e títulos de crédito para ter liquidez ou para correr para portos seguros, como dólar ou ouro, ou eventualmente comprar títulos do governo brasileiro, pois não querem mais emprestar seu dinheiro para as empresas, nem ter suas ações. 

E quanto mais se vende, mais o mercado cai. E isso foi um fenômeno mundial, pois o COVID-19 bloqueou atividades do mundo inteiro, mudando o cenário macroeconômico dos países. 

Por exemplo, empresas de aviação, de turismo, empresas de varejo que só possuem lojas físicas e que não vendem online, estão sendo muito prejudicadas nesse momento.

Já outras empresas, como e-commerces, indústrias farmacêuticas, laboratórios médicos e empresas relacionadas a saúde em geral, devem sair fortalecidas. 

Carteira de investimentos

Como o cenário mudou drasticamente, é necessário rever o portfólio da sua carteira de investimentos neste momento. Aquilo que funcionava antes, pode não funcionar mais, mas isso não quer dizer que não existam outras boas oportunidades. 

Para quem tem o perfil conservador, os títulos de crédito começaram a ficar muito interessantes, pois fazia tempo que não encontrávamos taxas tão altas, provocadas pelo momento de risco. Mas isso deve se acomodar em breve, por causa das medidas que o governo federal pretende aprovar nos próximos dias.

E aí vão se acomodar os preços, porque onde teve aumento de risco, a empresa terá que pagar mais para se financiar. Onde não teve tanto aumento de risco, ou ao contrário, que a empresa foi beneficiada com a situação, vai ter uma acomodação dos valores, ou seja, eles vão chegar a patamares normais. De qualquer forma, surgirão várias oportunidades. 

Cuidado com o apego

Várias oportunidades surgem e há muitas inconsistências em momentos de incertezas. Porém, é comum ver o investidor agarrado em suas posições, principalmente se ela se depreciou muito, não quer se desfazer de nada, na esperança de recuperar o que perdeu. Porém, é hora sim de rever sua carteira toda. 

Tem várias estratégias que podem ajudar. Um delas é pegar o valor atual de sua carteira e pensar que se tivesse todos os valores em dinheiro, que carteira montaria. 

Pode também manter os percentuais por classe de ativos (ex: 40% em renda fixa, 30% em multimercados e 30% em ações), fazendo trocas dentro dessas “caixinhas”. Realocando seus ativos, você pode recuperar as perdas e voltar a performar positivamente mais rápido. 

Perfil de investidor

Agora, mais do que nunca, é momento de respeitar o seu perfil de investidor. Geralmente são em momentos de crise que conseguimos entender se o nosso perfil é realmente arrojado ou agressivo em todas as situações, ou somente em momentos de tendência clara de alta.

Se você está tranquilo porque sabe que perdas de curto prazo podem acontecer para se obter retornos consistentes no longo prazo, manter o risco de sua carteira ou até aumentá-los faz sentido. Leia mais sobre investimentos de longo prazo aqui

Mas se você está sofrendo com essa volatilidade toda, essa é a hora de rever e entender qual o seu perfil de investidor de fato. Para isso, faça a sua BIO financeira e veja as estratégias de investimentos mais adequadas ao seu perfil.

Oportunidades

Boas oportunidades também estão surgindo em fundos multimercados

O Brasil tem excelentes gestores que operam em ouro, cesta de moedas, renda fixa, estratégias diversas com ações no Brasil e no exterior, estudam cenários macroeconômicos em momentos como esses de grande instabilidade, vislumbram várias oportunidades e podem capturá-las, fazendo bons negócios e rentabilizando seus fundos.

Além disso, tem os fundos multimercados, que são aqueles que têm um mandato para operar em vários setores. Os fundos multimercados macro são aqueles que olham o cenário macroeconômico e agora estão podendo aproveitar a situação. Antes eles não tinham grandes oportunidades, mas agora com essas discrepâncias que acontecem por causa do pânico e das incertezas, surgem muitas oportunidades. 

Por isso, reforçamos a importância de você rever a sua carteira e mexer no seu portfólio, respeitando sempre o seu perfil de risco. Aproveite as oportunidades e não fique apegado a sua carteira de investimentos, pois você pode tomar um prejuízo enorme. 

Ajuda de um profissional

Mais do que nunca, é o momento de procurar auxílio de gestores profissionais, consultores CVM ou CFPs. Eles irão te ajudar a rever os seus ativos e pensar em estratégias de acordo com o seu perfil de risco e objetivos financeiros, além de te ajudar a tomar as melhores decisões.

Conclusão

Em momentos de crise como o que estamos vivendo, é muito comum percebermos que não temos o perfil dos investimentos que achávamos que tínhamos. Muitas vezes, não aguentamos as quedas nos rendimentos e acabamos sofrendo pelas perdas. 

Ter uma carteira de investimentos de acordo com o perfil e objetivos financeiros é fundamental para passar por momentos de crise com tranquilidade. Por isso, se você percebeu que sua carteira não está adequada, busque auxílio de profissionais qualificados e reveja seus investimentos.

O cenário mudou e o potencial de recuperação da sua carteira pode ter mudado também. Por isso, não fique apegado aos seus investimentos e aproveite as oportunidades para recuperar as perdas mais rápido e não tomar grandes prejuízos.

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