Plano de previdência privada não é a solução para sua aposentadoria. O que fazer?

  • 16/12/2016
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plano de previdencia privada

Após serem anunciadas propostas para mudanças na Previdência Social (INSS) pelo Governo Federal, muita gente correu para fazer uma plano de previdência privada pensando em garantir uma boa aposentadoria. Mas, será que essa é a melhor escolha?

Neste artigo você vai ver porque um plano de previdência privada não é a solução para a sua aposentadoria, e quais são as melhores opções para você garantir um futuro tranquilo.

Por que um plano de previdência privada não é a solução?

Altas taxas

Todos os investimentos possuem taxas, e nas previdências privadas isso não é diferente. O problema não está na cobrança das taxas, mas sim no abuso delas. Na previdência privada, existem duas taxas que podem comprometer seu investimento: a taxa de carregamento (pode ser cobrada na hora dos aportes e resgate), e a taxa de administração.

A taxa de carregamento é um percentual cobrado pelo banco que varia de plano para plano. Normalmente é determinado conforme o valor inicial investido: quanto maior o valor, menor a taxa de carregamento. Porém, há casos em que a taxa de carregamento pode chegar a 5%, um percentual altíssimo que corrói boa parte da sua rentabilidade.

Já a taxa de administração é destinada a cobrir as despesas de administração e corretagem do fundo onde será aplicado seu dinheiro. Essa taxa gira em torno de 3% ao ano, o que dilui mais um pouco do seu investimento.

Conflitos de interesses

Infelizmente ainda é muito comum as instituições financeiras trabalharem em benefício próprio, vendendo produtos como as previdências privadas para bater metas, sem considerar as reais necessidades dos seus clientes.

E é aí que mora o perigo!

A maioria das previdências privadas são vendidas totalmente desalinhadas ao momento de vida e perfil de quem está investindo. Isso faz com que as pessoas tomem um susto na hora de resgatar ou transformar em renda o dinheiro que acumularam durante toda a vida, ao perceberem que o dinheiro rendeu muito menos do que elas esperavam.

Simulações irreais: taxa real x taxa nominal

Na hora de simular e projetar a rentabilidade e a estimativa de quanto você irá acumular ao longo dos anos com a previdência privada, praticamente todas as instituições financeiras utilizam uma taxa nominal para calcular os rendimentos.

O problema é que essa taxa é ilusória, pois ela não considera os efeitos da inflação ao longo do tempo, podendo resultar em simulações com valores superestimados. Esses valores elevados nas simulações são um ótimo argumento de venda, mas não refletem a realidade em termos de poder de compra.

Já a taxa real é o percentual que o investimento irá render acima da inflação, esteja ela alta ou não. Por isso, é a taxa mais adequada para saber realmente quanto você terá no futuro e quanto valerá esse dinheiro daqui 20 ou 30 anos.
Como investimentos em previdência são de longo prazo, qualquer superestimação na taxa de juros gera um impacto enorme no valor a ser acumulado no futuro.

Plano desalinhado ao perfil do cliente

Ainda acontecem muitas confusões na hora de definir qual o plano adequado para cada pessoa e muitos planos de previdência privada são vendidos sem levar em conta o perfil do investidor.

Veja alguns exemplos de plano de previdência privada desalinhado ao perfil:

  1. Fazer um PGBL para quem não tem perfil para usar o benefício fiscal. Como já falamos em outro artigo, o PGBL oferece um benefício fiscal de redução de até 12% da renda tributável. Embora essa vantagem não faça sentido para todos os investidores, os grandes bancos não costumam sondar o contexto e as necessidades dos seus clientes para saber exatamente qual plano seria mais adequado;
  2. Escolha equivocada da melhor tabela de Imposto de Renda. Os planos de previdência privada disponibilizam a opção de escolha entre as tabelas regressiva e progressiva. Isso impacta na forma que o IR é cobrado do cliente. Veja exemplos de como esse equívoco ocorre na prática:
    • tabela progressiva: se o cliente tem renda acima do teto da tabela progressiva – R$ 4.664 em 2016 –, ou expectativa de ter renda neste patamar até a data de resgate do plano, ele pagará a alíquota mais alta de IR: 27,5%;
  3. Carteira do fundo por trás do plano de previdência em desacordo com o perfil de risco do investidor e também com os seus objetivos. Ex.: fazer uma previdência privada que aplica buscando seguir o CDI pode ser conservador demais para um jovem; ou se o fundo de investimento por trás do plano for um fundo de ações, por exemplo, pode ser arriscado demais para alguém que já está perto da aposentadoria.
  4. Fazer um plano para cada membro da família. Se fosse feito um plano único, normalmente seria possível obter custos menores com o plano (taxa de administração e carregamento), devido ao valor dos aportes ser maior. Mas ao pulverizar os planos acaba-se contratando diversos planos ruins, que se tornam caros.
  5. Fazer uma previdência privada para quem já está aposentado. Conceitualmente a previdência privada faz parte de um planejamento para a aposentadoria. Então, a indagação que fica é “por que indicar plano de previdência para um aposentado?”. Infelizmente isso ocorre muito na prática. Uma possível resposta para essa pergunta seria de utilizar o plano de previdência como parte de um planejamento sucessório, pois os valores aplicados em PGBL e VGBL não vão para inventário e é possível predefinir um beneficiário. Porém, infelizmente na prática esse nível de detalhamento muitos vezes não é abordado com o cliente, que acaba sendo enganado pelos conflitos de interesse das instituições financeiras.

Péssimos fundos de investimentos

Poucas pessoas se atentam para este detalhe, mas planos de previdência sempre têm um fundo de investimento por trás. Na prática, nos planos de previdência privada dos grandes bancos, muitos desses fundos de investimentos são ruins em termos de rentabilidade. Isto ocorre em parte pela própria alta taxa de administração, que já é descontada diretamente da rentabilidade, e em parte pela própria gestão do fundo.

É possível investir em fundos de investimentos de gestoras independentes, por exemplo, pagando taxas muitos menores e usufruindo de uma ótima gestão dos investimentos.

3 falácias sobre previdência privada que fazem você acreditar

Separamos alguns dos argumentos mais utilizados nas vendas de planos de previdência e mostramos porque eles podem enganar você.

Benefício fiscal do PGBL vale a pena

Nem sempre! O benefício fiscal de 12% que os planos de previdência PGBL oferecem nem sempre são a melhor opção para quem tem renda tributável. É preciso considerar que cada pessoa possui uma situação fiscal diferente e por isso o benefício fiscal do PGBL deve ser estudado com cautela.

Em primeiro lugar, o PGBL só faz sentido se utilizado por quem faz a declaração de IR pelo modo completo. Mas, a declaração de IR no modo simplificado já garante 20% de desconto na renda tributável. Por isso, em uma rápida análise, é melhor declarar pelo modo simplificado e não utilizar o benefício fiscal do PGBL para quem não tem muitas despesas dedutíveis na declaração de IR. Uma boa forma de descobrir qual a melhor declaração de IR é utilizando o próprio sistema da Receita Federal.

Mas, voltamos a dizer, cada caso é um caso e deve ser estudado com cuidado. O que queremos alertar aqui, é que nem sempre utilizar o benefício fiscal do PGBL vai ser a melhor opção.

A alíquota de IR é de apenas 10%

O conceito da previdência privada envolve investimentos de longo prazo, com foco na aposentadoria. Para esses casos, a melhor opção de tabela de imposto de renda é a tabela regressiva, pois a alíquota do imposto cai para 10% conforme o tempo em que os recursos permanecem aplicados no plano.

Porém, um equívoco muito comum na prática é fazer um plano de previdência para quem vai precisar do dinheiro nos anos iniciais da aplicação. Nesse caso a alíquota de IR é muito elevada, como 35% ou 30%.

Ao investir em outros investimentos em geral (como fundos de investimentos e CDB’s), o investidor precisa esperar 2 anos para cair na alíquota de 15% de IR. Mas em um plano de previdência privada pela tabela regressiva é preciso esperar 8 anos para chegar nessa mesma alíquota!

São investimentos cômodos e seguros

Muita gente investe em previdência pensando em comodidade e segurança. Comodidade pelo fato de que você pode colocar seus depósitos em débito automático todo mês e “esquecer” do investimento. E segurança pela própria instituição financeira. Sim, as pessoas ainda confiam muito nos bancos.

O problema é que essa “comodidade” acaba engessando o investidor que poderia estar colocando o seu dinheiro em outros investimentos mais rentáveis e mais seguros, como é o caso do Tesouro Direto.

Você precisa de vários planos de previdência privada para sua família

Que maldade com o seu dinheiro! Como os bancos exigem metas dos seus gerentes, muitas vezes eles oferecem mais de um plano de previdência, mesmo quando o cliente já possui um. Acabam convencendo os clientes que o ideal é um plano para cada membro da família, um para cada cônjuge, um para cada filho, etc.

Fazendo isso, você pulveriza o seu investimento, e acaba pagando altas taxas, em diversos investimentos menores, ao invés de concentrar todo o valor em um único plano maior e aproveitar as taxas menores dessa situação.

Se você está preocupado com o futuro dos seus filhos, não faça uma previdência privada para cada um deles. Como falamos, ao ter várias previdências os custos aumentam e seus rendimentos são diluídos. Por isso, a melhor forma de garantir o futuro dos seus filhos é investindo em você mesmo, e lá na frente se desejar faça uma doação para eles.

Então, o que fazer para ter uma boa aposentadoria?

Veja algumas dicas para se libertar da prisão financeira e ter uma aposentadoria tranquila:

Educação financeira

O primeiro passo para ter uma boa aposentadoria, e mais do que isso, ter uma boa relação com as finanças em geral, é educar-se financeiramente. É fundamental saber o verdadeiro valor do dinheiro para tomar as decisões certas durante a vida. E isso só é possível com dedicação e estudo.

Entender como funciona o mundo das finanças, saber relacionar receitas e despesas, conhecer a mágica dos juros compostos, a psicologia do consumo, entre tantos outros fatores que envolvem dinheiro é a melhor forma de empoderar-se financeiramente e ter total controle do seu dinheiro, de forma que ninguém irá passar você para trás com falsas promessas ou investimentos ruins.

Construir uma boa carteira de investimentos

O segundo passo para não precisar depender da previdência privada e conseguir alcançar os sonhados objetivos é constituir uma carteira de investimentos alinhada aos seus objetivos e ao seu momento de vida.

Para ter uma boa aposentadoria é fundamental se preocupar o quanto antes, deixar a preguiça de lado e sair das aplicações tradicionalmente oferecidas pelos grandes bancos. Lembre-se que o preguiçoso acaba pagando mais caro!

Porém, se você está começando a investir agora, lembre-se que primeiro é preciso construir uma reserva de segurança, e depois montar sua carteira de investimentos de forma alinhada aos seus objetivos de curto, médio e longo prazo.

No nosso artigo “Qual o melhor investimento para cada objetivo financeiro?” separamos algumas dicas dos principais tipos de investimentos para objetivos de curto, médio e longo prazo. Em termos gerais, os mais indicados são títulos públicos, fundos de investimentos de gestoras independentes, CDB’s, LCA’s e LCI’s de bancos médios.

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Considerações

A decisão de poupar, investir e se preocupar com o futuro é excelente e fundamental para ter uma boa aposentadoria, mas isso não basta. É preciso dar duro e buscar se empoderar financeiramente. Conhecer onde você está aplicando seu dinheiro, como funcionam os investimentos e ter controle sobre o seu dinheiro é imprescindível.

Além disso, sair da zona de conforto dos investimentos engessados, como as previdências privadas, e montar uma carteira de investimentos a longo prazo pode ser assustador, mas é a melhor forma de garantir um futuro confortável.

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