O spread bancário é a diferença entre a taxa que as instituições financeiras captam dinheiro e a taxa que elas cobram ao emprestar dinheiro.
Em resumo, ele tem a função de remunerar o banco pelo risco de crédito que ele está tomando ao emprestar o dinheiro.
Entenda neste artigo o que é o spread bancário e qual a sua composição.
O spread bancário é a diferença entre a taxa média cobrada nos empréstimos e financiamentos e a taxa de captação dos recursos cobrados pelas instituições.
Geralmente, utiliza-se o CDI como referência e os bancos tentam captar recursos a um valor inferior e emprestar a um valor muito superior ao índice.
Ao depositar o seu dinheiro na poupança de um banco ou ao investir em um CDB, por exemplo, você está efetivamente emprestando dinheiro ao banco.
O banco, por sua vez, vai usar parte desse dinheiro que você depositou para realizar empréstimos. A taxa média que o banco paga para a sua poupança ou os seus CDBs sempre será menor que a taxa que ele cobra nos seus empréstimos. A diferença entre essas taxas é o spread bancário.
Por exemplo: você aplica R$1.000 na poupança e recebe um rendimento de 3% ao ano. Já para o banco fazer um empréstimo de R$1.000 para você, ele cobrará uma taxa de 20% ao ano.
Neste caso, o spread bancário é de 17% (20% – 3%), ou seja, a diferença de taxas que os bancos pagam quando você empresta seu dinheiro e investe em algum produto e os juros cobrados ao solicitar um empréstimo ou financiamento.
A lógica do spread bancário é remunerar o banco pelo risco de crédito que ele está tomando ao emprestar o dinheiro. Essa remuneração deve ser superior ao valor captado – somado à inadimplência, impostos e outros custos – gerando assim, algum lucro ao banco. Caso contrário, não valeria a pena emprestar o dinheiro.
O spread bancário é composto por diversos custos que os bancos possuem.
Ao emprestar o dinheiro captado, o banco precisa pagar os custos da execução do empréstimo e também obter lucro. Os custos bancários são:
É importante destacar que o custo de captação do banco não entra na composição do spread justamente porque ele é descontado no cálculo.
Apesar disso, na hipótese de diminuição do custo de captação do banco (como na queda da Selic, por exemplo), a taxa média do empréstimo e o spread bancário tendem a cair.
O Banco Central costuma apresentar a decomposição do custo do crédito no Brasil por meio do Indicador de Custo do Crédito (ICC). O ICC estima o custo médio de todas as operações de crédito vigentes em um dado momento, independentemente da data de contratação do crédito.
No mesmo relatório, é apresentada a decomposição do spread, que é a diferença do indicador do custo de crédito e do custo de captação.
Essa decomposição permite identificar os fatores que determinam o custo do crédito para os tomadores, excluindo os efeitos das condições de mercado relacionadas ao custo de captação de recursos, como o nível da taxa Selic, por exemplo.
Veja na tabela abaixo a decomposição do spread do ICC, com dados do último relatório divulgado pelo Banco Central, em 2019.
Decomposição do spread do ICC – %
Discriminação | 2017 | 2018 | 2019 | Média |
---|---|---|---|---|
Inadimplência | 39,23 | 33,82 | 30,98 | 34,68 |
Despesas administrativas | 27,59 | 28,07 | 27,81 | 27,82 |
Tributos e FGC | 18,02 | 20,31 | 19,67 | 19,33 |
Margem financeira do ICC | 15,15 | 17,80 | 21,53 | 18,16 |
Spread do ICC (1 + 2 + 3 + 4) | 100,00 | 100,00 | 100,00 | 100,00 |
Perceba que, considerando os valores médios entre 2017 e 2019, o componente “Inadimplência” respondeu por 34,7% do spread do ICC, seguido por “Despesas administrativas” (27,8%), “Tributos e FGC” (19,3%) e, logo após, “Margem financeira do ICC” (18,2%).
Os sistemas bancários e financeiros do mundo são bastante semelhantes e os bancos do mundo todo praticam o spread bancário.
Os termos e condições associados ao spread bancário diferem em cada país, o que limita a comparação, mas o spread dos bancos brasileiros é bastante alto, sendo bastante superior à média mundial.
O spread bancário é a diferença simples entre a taxa média de captação de recursos em um ano e a taxa média de empréstimo e financiamentos no mesmo ano.
Ele é composto por uma série de custos que os bancos possuem e a ideia do spread bancário é remunerar o banco pelo risco de crédito que está tomando ao emprestar o dinheiro.
Todos os bancos do mundo praticam o spread bancário, mas o spread do Brasil é bastante alto, ficando muito acima da média mundial.
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