O que é spread bancário?

  • 25/05/2021
Página inicial - Vida financeira - O que é spread bancário?

O spread bancário é a diferença entre a taxa que as instituições financeiras captam dinheiro e a taxa que elas cobram ao emprestar dinheiro.

Em resumo, ele tem a função de remunerar o banco pelo risco de crédito que ele está tomando ao emprestar o dinheiro.

Entenda neste artigo o que é o spread bancário e qual a sua composição.

O que é spread bancário?

O spread bancário é a diferença entre a taxa média cobrada nos empréstimos e financiamentos e a taxa de captação dos recursos cobrados pelas instituições.

Geralmente, utiliza-se o CDI como referência e os bancos tentam captar recursos a um valor inferior e emprestar a um valor muito superior ao índice.

Na prática

Ao depositar o seu dinheiro na poupança de um banco ou ao investir em um CDB, por exemplo, você está efetivamente emprestando dinheiro ao banco.

O banco, por sua vez, vai usar parte desse dinheiro que você depositou para realizar empréstimos. A taxa média que o banco paga para a sua poupança ou os seus CDBs sempre será menor que a taxa que ele cobra nos seus empréstimos. A diferença entre essas taxas é o spread bancário.

Por exemplo: você aplica R$1.000 na poupança e recebe um rendimento de 3% ao ano. Já para o banco fazer um empréstimo de R$1.000 para você, ele cobrará uma taxa de 20% ao ano.

Neste caso, o spread bancário é de 17% (20% – 3%), ou seja, a diferença de taxas que os bancos pagam quando você empresta seu dinheiro e investe em algum produto e os juros cobrados ao solicitar um empréstimo ou financiamento.

Qual a lógica do spread bancário?

A lógica do spread bancário é remunerar o banco pelo risco de crédito que ele está tomando ao emprestar o dinheiro. Essa remuneração deve ser superior ao valor captado – somado à inadimplência, impostos e outros custos – gerando assim, algum lucro ao banco. Caso contrário, não valeria a pena emprestar o dinheiro.

O que compõe spread bancário?

O spread bancário é composto por diversos custos que os bancos possuem.
Ao emprestar o dinheiro captado, o banco precisa pagar os custos da execução do empréstimo e também obter lucro. Os custos bancários são:

  • Impostos: os impostos diretos que os bancos precisam pagar ao realizar um empréstimo são a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) e o Imposto de Renda (IR).
  • Custo administrativo: quanto maior for o banco, menor tende a ser o custo administrativo.
  • Compulsórios: ao captar recursos, o Banco Central determina que parte do depósito seja mantido no próprio Banco Central, por meio de depósito compulsório.
  • FGC: Uma parte de cada recurso captado também deve ser direcionado ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que é uma garantia adicional para quem investe.
  • Encargos fiscais: são as cobranças financeiras realizadas por meio dos serviços oferecidos pela instituição financeira.
  • Inadimplência: os empréstimos realizados pelos bancos devem, no mínimo, cobrir a inadimplência e gerar algum lucro. De forma resumida, a inadimplência é o descumprimento de alguma obrigação financeira – como o não pagamento de uma fatura do cartão de crédito ou de uma parcela do empréstimo.
  • Lucros e outros: representa a margem líquida do banco, ou seja, o percentual do spread bancário que realmente fica com o banco e transforma-se em lucro para os seus acionistas. Nesse item, também são incluídos outros custos que não se encaixam em nenhuma das categorias acima.

É importante destacar que o custo de captação do banco não entra na composição do spread justamente porque ele é descontado no cálculo.

Apesar disso, na hipótese de diminuição do custo de captação do banco (como na queda da Selic, por exemplo), a taxa média do empréstimo e o spread bancário tendem a cair.

Como o spread bancário é calculado

O Banco Central costuma apresentar a decomposição do custo do crédito no Brasil por meio do Indicador de Custo do Crédito (ICC). O ICC estima o custo médio de todas as operações de crédito vigentes em um dado momento, independentemente da data de contratação do crédito.

No mesmo relatório, é apresentada a decomposição do spread, que é a diferença do indicador do custo de crédito e do custo de captação.

Essa decomposição permite identificar os fatores que determinam o custo do crédito para os tomadores, excluindo os efeitos das condições de mercado relacionadas ao custo de captação de recursos, como o nível da taxa Selic, por exemplo.

Veja na tabela abaixo a decomposição do spread do ICC, com dados do último relatório divulgado pelo Banco Central, em 2019.

Decomposição do spread do ICC – %

Discriminação201720182019Média
Inadimplência39,2333,8230,9834,68
Despesas administrativas27,5928,0727,8127,82
Tributos e FGC18,0220,3119,6719,33
Margem financeira do ICC15,1517,8021,5318,16
Spread do ICC (1 + 2 + 3 + 4) 100,00100,00100,00100,00

Perceba que, considerando os valores médios entre 2017 e 2019, o componente “Inadimplência” respondeu por 34,7% do spread do ICC, seguido por “Despesas administrativas” (27,8%), “Tributos e FGC” (19,3%) e, logo após, “Margem financeira do ICC” (18,2%).

Spread bancário no mundo

Os sistemas bancários e financeiros do mundo são bastante semelhantes e os bancos do mundo todo praticam o spread bancário.

Os termos e condições associados ao spread bancário diferem em cada país, o que limita a comparação, mas o spread dos bancos brasileiros é bastante alto, sendo bastante superior à média mundial.

Conclusão

O spread bancário é a diferença simples entre a taxa média de captação de recursos em um ano e a taxa média de empréstimo e financiamentos no mesmo ano.

Ele é composto por uma série de custos que os bancos possuem e a ideia do spread bancário é remunerar o banco pelo risco de crédito que está tomando ao emprestar o dinheiro.

Todos os bancos do mundo praticam o spread bancário, mas o spread do Brasil é bastante alto, ficando muito acima da média mundial.

Nossos artigos