Não caia em armadilhas financeiras que fazem você perder dinheiro

  • 22/08/2017
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armadilhas financeiras que fazem você perder dinheiro

Um dos objetivos dos investimentos financeiros é que os retornos atinjam as expectativas do investidor. A ideia é, acima de tudo, não perder dinheiro. Alguns investimentos oferecem comodidades, afirmam ser completamente seguros e até prometem retornos estratosféricos em pouco tempo. Na tática de quem está oferecendo esses serviços, vale de tudo para instigar e atrair as pessoas mais desavisadas.

Entre estes serviços estão as bitcoins, os títulos de capitalização e os aplicativos de pirâmide. O primeiro tipo, além de ser muito prematuro, não traz segurança nas negociações. O segundo nem pode ser considerado um tipo de investimento propriamente dito. Já o terceiro pode conferir grande perigo numa bola de neve que não para de crescer

Neste artigo você vai conferir alguns cuidados que deve ter ao considerar aplicar seu dinheiro em qualquer um deles. Serve para você ficar alerta para não cair em armadilhas diante do impulso de querer lucrar facilmente sem prestar atenção nos riscos que pode estar correndo.

Bitcoins

Futuro parece promissor, mas ainda é bastante imprevisível

  • O que é?

As bitcoins são moedas digitais que funcionam como dinheiro em transações financeiras entre pessoas ou empresas no ambiente virtual. Mas diferentemente das tradicionais transações financeiras, que são intermediadas por bancos vinculados ao governo, as criptomoedas são independentes de regulamentação. Ou seja, são compradas ou vendidas livremente pela internet, sem controle específico e sem imposição de taxas de gestão.

As criptomoedas são o tipo de investimento que mais tem se valorizado. Para se ter uma ideia, uma Bitcoin vale, atualmente, cerca de R$ 14 mil, um recorde nos últimos anos. Essa valorização, que tem crescido exponencialmente, se dá justamente pela procura crescente deste tipo de transação, incentivada pela facilidade de negociação entre os usuários sem a interferência de instituições ou mecanismos externos.

  • Alertas

Mas não se deixe levar por estas facilidades. É justamente por não ter uma regulamentação própria que brechas se abrem para perigos para quem quer investir em criptomoedas. O usuário deve estar ciente de que, se decidir investir nelas, não estará protegido por uma legislação que garanta sua segurança contra fraudes e golpes.

É importante ter em mente que o mercado de bitcoins ainda é bastante prematuro. Como não há entidades financeiras envolvidas nas transações, não é possível garantir que o valor da criptomoeda naquele momento seja sustentada. Assim, não é possível prever seu valor no futuro, ficando o investidor sempre refém da volatilidade dos ativos diante da demanda do mercado pela moeda digital.

Ainda assim, se o investidor realmente quiser colocar dinheiro nas moedas digitais, que faça isso em quantidades bem pequenas do seu orçamento. A ideia é não alocar grande parte dele neste investimento justamente por não saber o que vai acontecer mais para frente. Com um pequeno valor investido, tanto os ganhos quanto as perdas serão também pequenas, preservando a maior parte do patrimônio em segurança.

Fora isso, quando for acessar os “exchanges”, sites de compra e venda de criptomoedas, é importante estar atento às páginas suspeitas na internet, dando preferência para aquelas que usam protocolo criptografado HTTPS de segurança. Também é válido criar senhas que misturam letras, números e símbolos e, se possível, reforçar a segurança com autenticação dupla de códigos durante todo o processo.

Títulos de capitalização

A definição de arapuca financeira: fuja deles a todo custo

  • O que é?

Antes de mais nada, título de capitalização não é um tipo de investimento propriamente dito. Ele nada mais é do que um título de crédito em que a pessoa guarda dinheiro no banco por um tempo determinado e, nesse meio termo, tem direito a participar de sorteios mensais concorrendo a prêmios. No fim deste prazo, é possível resgatar parte ou a totalidade do dinheiro guardado.

Num primeiro momento, os títulos de capitalização podem parecer uma ótima opção para ajudar as pessoas a criarem o hábito de poupar dinheiro. E, ainda por cima, com chances de ganhar prêmios, normalmente uma bolada expressiva de dinheiro extra na própria conta, enquanto o dinheiro fica guardado. É uma forma de ir juntando renda aos poucos enquanto se programa para investir em algo mais relevante.

  • Alertas

Só que os títulos de capitalização não são, nem de longe, indicados para quem quer poupar dinheiro e muito menos para ganhar prêmios. Primeiro porque o valor necessário para custear esses prêmios consome até um quinto do valor aplicado no título pela pessoa.

Sobre o restante desse valor também atua uma taxa de administração, estipulada pelo banco, que costuma ser bastante alta. E o que sobra mesmo na “conta” da pessoa é ainda corrigida pela Taxa Referencial (TR), que faz os ganhos serem menores que os da própria poupança, que rende ainda menos que a inflação.

Com isso, quem não for sorteado durante a vigência do título de capitalização, algo que precisa de muita sorte, como acontece em uma loteria, tira proventos baixíssimos dos benefícios prometidos pela instituição financeira. Ou seja, seu dinheiro não terá o mesmo poder de compra que você tem hoje lá no momento do resgate.

Além disso, é importante considerar a liquidez de um título de capitalização. Muitos tipos oferecidos pelos bancos têm carência de 12 meses. Durante este período, qualquer resgate antes do término do prazo resulta em perdas agressivas, estimuladas por multas que podem chegar a 20% do capital inicial investido.

Em outras palavras, você simplesmente dá ao banco parte do seu dinheiro que foi guardado com tanto suor. E, neste caso, não há forma de reavê-lo, obrigando você a assumir a perda.

Apps de pirâmide

Armadilhas disfarçadas para fazer você se tornar um eterno refém

  • O que é?

Os aplicativos (apps) dominaram o mundo digital. Com a popularização dos dispositivos móveis, ficou muito fácil para qualquer pessoa ou empresa se lançar no mercado criando oportunidades para o seu negócio, oferecendo seus serviços e produtos. Tudo acontece pela internet e as transações estão ao alcance de um clique.

Existem apps de todos os tipos: entretenimento, redes sociais, educação, gastronomia, literatura, finanças, entre muitos outros. E quanto mais diversificados forem os aplicativos que atendem a uma demanda variada de gostos das pessoas, maiores as chances de surgirem aqueles que querem se aproveitar destas facilidades e fazê-las perder dinheiro. E aqui aparecem as pirâmides financeiras.

  • Alertas

Pirâmide financeira é um modelo comercial que promete dinheiro fácil em pouco tempo e com o mínimo de esforço possível. Na prática, funciona assim: as pessoas começam investindo uma certa quantia de dinheiro para serem contratarem o negócio do criador do serviço.

Depois, elas precisam recrutar dependentes, que também precisam pagar uma quantia inicial para fazer parte do grupo e começarem a gerar lucro para eles mesmos, seu recrutador e o golpista inicial. É algo como uma bola de neve de vários níveis que vai crescendo exponencialmente, acumulando interesseiros e vítimos pelo caminho.

Para ter uma ideia do perigo, um caso recente de pirâmide financeira envolvendo aplicativos aconteceu na Bahia. Conforme mostra uma reportagem do Fantástico, da Rede Globo, os apps D9 Club e TIPS Clube prometiam repasses de até 30% ao mês com apostas em campeonatos esportivos, fora as porcentagens obtidas com novas pessoas recrutadas para o esquema.

Mas além de não receberem a quantia negociada com os golpistas, as vítimas também foram impossibilitadas de sacar os valores que aparentemente estavam acumulando nas suas contas. Tudo não passava de números fictícios. Dessa forma, apenas os criadores do golpe e os seus líderes de recrutamento, ou seja, as pessoas que estavam nas camadas mais altas da pirâmide, é que realmente recebiam o dinheiro de todo o restante de pessoas envolvidas.

O caso segue na justiça e pessoas de pelo menos oito estados do Brasil foram enganadas na pirâmide. Elas aplicaram quantias altíssimas de dinheiro e podem, inclusive, jamais recuperar esses valores. Com alguma sorte, conseguirão uma parte de volta através de indenizações. Mas isso deve levar um tempo considerável para ser julgado e decidido.

Conclusão

Não existe problema algum em aplicar dinheiro e querer que ele renda de acordo com as expectativas do investidor. Mas é preciso estar ciente de que agir impulsivamente na busca pelo lucro fácil pode criar brechas para cair em fraudes cada vez mais complexas e oportunistas. É preciso ter cuidado, pesquisar os modelos mais seguros e conhecer exatamente onde está se investindo para não perder dinheiro.

As Bitcoins se apresentam como um novo modelo promissor de negócio e que ainda irá amadurecer muito nos próximos anos. Mas, por enquanto, a falta de uma regulamentação própria e as incertezas da valorização das criptomoedas para o futuro não garantem qualquer segurança tanto no tipo de investimento quanto no retorno pretendido.

Algo mais crítico acontece com os títulos de capitalização. Eles simplesmente não passam de créditos repassados aos bancos, que detêm o controle sobre os rendimentos baixíssimos. O investidor ainda fica refém de um período de carência de resgate e cria esperanças de que poderá ser sorteado em uma loteria de prêmios. Prêmios estes que são custeados com a própria aplicação inicial do investidor e podem nunca chegar.

Por fim, as pirâmides financeiras representam perigos de todos os lados. Nos aplicativos, elas estão disfarçadas de negócios supostamente lucrativos a todos os envolvidos, mas que geram ganhos apenas aos criadores e líderes dos golpes. São um tipo de crime em que as pessoas se sujeitam a fazer uma aplicação para poder participar e as escraviza para conseguir cada vez mais dependentes, numa cascata de prejuízos em grande escala.

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