Raio X do Investidor Brasileiro 2019 – ANBIMA

  • 04/08/2020
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Anualmente, a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), em parceria com a Datafolha, realiza uma pesquisa para conhecer os hábitos de poupança e de investimento da população brasileira. Essa é uma pesquisa bastante abrangente que analisa como o brasileiro lida com o dinheiro e o seu conhecimento sobre finanças e investimentos, buscando fazer um “Raio X do Investidor Brasileiro”.

A pesquisa foi realizada em novembro de 2019 e divulgada em julho de 2020 com 3.433 pessoas de 149 municípios, com 16 anos ou mais, das classes A, B e C, economicamente ativas (renda ou aposentadoria). Esse recorte equivale a 96,3 milhões de habitantes do Brasil, correspondente a 58% da população geral de 16 anos ou mais.

O objetivo da pesquisa é entender como as pessoas economizam dinheiro, investem e planejam a aposentadoria. Além disso, acompanha a evolução dos indicadores para entender se há correlação com o cenário econômico e político, como a redução das taxas de juros e a reforma da previdência. Em resumo, a pesquisa permite acompanhar o comportamento dos investidores e dos não investidores.

A pesquisa e a crise

Este é um tema bastante relevante para o momento atual, visto que estamos passando por uma crise sanitária e financeira de proporções globais. É bem provável que a crise deixará o mundo e os brasileiros mais pobres, por isso, assuntos sobre poupança e investimentos se tornam tão importantes.

Com a análise do comportamento financeiro dos brasileiros em 2019, será possível entender por que os impactos da crise causada pela Covid-19 serão mais sérios para uns do que para outros.

Em 2019, 62% da população brasileira não economizou um centavo, uma situação que deixa essas pessoas especialmente vulneráveis em tempos de crise como a atual, em que a falta de reserva financeira é, muitas vezes, combinada com a redução de renda ou de faturamento (no caso de empreendedores), ou até com a perda total de receita.

Dados de 2019

Os resultados de 2019 estão divididos da seguinte maneira:

  • Pessoas que tinham algum dinheiro aplicado em produtos financeiros em 2019 – o que significa que elas podem não ter investido em 2019, mas já tinham aplicações de períodos anteriores. Elas representaram 42% em 2018 e subiram para 44% em 2019.
  • Pessoas que investiram (pela primeira vez ou não) em aplicações financeiras em 2019. Ao todo, foram 10% contra 8% no ano anterior.
  • Pessoas que não guardam dinheiro ou que não utilizam produtos financeiros para guardar dinheiro que, somadas, totalizam 56% da amostra. Em 2018, elas representavam 58%.

Como o brasileiro lida com dinheiro

Quem economizou em 2019?
38% dos brasileiros conseguiram economizar algum valor em 2019.

O perfil de quem conseguiu economizar é predominantemente masculino (59%), jovem (48% têm entre 16 e 34 anos) e pertencente à classe C (54%).

Já entre os que não conseguiram economizar, o perfil é mais homogêneo: 50,5% são homens e 49,5%, mulheres. No total dos que não economizaram em 2019, 25% têm entre 45 e 59 anos e 22% entre 35 e 44 anos.

Entre os que conseguiram economizar em 2019*:

  • 47% – Evitou as compras desnecessárias
  • 35% – Guardou uma parte do salário todo mês / guardou sempre que sobrava
  • 34% – Controlou as despesas/ colocou os gastos no papel / fez as contas para não gastar mais
  • 34% – Diminui gastos / deixou de sair – ir a festas/viajar/beber/ fumar/usou menos o carro
  • 29% – Pesquisou preços para comprar coisas mais baratas
  • 23% – Não fez dívidas / Não entrou no rotativo / Não entrou no cheque especial / Não pegou dinheiro emprestado
  • 22% – Trabalhou mais / Fez bico / Freelance
  • 10% – Guardou o dinheiro extra que recebeu no trabalho 13º / Férias / Rescisão
  • 4% – Fez um produto bancário

*Base: entrevistados que conseguiram economizar dinheiro em 2019 (1.309 pessoas), 2018 (1.181 pessoas) e 2017 (1.119 pessoas)

O destino do dinheiro economizado

Entre os 38% dos brasileiros que economizaram em 2019, a maior parte (42% desse universo) aplicou o dinheiro em produtos financeiros, por exemplo, renda fixa, títulos públicos, poupança ou mercado de ações. Esse percentual está em linha com os patamares de 2017 e indica uma queda de seis pontos percentuais em relação a 2018 (48%).

Em segundo e em terceiro lugar, com apenas 8% e 7% aparecem a aquisição de bens móveis (como carros e motos) e imóveis (casas, lotes, terrenos), em percentuais praticamente estáveis em relação à pesquisa anterior.

Vale destacar que grande parte dos brasileiros (66%) que aplicaram seu dinheiro em produtos financeiros em 2019 incrementaram uma aplicação financeira que já possuíam em anos anteriores.

Onde o brasileiro investe seu dinheiro?

A poupança manteve a liderança como principal destino dos investimentos, mas vem perdendo participação: 84,2% dos investidores deixaram os recursos na caderneta em 2019, uma queda de mais de quatro pontos em relação aos 88% do ano anterior. Assim como ocorreu na última pesquisa, a segunda posição também se manteve com os fundos de investimento, na preferência de 6% dos investidores. Os demais produtos, como títulos privados (5%), planos de previdência (5%), títulos públicos (4%), moedas digitais (3%), aparecem logo em seguida.

O perfil de quem investe somente em poupança

  • 50% – são homens e 50% são mulheres
  • Renda familiar mensal média de R$ 4.400
  • 65% – são da classe C
  • 85% – trabalham e têm atividade remunerada
  • 35% – são assalariados com registro em carteira de trabalho
  • 12% – são freelancer
  • 15% – são aposentados
  • 48% – têm ensino médio
  • 29% – têm ensino superior

Perfil de quem investe em outros produtos financeiros

  • 63% – são homens
  • 60% – têm ensino superior e 36%, ensino médio
  • Renda familiar mensal média de R$ 9.400
  • 56% – são da classe B
  • Têm, em média, 41 anos
  • 85% – trabalham e têm atividade remunerada
  • 31% – são assalariados com registro em carteira de trabalho
  • 14% – são autônomos regulares
  • 10% – são funcionários públicos
  • 8% – são freelancer
  • 7% – são empresários

Nível de confiança nas aplicações financeiras

O investidor brasileiro se mostra cada vez mais confiante com a ideia de que as aplicações financeiras o ajudarão a conquistar seus objetivos. No total, 38% pensaram dessa forma em 2019, ante 35% em 2018.

As vantagens de investir

Quando perguntados sobre as vantagens de investir, as três principais respostas dos investidores foram:

  • 43% – Segurança financeira e possibilidade de juntar uma reserva financeira
  • 22% – O retorno financeiro que posso ter com a aplicação financeira
  • 7% – Poder retirar o dinheiro sem prejuízo em caso de necessidade

Principal vantagem de aplicar seu dinheiro em produtos

A segurança financeira e o retorno financeiro aparecem como as duas principais vantagens de investir em produtos financeiros:

  • 43% – Segurança financeira, possibilidade de conseguir juntar uma reserva financeira
  • 22% – O retorno financeiro que posso obter com a aplicação do meu dinheiro
  • 7% – Poder retirar o dinheiro sem prejuízo em caso de necessidade
  • 6% – Guardar/dinheiro / ficar guardado/em poupança
  • 2% – Economia/não gastar com coisas desnecessárias
  • 1% – Por ser mais seguro/ segurança/baixo risco (se não render, também não perde)
  • 6% – Não sabe
  • 7% – Nenhuma vantagem

As desvantagens de investir

Ao mesmo tempo que o retorno é uma das maiores vantagens vistas pelos investidores, ele é considerado desvantagem também. As três principais respostas para essa pergunta foram:

  • 34% – O baixo retorno obtido com a aplicação/juros baixos
  • 33% – Nenhuma desvantagem
  • 8% – Não sabem
  • 5% – Correr o risco de perder parte do investimento em virtude da movimentação da economia
  • 3% – Poder resgatar o dinheiro só depois de um longo período
  • 2% -Ter prejuízo se precisar resgatar o dinheiro antes do previsto
  • 1% – Não tem dinheiro em mãos quando precisar/ficar sem dinheiro/não poder aproveitar a vida/ter dinheiro para gastar por ter investido
  • 1% – A existência da taxa de administração cobrada pela instituição financeira

O que levam em consideração no momento de investir

Neste aspecto, o investidor apontou a segurança financeira como o que mais leva em conta antes de fazer uma aplicação:

Perfil do investidor brasileiro:

  • 53% são homens
  • Têm, em média, 43 anos
  • 51% são casados
  • 66% têm filhos
  • 57% pertencem à classe C
  • Renda familiar mensal média de R$ 5.600
  • 54% moram na região Sudeste e 17%, no Nordeste
  • 45% têm ensino médio e 36%, ensino superior
  • 85% trabalham e têm atividade remunerada
  • 34% são assalariados com registro em carteira de trabalho
  • 11% são freelancer
  • 10% são autônomos regulares
  • 10% são funcionários públicos
  • 15% são aposentados

O perfil do investidor digital

São aqueles que usam somente canais digitais.

  • 61% são homens
  • Têm, em média, 38 anos
  • 48% pertencem à classe B
  • Renda familiar média mensal de R$7.400
  • 52% têm ensino superior
  • 55% residem na região Sudeste
  • 91% trabalham e têm atividade remunerada
  • 38% são assalariados com registro em carteira de trabalho
  • 13% são autônomos regulares
  • 11% são funcionários públicos

O perfil do investidor “analógico”

São aqueles que investem somente pelo telefone ou presencialmente.

  • 52% são homens
  • Têm, em média, 47 anos
  • 65% pertencem à classe C
  • Renda familiar média mensal de R$ 4.400
  • 49% têm ensino médio
  • 53% residem na região Sudeste
  • 78% trabalham e têm atividade remunerada
  • 31% são assalariados com registro em carteira de trabalho
  • 12% são freelancer
  • 22% são aposentados

Conclusão

A pesquisa Raio X do investidor Brasileiro é realizada há três anos em parceria com o Datafolha. O objetivo principal do estudo é aprofundar o conhecimento sobre o comportamento e a motivação dos brasileiros quando os temas são a gestão do dinheiro, a poupança de recursos e os investimentos financeiros.

O estudo traça o perfil do investidor, identifica quais os produtos financeiros que ele mais utiliza, os principais destinos de suas aplicações e perspectiva de situação financeira para a aposentadoria, entre outras informações. Em 2019, a pesquisa apontou que os investidores brasileiros são, a maioria, do gênero masculino (53%) e tem em média 43 anos. São casados (51%), pertencente à classe C e têm renda familiar média mensal de R$ 5,6 mil.

Os dados completos do estudo e o relatório da pesquisa estão disponíveis na página especial do Raio X do Investidor Brasileiro – 3º edição, no site da Anbima.

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