Fundos de Pensão: como os gestores estão se posicionando com juros baixos?

  • 06/02/2020
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Fundos de Pensão: como os gestores estão se posicionando com juros baixos?

Os fundos de pensão são investidores institucionais de grande porte, cujo objetivo principal é o pagamento de um complemento de aposentadoria para os trabalhadores de alguma empresa específica.

Devido a essa função, os fundos de pensão geralmente são conservadores nos seus investimentos. Para cumprir com esse objetivo, os fundos possuem metas de rentabilidade que são indexadas a um índice de preços (como o IPCA ou o INPC e buscam um retorno real além da inflação.

Em média, a meta desses fundos de pensão tende a ser algo em torno de INPC + 5%, ou seja, um retorno de 5% acima da inflação. Historicamente, os títulos públicos federais atrelados à inflação, como por exemplo o Tesouro IPCA+, tinham retornos superiores as metas dos fundos de inflação. Durante muito tempo, até mesmo investir em algo com retorno de 100% do CDI trazia um retorno real de mais de 5% ao ano, como pode ser visto no gráfico abaixo:

Gráfico CDI x IPCA x retorno real

O cenário atual, no entanto, é bastante diferente, como pode ser visto na parte final do gráfico. Para obter um retorno real de algo em torno de 5%, se faz necessário correr mais risco nos investimentos. Entenda como os fundos de pensão estão se posicionando neste cenário de juros baixos.

Renda fixa

Historicamente, a renda fixa é o principal investimento dos fundos de pensão. Mesmo no cenário atual, com a necessidade de aumento dos riscos, isso não mudou. Parte relevante dos ativos de diversos fundos de pensão está alocado em Tesouro IPCA+ com marcação na curva. Esses ativos não possuem a volatilidade normal do Tesouro IPCA+ devido a esse tipo de marcação, contribuindo positivamente para o desempenho desses fundos. Além desses títulos públicos, a alocação em ativos de crédito privado de vencimento mais longo também tem aumentado. Apesar da grande representatividade na carteira dos fundos, esse é um segmento que está sendo reduzido ou diluído em grande parte dos fundos.

Renda variável

A renda variável tem sido o segmento com aumento mais significativo nos fundos de pensão. Devido ao perfil mais conservador dos fundos e ao fraco desempenho da renda variável entre 2013 e 2015, diversos fundos diminuíram significativamente ou zeraram a sua alocação em renda variável. Como as perspectivas desse segmento são bastante positivas, está havendo um movimento de aumento na maior parte dos fundos.

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Multimercados estruturados

De acordo com a resolução 4.661, que rege os investimentos dos fundos de pensão, eles podem alocar até 15% do seu patrimônio em fundos multimercado considerado estruturados, que podem se alavancar, operar vendido, entre outras restrições que se aplicam para as outras classes de ativos nas quais os fundos aplicam. Devido ao potencial de diversificação desses fundos e o desempenho interessante, alguns tem aumentado a sua alocação no segmento.

Investimentos no exterior

Esse é um segmento com uma representatividade baixíssima na carteira dos fundos de pensão, mas que tende a aumentar no curto prazo. Alguns fundos de pensão com gestão mais ativa estão começando a alocar ou aumentando a sua alocação atual em investimentos no exterior, seja em renda variável ou ainda em outros tipos de fundos. O potencial favorável de valorização e a diversificação que esse segmento traz ao risco dos fundos de pensão são os principais atrativos.

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Fundos imobiliários

Este também é um segmento com baixíssima representatividade no portfólio dos fundos de pensão, mas que tende a aumentar. Como a liquidez e o tamanho dos fundos é limitada, a alocação dos fundos de pensão deve aumentar gradualmente, mas a restrição a investimento direto em imóveis pelos fundos de pensão tem feito com que algumas fundações considerem esse tipo de ativo para as suas carteiras.

Fundos de participações

No passado recente, alguns fundos de pensão tiveram problemas com fundos de participações, causando perda de patrimônio e muitas vezes disputas judiciais devido a investimentos no segmento. Por causa disso, esse é um segmento com poucas perspectivas de aumento de alocação no futuro recente, sendo observada apenas pontualmente em alguns fundos de pensão.

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Conclusão

A diminuição do retorno real dos títulos públicos federais tem feito com que os fundos de pensão aumentem a sua alocação em ativos de maior risco. A renda fixa ainda é a principal alocação, mas o segmento tem diminuído. A renda variável é o principal destino, porém, fundos multimercado estruturado e fundos no exterior também vem ganhando espaço.

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