Percepção de ganho

  • 25/09/2019
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Percepção de ganho

Pergunta rápida: foi melhor ter um retorno nominal de 15% ao ano em 2015 ou de 10% ao ano em 2018? Nominalmente, 15% é mais atraente que 10%, mas quando existe inflação, é preciso analisar o ganho real (ou seja, ganho acima da inflação) nos investimentos.

Rentabilidade real e nominal

Para fazer a escolha correta entre as opções acima você deve entender o que significa uma rentabilidade real e nominal.

Veja a tabela abaixo com a comparação entre os dois casos acima:

Ano Rentabilidade nominal Inflação Rentabilidade real
2015 15% 10,67% 3,91%
2018 10% 3,75% 6,02%

A chave para entender a diferença entre as rentabilidades está na inflação.

A inflação é o aumento dos preços ao longo do tempo, ou seja, mede a variação do preço dos produtos em geral em um período de tempo.

Quando você investe, deseja que o poder de compra no futuro seja superior ao atual, ou seja, você deseja que o seu investimento tenha um rendimento superior ao da inflação.

Essa rentabilidade acima da inflação chama-se rentabilidade real, que é quanto realmente você tem de rendimento.

Exemplo prático:

  • Rendimento nominal: se você tivesse investido R$100,00 em jan/15 a uma taxa de 15% no ano, você teria na sua conta de investimentos R$115,00 em dez/15.
  • Efeito da inflação: se a inflação em 2015 foi de 10,67%, o que você comprava com R$100,00 em jan/15, custará R$110,67 em dez/15.
  • Ou seja, seu ganho real dos R$ 100,00 investidos foi de R$115,00 – R$110,67 = R$4,33 no ano.

Observação: este exemplo é uma forma de simplificar o entendimento de taxa real e taxa nominal. Na prática, o cálculo matemático usando os percentuais é um pouco diferente, por isso a taxa real neste exemplo foi de 3,91% ao ano (conforme mostra a tabela mais acima).

Veja no exemplo apresentado na tabela que, apesar da rentabilidade nominal ser bem superior em 2015, a inflação também foi muito maior e o resultado foi uma rentabilidade real menor.

Ou seja, valeria mais a pena ter rendimentos de 10% em 2018 do que um de 15% em 2015.

Percepção de ganho

Tendo esse conceito em mente, talvez você chegue a outra conclusão quanto à rentabilidade dos seus investimentos nos últimos anos.

Veja o gráfico abaixo, que apresenta o valor do CDI, do IPCA e a rentabilidade real do CDI de 1997 até 2018:

Gráfico CDI x IPCA x rentabilidade real

Percebe-se que o CDI, apesar de ter tido alguns altos e baixos, vem em uma trajetória de queda, ou seja, esperam-se retornos cada vez menores com o tempo.

Apesar disso, o retorno real em alguns dos anos mais recentes foi bastante positivo.

Veja por exemplo a barra branca nos anos de 2016 e 2017, que representa o retorno real do CDI. A última vez que tivemos retornos tão altos quanto estes foi em 2007.

Isso significa que, apesar do CDI seguir uma trajetória de queda, a inflação recente tem sido bem menor do que a média brasileira, permitindo que a rentabilidade real dos investimentos se mantivesse nos últimos anos.

Para buscar maiores retornos a longo prazo neste cenário de rendimento real baixo nos investimentos conservadores (que rendem parecido com o CDI), é preciso ter uma parcela maior das aplicações em fundos multimercado e/ou de renda variável (como ações).

Conclusão

Para saber você está com bons resultados nos seus investimentos e se eles estão adequados aos seus objetivos financeiros, é preciso analisar sempre a rentabilidade real.

Atualmente não é possível conseguir o famoso “1% ao mês” sem riscos, como acontecia há alguns anos. Porém, mesmo que seu dinheiro tenha hoje um rendimento nominal menor, é possível que obter um rendimento real maior (que é o que interessa), desde que seus investimentos estejam sendo bem aplicados.

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