O que é inflação

  • 23/10/2018
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inflação

Dependendo da sua idade, você deve se lembrar da época na qual era possível comprar um carro 0 km por menos de R$8 mil! O pão de trigo custava em torno de 10 centavos e um litro de gasolina era vendido por R$0,55. A razão pelo qual esses produtos tem um preço muito mais elevado hoje em dia é a inflação. Apesar de muita gente ver a inflação como um vilão, ela é algo com o qual as pessoas lidam desde quando o dinheiro passou a existir, tendo o seu lado positivo e negativo. Nesse artigo falaremos um pouco sobre a inflação e os seus efeitos no cotidiano e nos investimentos.

O que é a inflação?

A inflação nada mais é do que o aumento contínuo e generalizado dos preços dos produtos em uma economia. Ela não é um fenômeno moderno e existem diversos registros do impacto do aumento de preços na China, na Roma antiga e na idade Média. Basicamente, qualquer sociedade que lide com dinheiro, seja ele papel-moeda ou metais preciosos, está sujeito à ela.

O aumento dos preços não tem apenas uma razão, e como as economias são estruturas complexas, geralmente a inflação é explicada por múltiplas questões que acontecem simultaneamente. O aumento da quantidade de dinheiro em uma economia, seja ele por causa da impressão de muito papel-moeda para financiar gastos do governo como no Zimbabwe recentemente ou por causa de uma enxurrada de ouro na Espanha colonial, é uma razão clara para seu aumento.

O aumento do poder aquisitivo da população de um país, se não for acompanhado de um aumento na oferta de produtos, pode causar uma inflação de demanda. Caso haja um aumento nos custos de produção e comercialização dos produtos em geral (como no caso recente do aumento da gasolina na greve dos caminhoneiros) também gera inflação.

A inflação e a taxa de juros

Em quase todas as economias modernas existe uma autoridade monetária com o poder sobre o suprimento de papel moeda da economia. Essas instituições controlam a taxa de juros da economia como forma de mantê-la nos níveis desejados e, às vezes, objetivando também o crescimento da economia ou um aumento dos níveis de emprego. No Brasil essa instituição é o Banco Central e ele tem o mandato apenas de controle da inflação.

Apesar de ser analisada geralmente por causa dos seus efeitos negativos, a inflação em economias saudáveis costuma ser um reflexo de que essa economia está crescendo e está próxima do pleno emprego, que é o cenário ideal para qualquer economia. O Japão é um exemplo clássico sobre como sua falta também pode ser um problema.

Devido ao seu alto nível de poupança e baixo crescimento populacional, a economia japonesa ficou estagnada por muitos anos e sofria deflação, ou seja, uma diminuição generalizada dos preços da economia. Isso criava um ambiente de negócios muito negativo e com pouco estimulo para investimentos e o governo japonês atuou incessantemente para que o país voltasse a ter uma inflação nos parâmetros desejáveis.

Se tanto a inflação quanto a deflação são problemas, então qual a solução?

O consenso entre economistas é que uma economia saudável deve ter inflação, no entanto ela deve ser baixa e controlada, permitindo assim um crescimento contínuo, sem saltos, e estando menos suscetível a crises. É por isso que países como os Estados Unidos tem uma meta inflacionaria de cerca de 2% ao ano, ao invés de um número maior ou menor.

Como forma de controlar a economia como um todo, uma das principais armas dos Bancos Centrais é a mudança na taxa de juros. No Brasil, um dos principais efeitos de um aumento na taxa de juros é a diminuição do crédito, freando dessa forma o consumo. O aumento da taxa de juros tende a diminuir o spread bancário, que por sua vez diminui o lucro das instituições financeiras e o seu apelo para emprestar, ou ainda pode aumentar a taxa dos empréstimos, diminuindo o apelo para tomar um empréstimo.

Além disso, aumentando a taxa de juros os agentes econômicos têm mais razões para deixar de consumir ou investir em ativos reais (como maquinário, imóveis e etc) para guardar o dinheiro e investir em ativos financeiros. Isso tende a diminuir o consumo em geral, pressionando assim uma desaceleração no aumento dos preços.

E no Brasil?

O Brasil teve diversos surtos inflacionários, passou por diversas reformas monetárias e conseguiu manter a sua inflação controlada somente depois do Plano Real, implementado em 1994 e que dá nome à nossa moeda atual. Mesmo controlada, ainda assim, no Brasil, ela é muito mais alta do que na maioria dos países. Veja, por exemplo, o gráfico abaixo da inflação de janeiro de 1997 a setembro de 2018.

Gráfico - inflação no Brasil

A inflação acumulada nesse período, calculada pelo IPCA, foi de 272,1%. O IPCA é o indicador oficial de inflação do Brasil e é calculado pelo IBGE. No seu cálculo é considerada uma cesta de produtos que busca representar o consumo de famílias com rendimento mensal de 1 a 40 salários mínimos residentes na região metropolitana de 16 capitais brasileiras.

A inflação e os investimentos

Para o investidor, a inflação pode ter efeitos positivos ou negativos de acordo com o tipo de investimento escolhido. Para um investidor, mais importante do que ganhos nominais são os ganhos reais. O ganho nominal representa a taxa de crescimento do seu dinheiro, o que é positivo, mas tende a ser corroído caso a inflação também esteja crescendo. Já o ganho real representa a taxa de crescimento do seu poder de compra, ou seja, no segundo caso, mesmo com o crescimento da inflação você poderia consumir mais produtos no futuro do que no presente.

O impacto negativo da inflação é sentido principalmente para quem tem ativos de renda fixa na modalidade pré-fixado, sejam eles títulos do governo ou de crédito privado. Títulos pré-fixados pagam uma taxa fixa. Digamos que um título tenha uma remuneração de 10% ao ano. Caso a inflação nesse ano seja de 4%, você terá um ganho real de 6%. No entanto se a inflação for de 8%, o ganho real será de apenas 2%. O investimento em commodities não-metálicas como café, trigo, gado e outras também costuma ter um desempenho pior caso a inflação aumente.

Existem, no entanto, investimentos que protegem o poder de compra do efeito da inflação. Títulos pós-fixados, como o Tesouro IPCA+, pagam um percentual acima da inflação (como IPCA + 5% ao ano), protegendo assim do efeito inflacionário.

No geral, o investimento em ações também tende a proteger dos efeitos inflacionários, tendo em vista que as empresas têm a capacidade de aumentar o preço dos seus produtos para manter as suas margens, mas cada empresa é impactada de forma distinta pela inflação. Commodities metálicas como o ouro e a prata também tendem a valorizar-se em períodos de inflação alta.

Conclusão

O Brasil é um país que conviveu por longos períodos com uma inflação altíssima, portanto nós sabemos como ela pode ser prejudicial em diversos aspectos. Apesar disso, não ter inflação também pode ser um problema, portanto o ideal é ter uma inflação controlada. No que diz respeito a investimentos, é possível tanto se proteger de um aumento da inflação quanto ganhar com a queda na inflação.

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