Há quem acredite que comprar um carro é um investimento. Ao menos pensam “não estou jogando dinheiro fora pois, por mais que o use, sempre terá um valor de venda”. Mas carro não é, salvo raras exceções, um investimento. É na verdade um bem de consumo bastante caro, mas que poucas pessoas realmente enxergam quanto custa um carro, os diversos gastos e que ele gera de despesas ao longo do tempo.
O Brasil é um dos maiores países consumidores de carro, é claro por consequência de sua grande população, mas o número de carros per capita também é alto para os padrões de país de terceiro mundo como é. Mesmo com os altos impostos e os subsídios dados as montadoras, que acarretam em um preço final elevado, o brasileiro é apaixonado por carros e os números corroboram isso.
Porém, pela falta de planejamento financeiro na hora da compra do carro muitos brasileiros acabam se perdendo no financiamento do automóvel. Só no primeiro semestre de 2015, o número de veículos recolhidos por falta de pagamento aos bancos subiu 19%, isso significa dezenas de milhares de automóveis sendo devolvidos, judicialmente ou voluntariamente. Portanto, planejar os custos que terá o veículo para os próximos anos é imprescindível antes da compra.
Fora as prestações do financiamento, um automóvel tem diversos custos extras: combustível, impostos, seguro, pequenas manutenções e eventuais multas são algumas delas. Mas fora esses custos diretos, tem alguns que são invisíveis ao consumidor mais desatento. O carro muito provavelmente será mantido em uma garagem. Para quem mora em apartamento, como a maior parte dos brasileiros, o custo do aluguel de uma garagem pode ser um valor bem substancial. Mesmo os que já possuem uma garagem e assim, não precisariam alugar de um vizinho, esse custo deve ser levado em conta, afinal poderia se alugar a garagem inutilizada para outro morador.
Outro custo, difícil de ser levado em conta, é a depreciação do carro ao longo dos anos. Sabe-se que o carro, a partir do momento que sai da concessionaria, já perde valor de mercado. Gradativamente, ao longo dos anos, esse valor continua declinando. Para ajudar a entender esses custos, diretos e indiretos, supomos que você tenha um carro de aproximadamente R$40.000 e rode com ele, em média, cerca de 40km por dia.
Despesa | Valor (ano) | Valor (mês) |
---|---|---|
Gasolina | R$ 5.250,00 | R$ 437,50 |
Depreciação | R$ 4.000,00 | R$ 333,33 |
Garagem | R$ 250,00 | R$ 20,83 |
Seguro | R$ 1.500,00 | R$ 125,00 |
IPVA | R$ 1.000,00 | R$ 83,33 |
Manutenção | R$ 1.000,00 | R$ 83,33 |
(=) Total final | R$ 13.000,00 | R$ 1083,33 |
Esses seriam os custos gerais de manter um carro, isso é claro supondo que o veículo já seja seu, sem contar as prestações que possam haver de um financiamento. Outro fator importante, que não foi levado em conta, é o que se deixa de ganhar com o valor utilizado para a compra do veículo, no nosso caso, R$40.000.
Nos dias de hoje, com juros elevados, uma aplicação segura renderia em um ano facilmente R$5.000 reais e que de certo modo, deveriam ser incluídos no orçamento na hora de decidir ou não pela compra. Nesse caso, os “custos” totais, passariam dos R$1.500 reais ao mês.
Um carro tem diversos benefícios. A vantagem de se locomover pela cidade, ou até viajar para outras, no momento que quiser sem depender de terceiros conta bastante, principalmente para quem tem esposa e filhos. Mas é cada vez mais comum os jovens postergarem essa aquisição.
A chamada geração Millenium (ou geração Y), vem dado bastante dor de cabeça as montadoras de veículos, já que a queda no número de compradores dessa faixa etária caiu significativamente, e um dos motivos são os alto custos de manter um carro na garagem.
Embora seja uma decisão pessoal de cada um, a compra ou não de um automóvel, deve sempre levar em conta todos os custos que ele terá e se esses custos estão enquadrados no orçamento. A devolução do carro para um banco, por falta de pagamento, ou a necessidade de vender rapidamente o veículo em uma situação adversa pode tornar o prejuízo ainda maior.
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