Compras parceladas: as vilãs no endividamento das famílias brasileiras

  • 15/08/2016
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endividamento das famílias brasileiras

As compras parceladas são comuns à maioria dos brasileiros e são as grandes vilãs do endividamento das famílias. Neste artigo, vamos mostrar como este hábito impacta a sua vida financeira e como evitar entrar na famosa bola de neve de dívidas. Assim, você vai perceber que pode manter uma boa saúde financeira, apenas readequando suas escolhas.

Endividamento das famílias brasileiras: porque o brasileiro parcela tanto?

Na hora de tomar decisões de compra, em grande parte, somos influenciados pelo impulso. Neste momento, o lado emocional sempre fala mais alto, o que nos leva a comprar sem realmente pensar se é necessário e sobre qual a melhor forma de adquirir o item em questão. Quando isso acontece, somos levados por emoções como desejo, euforia, frustração e até mesmo raiva, o que faz com que desenvolvamos ótimas compensações mentais do tipo “eu trabalho tanto, mereço esse presentinho”.

É nesse momento que as compras parceladas chegam como falsas aliadas para satisfazer nossos desejos. O Brasil é um dos poucos países que permite que as compras sejam parceladas. Parcelamos tudo o que é possível, desde roupas, supermercado, eletrodomésticos, etc. Marcas estrangeiras que não costumam parcelar seus produtos, quando chegam ao Brasil acabam se adaptando ao jeitinho brasileiro, como é o caso da Apple, por exemplo. Apenas em solo brasileiro você pode comprar seu iPad novo (ou qualquer produto da marca) em até 12 vezes.

O parcelamento dá a falsa sensação de que você vai pagar “sem sentir” e estimula a comprar mais do que você realmente precisa. Cuidado, este tipo de crédito ajuda a delinear o perfil do grau de endividamento das famílias brasileiras. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mais de 20% das famílias brasileiras estão inadimplentes. Além disso, para mais de 70% dessas famílias a dívida mais relevante é com o cartão de crédito.

O próprio Banco Central afirma, no Relatório de Inclusão Financeira de 2015, que o rotativo cartão e o cheque especial “merecem atenção especial, pois, apesar de apresentarem custo elevado […], são de fácil acesso, o que facilita o endividamento”.

Confira as dicas de Annalisa Dal Zotto na série 7 pecados capitais financeiros

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Como evitar o endividamento?

A nossa recomendação é que as compras sejam realizadas à vista, sempre que possível. Quando há a possibilidade de parcelamento, acabamos sendo seduzidos por essa opção sem perceber que estaremos comprometendo não só a renda do próximo mês, mas sim o total de meses em que foi feito o parcelamento.

É aí que mora o perigo, pois as parcelas podem acumular com outras despesas, e assim, pagar todas as contas pode ficar inviável. Então, os juros começam a corroer seu dinheiro e transformar as dívidas na famosa bola de neve, gerada pelo acúmulo de parcelas que eleva o grau de endividamento das famílias brasileiras.

Portanto, separamos para você alguns pontos que vão te auxiliar na hora de decidir suas compras e evitar o endividamento:

Não parcele gastos mensais

Não parcele itens que você consome todos os meses. Despesas que são geradas todo o mês não devem ser pagas em parcelas, mas sim à vista. Este é o caso de gastos com supermercado, restaurante, gasolina, remédios, entre outros. Afinal, todo o mês você sabe que vai precisar gastar com estes itens e as parcelas vão acabar acumulando.

Não faça novas dívidas antes de quitar as antigas

Para evitar o acúmulo de parcelas, esperar todas as parcelas anteriores acabarem para contrair novas é imprescindível. Por exemplo, se você foi viajar e parcelou em 10 vezes, jamais faça uma nova viagem até todas as parcelas sejam quitadas, caso contrário, o endividamento estará bem perto.

Repense os gastos por impulso

Drible suas emoções. Ao entrar em uma loja e se fascinar por mil coisas para comprar, dê uma voltinha, respire, pense em outras coisas, dê uma olhadinha nas redes sociais, e depois de um tempo decida, você realmente precisa disso? O valor realmente cabe no seu bolso? Não deixe o impulso dominar a sua vida financeira, isso gera arrependimentos e dores de cabeça (dívidas) posteriores.

Jamais comprometa toda sua renda no crédito

A recomendação geral é que o valor total das parcelas a pagar em um mês não seja superior a 30% da renda líquida familiar, embora o ideal é que esse percentual seja o menor possível. Muitas instituições credoras, como bancos e financeiras, costumam não fornecer empréstimos cujo valor da parcela comprometa mais de 30% da renda de quem está solicitando. Isso é feito com o propósito de evitar a inadimplência.  O problema é que as pessoas acabam recorrendo a mais de uma instituição, comprometendo assim, muito mais do que 30% da renda e acabam se endividando.

Entenda que parcelamento é dívida sim!

Evite cair na armadilha do parcelamento em X vezes sem juros. Se há um produto que pode ser pago à vista por um valor menor, então há juros no parcelamento sim, mesmo que não anunciado. Qualquer coisa que você esteja utilizando, mas que o pagamento ainda não tenha sido completamente realizado, também se enquadra no conceito de dívida. Logo, qualquer parcelamento, seja na compra de uma geladeira, televisão, no pagamento de IPVA, ou tantos outros, constitui uma dívida, ou seja, uma obrigação sua com terceiros.

Respire fundo, sair das dívidas é possível

O grau de endividamento das famílias brasileiras se reflete muito pelo mau hábito de parcelar tudo o que é possível, e como citamos, parcelamentos também são dívidas. Então, evite ao máximo usar desse tipo de crédito e faça sempre que possível suas compras e pagamentos à vista. Se isso não for uma opção para você, tente reavaliar seus hábitos e adequar suas compras para elas caibam dentro do seu orçamento. O parcelamento só deve ser utilizado em último caso, como emergências.

É preciso muita paciência e disciplina, mas sair das dívidas é possível sim! Use seu crédito de forma consciente. Ser empoderado financeiramente é ter conhecimento e controle das suas dívidas. Além disso, não ter vergonha e nem medo de negociar é importantíssimo para se livrar delas. Seguir as dicas apresentadas neste artigo também são soluções valiosas na missão de manter-se longe das dívidas.

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