Como fazer análise de viabilidade econômica e financeira?

  • 18/04/2017
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análise de viabilidade econômica e financeira - uma pessoa fazendo planos num quadro branco

A análise de viabilidade econômica e financeira é um tema muito falado no mundo dos negócios. Todos sabem que é muito importante realizá-la antes de investir, mas nem todos sabem como fazer. Qual é o seu conceito? Quais são as etapas? Que indicadores analisar? Como analisá-los? Neste artigo você verá um pouco mais sobre como fazer análise de viabilidade econômica e financeira de uma empresa.

O que é análise de viabilidade econômica e financeira?

A análise de viabilidade econômica e financeira é um estudo que visa a medir ou analisar se um determinado investimento é viável ou não. Em outras palavras, a análise de viabilidade econômica e financeira irá comparar os retornos que poderão ser obtidos com os investimentos demandados, para decidir se vale a pena ou não investir.

Por que fazer?

Ela se faz importante devido ao fato de ela medir se um investimento trará retorno ou não para o investidor. Com isso, o investidor consegue eliminar projetos em que não compensa investir e direcionar seu esforço e dinheiro para projetos mais promissores, especialmente quando é necessário decidir entre dois ou mais projetos e se tem dinheiro para investir em apenas um.

Como fazer análise de viabilidade econômica e financeira?

Para fazer uma análise de viabilidade econômica e financeira é necessário seguir algumas etapas, sendo elas: projeção de receitas que o projeto terá; projeção de custos, despesas e os investimentos necessários; análise de alguns indicadores calculados em cima dos dados projetados de receitas, despesas, custos e investimentos.

1. Projeção de receitas

A projeção de receitas é realizada para identificar a capacidade de gerar dinheiro para o investidor. Essa projeção deve seguir algumas premissas importantes, como por exemplo: deve-se conhecer bem o mercado, para evitar projetar números que sejam impossíveis de ser atingidos.

Outra premissa importante é a de nunca começar a projeção de receitas com a capacidade total de geração de receitas, ou seja, deve-se começar a projeção com números mais realistas, como 50% da capacidade ou até menos. Tudo depende do mercado e dos investimentos que serão feitos.

Uma última premissa importante é sempre projetar crescimentos para as receitas, e isso é válido também para a projeção de custos, despesas e investimentos, pois tanto eles como a receita dificilmente permanecerão no mesmo patamar. Veja na tabela a seguir um exemplo da projeção de receitas baseado na estimativa de vendas de cada produto.

2. Projeção de custos, despesas e investimentos

Da mesma forma que foi realizada para as receitas, a projeção de custos, despesas e investimentos da análise de viabilidade econômica e financeira deve obedecer algumas premissas. A principal delas é a de que devem existir custos, despesas e investimentos que justifiquem a sua projeção de receitas.

Por exemplo, se você estiver projetando a abertura de uma pequena indústria, sua projeção de vendas depende da capacidade da empresa de produzir. Logo, será necessária a existência de investimentos em maquinários, além de custos e despesas condizentes com essa projeção de produção.

Outro exemplo é a hipótese de que você projetou uma participação de mercado grande para o crescimento de sua empresa. Logo, é necessário que sejam realizados gastos elevados com marketing e propaganda ao longo da projeção. Vale lembrar também da importância de se projetar reinvestimentos. Um erro muito comum é o de considerar apenas um investimento inicial e assumir que a estrutura da empresa ou do projeto não irá se modificar.

Veja na tabela a seguir um exemplo de projeção de despesas para os mesmos produtos que foram projetadas receitas na seção anterior deste artigo.

3. Projeção dos fluxos de caixa

O fluxo de caixa é a dinâmica do dinheiro que entra e sai da empresa todos os dias. É um instrumento essencial para realizar a gestão financeira de uma empresa. O fluxo de caixa será obtido pela diferença entre as projeções das receitas e das despesas.

Como exemplo, o gráfico abaixo mostra como fica o fluxo de caixa para todo o ano para as projeções de receitas e despesas que já foram apresentadas.

Como fazer análise de viabilidade econômica e financeira

4. Análise de indicadores

Após ter realizado a projeção de receitas, custos, despesas e investimentos, e ter chegado à projeção dos fluxos de caixa, a análise de viabilidade econômica e financeira parte para a análise de indicadores.

Existem vários indicadores para se analisar a viabilidade econômica e financeira de um projeto. Porém, iremos falar de apenas três deles: o Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Payback.

É na etapa de análise de indicadores que o investidor irá descobrir se o investimento deve ou não ser realizado, pois analisando estes indicadores será possível identificar a viabilidade e a expectativa de lucros, além do tempo necessário para recuperar o total investido.

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Taxa Mínima de Atratividade – TMA

Antes de falar sobre os indicadores, é válido comentar sobre a Taxa Mínima de Atratividade (TMA). Essa taxa representa o retorno mínimo esperado para um investimento. A TMA é definida levando-se em consideração a fonte de capital (próprio ou através de empréstimos), além da margem de lucro que se espera obter com o investimento.

A TMA varia conforme a empresa, e pode ser apurada de diversas maneiras. Uma referência geral para a TMA das empresas no Brasil é a taxa SELIC, taxa básica de juros da economia brasileira, pois ela afeta tanto o lado da captação de recursos, quanto das aplicações financeiras.

Por exemplo, com a taxa SELIC em queda o acesso ao crédito fica mais barato, o que reduz o custo de capital de terceiros e consequentemente a TMA de uma empresa.

Ainda, com a queda da SELIC as aplicações financeiras atreladas a ela têm sua rentabilidade reduzida, o que reduz o custo de oportunidade e também impacta em uma menor TMA. De forma oposta, altas na taxa SELIC levam a uma maior TMA.

Valor Presente Líquido (VPL)

O VPL é um indicador que analisa todos os fluxos de caixa esperados pelo investimento, em uma mesma data. Ou seja, todos os fluxos de caixa são descontados a uma Taxa Mínima de Atratividade (TMA) até a data do investimento. Esses fluxos são então somados e de seu total é subtraído o valor do investimento.

Se o resultado do cálculo do VPL for positivo, significa que o projeto tem capacidade de gerar lucros. Caso seu valor seja nulo (zero), significa que o projeto se paga ao longo dos anos, mas sem gerar lucro.

E por fim, se o resultado for negativo, significa que o projeto não gera lucro e sim prejuízo.

Taxa Interna de Retorno (TIR)

A TIR representa a rentabilidade de um projeto de investimento. É expressa na forma de uma taxa percentual, seguindo a periodicidade dos fluxos de caixa.

Por exemplo, se os fluxos de caixa são mensais, então a TIR resultante será também mensal. Se os fluxos são anuais, a TIR também será anual. Por isso, é dita como uma medida relativa. Quando substituída pela TMA no cálculo do VPL, o VPL torna-se “zero”.

Ao se analisar a TIR, deve-se ter em mãos a taxa mínima de atratividade (TMA) do investimento, pois será necessário comparar essas duas taxas. Ao se fazer a comparação, depara-se com três possíveis cenários.

  1. O primeiro deles é quando sua TIR é maior que a TMA. Neste cenário, seu projeto consegue pagar o investimento e ainda sobra capital (lucro).
  2. No cenário onde a TIR = TMA, significa que seu projeto consegue pagar o investimento sem gerar lucro.
  3. E o terceiro cenário é quando sua TIR é menor que a TMA, ou seja, seu projeto não consegue sequer pagar o investimento, gerando prejuízo.

Payback

O Payback é o indicador que mede quanto tempo um projeto levará para gerar os retornos que paguem o investimento. Existem duas formas de se calcular o payback.

A primeira forma é o payback tradicional, também chamado de payback simples, que não leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. Por exemplo, se você investiu R$100.000,00 reais em uma empresa e ela gera retornos mensais de R$10.000,00, o payback será de 10 meses.

Outra forma de calcular é através do payback descontado, em que se utiliza a TMA para descontar os fluxos de caixa e trazê-los à mesma data do investimento inicial.

Exemplo de análise de viabilidade econômica e financeira

A partir do exemplo de projeção de fluxo de caixa apresentado aqui neste artigo, seguem os resultados de cada um dos métodos de análise de viabilidade econômica e financeira que foram citados.

A tabela a seguir apresenta o fluxo de caixa do projeto e o saldo acumulado, utilizado para cálculo do período de payback.

O saldo acumulado soma os fluxos ao investimento inicial. Quando o saldo deixa de ser negativo tem-se o período de payback. O saldo descontado acumulado utiliza a TMA. Neste caso hipotético a TMA da empresa foi de 3% ao mês.

Como fazer análise de viabilidade econômica e financeira

Por fim, a próxima tabela apresenta o resultado da análise econômica e financeira do exemplo deste artigo. Com uma TMA de 3% ao mês, o VPL do projeto foi positivo e a TIR foi superior à TMA.

Por isso, a conclusão é que este projeto de investimento é viável e deveria ser escolhido pela empresa. Vale ressaltar que neste exemplo foram utilizados fluxos mensais, mas na prática é comum também que seja utilizada uma periodicidade anual, especialmente para projetos de longa duração.

Como fazer análise de viabilidade econômica e financeira

Análise de viabilidade econômica e financeira – Conclusão

Este artigo mostrou a importância de se realizar uma análise de viabilidade econômica e financeira, além dos principais pontos necessários para sua realização.

Importante destacar a necessidade de se fazer projeções realistas para o mercado e sempre justificadas por custos, despesas e investimentos em proporção similares.

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