O que é capital de giro de uma empresa?

  • 20/04/2017
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O que é capital de giro

No âmbito empresarial todo mundo ouve falar sobre capital de giro, mas poucos sabem na essência seu significado e sua influência no desempenho de uma companhia. O objetivo deste artigo é desmistificar este tema e, de forma simples e direta, fazê-lo entender os princípios deste instrumento imprescindível para o sucesso de uma empresa.

O que é capital de giro?

Capital de giro corresponde aos bens e direitos de curto prazo da empresa que podem ser transformados em caixa em no máximo um ano. Esse prazo não chega a ser regra, pois há empresas em que o ciclo produtivo/vendas ultrapassa esse período, então, em casos como o de um estaleiro, por exemplo, a coisa é um pouco diferente, pois os prazos ficam mais dilatados.

Porém, como são situações mais específicas, no geral assume-se os 12 meses por padrão. Tanto os ativos quanto os passivos, quando possuem esse prazo, são chamados de “circulante”. Portanto, concluímos que o ativo circulante representa o comentado capital de giro!

Como calcular o capital de giro de uma empresa?

Considerando que o capital é o próprio ativo circulante, então não é preciso calcular o capital de giro, pois basta obter os valores diretamente no balanço patrimonial da empresa. Para exemplificar ativos e passivos, circulante ou não, segue um exemplo de balanço patrimonial resumido:

O que é capital de giro

Perceba que a ordem do ativo circulante está de acordo com a facilidade de transformar os bens e direitos em dinheiro (a chamada liquidez):

  • disponibilidades representa o capital que há no caixa e investimentos de curto prazo;
  • valores a receber é um crédito por vendas feitas que ainda não entrou;
  • e estoques são os produtos que, numa eventual necessidade, poderiam ser liquidados a um preço mais baixo para suprir a carência de caixa para o cumprimento das obrigações – fornecedores, salários, empréstimos, impostos, entre outros.

Capital de giro líquido ou capital circulante líquido (CCL)

O capital de giro líquido, também conhecido como capital circulante líquido, representa a dedução do passivo circulante do ativo circulante, expresso da seguinte forma:

Equação de Capital Circular Liquido para determinar o que é Capital de Giro. Fórmula é CCL = AC - PC,

sendo:

CCL: capital circulante líquido;

AC: ativo circulante;

PC: passivo circulante.

É importante que o capital circulante líquido seja positivo para que a empresa consiga manter a solvência de suas obrigações. Assim como o ativo circulante (capital de giro) representa os recursos que serão convertidos em dinheiro em até um ano, o passivo circulante representa as obrigações que possuem vencimento em até um ano. Por isso, ter mais recursos a receber do que a pagar é essencial para evitar problemas de capacidade de pagamento.

Capital de giro: cuidados necessários

A ideia é termos sempre um capital de giro circulante líquido, o CCL (Ativo Circulante – Passivo Circulante), positivo. Dessa forma não precisaremos recorrer a empréstimos caríssimos, ou mesmo fazer desconto de duplicatas, penalizando fortemente a margem de lucro da empresa. Em consequência a uma má gestão do capital de giro, fica bem difícil alcançar os resultados desejados no planejamento anual.

O melhor dos mundos é quando se é possível operacionalizar um período de recebimento dos clientes menor que o prazo de pagamento dos fornecedores. E, logicamente, o contrário requer atenção, renegociação ou uma boa reserva no caixa para suprir momentaneamente essa diferença de tempo entre recebimento e pagamento.

Reforçando, é preciso contar com uma boa contabilidade, fazer registros corretos e fiéis à realidade da empresa para se ter o controle do prazo médio de recebimento, e se este for menor que o de prazo médio de pagamento, parabéns, basta deixar uma “gordura” no capital de giro para qualquer emergência, como um atraso nos recebimentos, para que não haja problemas com solvência.

Dicas para ficar atento:

Em complemento ao que foi escrito anteriormente, seguem algumas dicas para evitar dores de cabeça com o capital de giro (no caso, sua falta):

    • Previsão correta de tributos: muitas vezes a empresa tem, no seu ramo, períodos sazonais de vendas, com maiores vendas, ocasionando aumento nos tributos normalmente pagos. Fique de olho e provisione corretamente parte das receitas para estes pagamentos que, se não forem feitos, podem gerar problemas e encargos.
    • Negociação de prazos: tanto o setor de compras como o de vendas devem andar em sintonia financeira/contábil. Exemplo: se o seu fornecedor aceita um pagamento mais longo e encarecendo pouco os insumos, você pode usar essa vantagem oferecendo prazos maiores de recebimentos dos seus clientes, porém incrementando juros maiores que os da outra ponta, embolsando a diferença e sem prejudicar o capital de giro.
    • Fluxo projetado: faça uma projeção das receitas e despesas e identifique se, com o saldo atual do capital de giro somado às receitas, será possível cumprir os pagamentos futuros – inclusive de longo prazo. Se houver, nos próximos meses, um período onde este saldo fique negativo – ou bem apertado – fique atento e tome já medidas para evitar esse problema a tempo, baixando investimentos, liquidando antecipadamente parte do estoque (se for viável em comparação a um empréstimo) ou renegociando os pagamentos.
  • Estoque: por definição, o estoque faz parte do capital de giro. Porém, vale lembrar que se a empresa trabalha com níveis elevados de estoques (o que não se aplica para empresas de serviços, por exemplo), ela pode ter um elevado capital de giro, com CCL positivo, e mesmo assim passar por dificuldades de caixa e de capacidade de pagamento se caso tiver dificuldades em vender seus produtos estocados.

Conclusão

Este artigo mostrou o que é capital de giro de uma empresa e os principais pontos que o empreendedor deve estar atento para não precisar recorrer a empréstimos de curto prazo ou prejudicar o pagamento das suas obrigações.

Felizmente – para quem é investidor – estamos num país que paga altas taxas de juros. Porém, para quem usa o capital para gerar empregos, pagar diversos impostos e fornecedores e, depois de tudo isso, tentar ganhar algum dinheiro, é extremamente desconfortável recorrer a bancos para financiar giro com o objetivo de cobrir as obrigações da empresa – aqui os altos juros são inimigos.

Observamos várias vezes empreendedores se desfazendo de bens pessoais para manter as contas em dia, o que não é justo, principalmente para quem trabalhou honestamente para construir seu patrimônio e auxiliar seus funcionários também a alcançar suas conquistas. Na maioria das vezes isso acontece, adivinhe, por causa da falta de atenção à gestão do capital de giro.

Claro que é muito mais fácil a teoria do que a prática. Justamente por esse motivo, a ParMais possui um time de especialistas focados em empoderar financeiramente empresas e pessoas. Caso tenha dificuldade em dar os primeiros passos para a organização de sua empresa, veja como podemos lhe ajudar!

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