Opinião do gestor: Brasil lento impacta investimentos

  • 01/06/2015
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Opinião do gestor: Brasil lento impacta investimentos

O brasileiro vive na pele os problemas provocados por falhas na gestão nos últimos anos, especialmente no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. A inflação disparou (por conta do reajuste dos preços administrados), a recessão assola a economia e o desemprego já é o maior em muitos anos.

Os países desenvolvidos se recuperam da crise de 2008  e os países emergentes (incluindo o Brasil) deverão manter ritmo de expansão mais lento nos próximos anos. Se teremos a economia americana crescendo de forma mais consistente, consequentemente o dólar americano deve se valorizar mais que as demais moedas, entre elas o Real brasileiro. Haverá impacto sobre a inflação e sobre a competitividade das empresas, principalmente aquelas dos setores industrial e comercial que dependem fortemente de importados. 

Além disso, a retomada da economia americana vai provocar a migração de investimentos para aquele país. O problema só não é maior porque temos muito dinheiro em circulação no mundo, especialmente por conta dos estímulos adotados pelos bancos centrais das principais economias do globo. Mas isso tem data para acabar.

Temos três principais problemas a serem ajustados: equilíbrio das contas externas, controle da inflação (que deve ser trazida para o centro da meta) e o ajuste das contas do governo. O recém empossado Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está conduzindo essa reforma com mão forte e já conquistou o apoio de boa parte de investidores e economistas.

Mas o ajuste é duro! Inevitavelmente, terá que passar por um período de recessão e aumento do desemprego – como já vemos. Segundo Luis Stuhlberger, da Verde Asset, a parte mais difícil ainda parece ser o ajuste fiscal: as despesas do governo continuam aumentando, mas tivemos uma expressiva queda na arrecadação de impostos. Não por conta da carga tributária, que é alta, mas como reflexo do baixo crescimento e da diminuição das margens das empresas. Nos últimos anos tivemos um forte aumento no valor geral dos salários que não foi acompanhado pelo aumento da produtividade. Mais custos e menos produtividade resultam em menores lucros, que acarretam menos impostos. Além disso, temos uma das cargas tributárias mais altas do mundo – e também das mais distorcidas. Nossos impostos pesam muito mais sobre a produtividade (bens e serviços) do que sobre renda e propriedade. Isso mais uma vez dificulta a vida das empresas e o desenvolvimento econômico.

Essa é também a opinião de Rogério Xavier, da SPX Investimentos. Ele acredita que haverá correção das taxas de juros em outras economias. Índices que andam próximos de zero há quase sete anos serão realinhados e devem motivar um forte rearranjo de preços e ativos no mundo, gerando ainda mais dificuldades para nossa economia.

Mas nem todos estão pessimistas. Muitos investidores, economistas e gestores acreditam que o novo rumo ditado por Joaquim Levy deve trazer mais confiança para investimentos no país. Como o mercado vive de expectativas, quando estas são positivas muitas vezes acabam sendo a própria força motriz para a mudança.

Um dos que está desse lado é Carlos Eduardo Rocha, gestor da Brasil Plural. Para ele, estamos em uma situação parecida com o que aconteceu entre 1999/2003 e o governo pode arrecadar muito com a venda de ativos/concessões – talvez mais do que o consenso de mercado espere. Nesse caso, o desinvestimento do governo é positivo tanto pela arrecadação quanto pela diminuição de despesas e ganhos de produtividade. Mariana Dreux, da ARX, e Pedro Quaresma, da STK Capital, também estão bem mais confiantes. Eles acham que, apesar de estarmos longe da tranquilidade de anos passados, o rumo tomado foi o mais correto.

Uma coisa muito importante é consenso: afastamos o fantasma da perda do chamado Grau de Investimento (investment grade).

É fato que a condução da política econômica, liderada por Levy, merece um voto de confiança. Acreditamos que a confiança é peça-chave nesse processo de retomada econômica. É fato também que o ajuste será doloroso e que teremos um período duro pela frente, provavelmente passando por uma forte recessão, aumento do desemprego e queda da renda geral da população. Acreditamos que isso é consequência inevitável nesse processo, mas que é o rumo correto se queremos um crescimento consistente mais à frente.

Portanto, o cenário hoje é muito melhor do que o que tínhamos no fim do ano passado, mas ainda longe de ser bom. Mais uma vez, a única certeza é que teremos um período bem conturbado à frente, porém com fortes chances de ser apenas um passo para um futuro melhor.

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Opinião do gestor: Brasil lento impacta investimentos por Alexandre Amorim – 01.06.2015

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