Giro Financeiro – DC: reforma na previdência

  • 28/01/2019
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A reforma de Previdência tem sido um tema muito recorrente. Todos nós sabemos que a atual fórmula de concessão dos benefícios no Brasil é insustentável e o rombo aumenta absurdamente ano a ano. Em Davos, no Fórum Econômico Mundial, o ministro Paulo Guedes garantiu que estão bem encaminhadas as negociações políticas no Congresso, que haverá “consenso” e que contará com apoio dos governadores para aprovar as tão necessárias mudanças e ajustes nas aposentadorias e pensões. Infelizmente, não foram esclarecidos os pontos da reforma. O que ficou muito claro é que não é somente o mercado brasileiro que está esperando a reforma, mas, sim, todo o mercado internacional. Somente com o Brasil “desengessado” é que obteremos recursos internacionais para investimentos no país.

Um ponto crucial com o qual precisamos nos conformar e eliminar é a concessão da aposentadoria precoce. Conforme a tábua mortalidade de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida do brasileiro nascido atualmente é de 76 anos, o que representa um aumento de 30,5 anos para ambos os sexos, frente ao indicado em 1940. Vejam: “Em 1940, um indivíduo, ao completar 50 anos, tinha uma expectativa de vida de 19,1 anos, vivendo em média 69,1 anos. Com o declínio da mortalidade, neste período, um mesmo indivíduo de 50 anos, em 2017, teria uma expectativa de vida de 30,5 anos, esperando viver, em média, até 80,5 anos, ou seja, 11,4 anos a mais do que um indivíduo da mesma idade em 1940”.

Devido a inúmeros fatores, obtivemos esse espetacular ganho de expectativa de vida, um fato muito positivo. Porém, obviamente, esse fato impacta diretamente no tempo de usufruto da aposentadoria, visto que a lei nasceu baseada numa expectativa e a realidade agora é outra. Então, ao meu ver, não há o que se discutir sobre a questão da idade mínima. Se estamos vivendo mais tempo, é claro que será preciso trabalhar por mais tempo para essa conta fechar, ou contribuir mais. Mas, em um país no qual somente 30% da população consegue guardar algum dinheiro, essa alternativa me parece ainda mais dolorosa. Sem falar que, a grosso modo, se contribui com 20% (entre empregado e empregador) por 30 anos (tempo de contribuição médio), para se usufruir 100% pelos mesmos 30 anos (se a pessoa viver até 90 anos). A conta não fecha, é pura matemática.

O estudo sobre previdência divulgado recentemente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) mostra a necessidade de todos os países aumentarem, gradualmente, a idade da aposentadoria de 63 anos (atual média mundial) para 68 anos e, paralelamente, criarem incentivos para que as pessoas poupem cada vez mais para a velhice.

Uma coisa, pelo menos, me deixa mais tranquila. A nova geração Z está vindo muito mais consciente, acredita na carteira assinada e já sabe que será preciso investir agora para ter na velhice. Eles devem ser melhores alunos de matemática, com certeza.

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