Fintechs e o futuro das instituições financeiras

  • 16/08/2017
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Nos dias de hoje, nós brasileiros conseguimos perceber a ameaça que a internet tem sido encarada como uma ameaça por certas áreas ou negócios. Nem sempre uma ameaça coloca nossa vida em risco, como a criação de uma arma de destruição em massa. Mas certas ameaças podem colocar certos grupos que detêm o poder em em risco de perder esse mesmo poder.

Um exemplo bem recorrente é a entrada da Uber no Brasil. Aqui em Florianópolis, quando chegou, causou o maior caos no transporte público. Assim como em outros lugares do país, o usuário podia até ser agredido fisicamente pelos taxistas da cidade, que fizeram motim em frente ao aeroporto Hercílio Luz para vandalizar os carros.

Entendo que os taxistas tenham seus medos, de perder seus empregos ou redução na rentabilidade, o que poderia comprometer suas vidas. O ponto aqui é o medo que a entrada desse serviço causa a quem já está estabilizado ou detêm o controle de um certo serviço.

Outros exemplos são as transmissões por streaming, estilo a Netflix que tem colocado os distribuidores de televisão a cabo em alerta, apesar de que, no momento, eles ainda terem uma gama enorme de usuários que ainda preferem esse serviço.

Por outro lado, há quem queira concorrer com esses serviços de maneira honesta. Por exemplo, Fox, HBO e Disney estão lançando seus serviços de streaming com conteúdos próprios para atrair usuários. Spotify também têm seus concorrentes.

Mas ok! Até esse momento estamos falando de grandes empresas. A Netflix já está bem consolidada. A HBO, mesmo tendo um servidor que não aguenta seus usuários no horário do Game of Thrones, é uma empresa com muito conteúdo e dinheiro, o que dá energia suficiente para que eles se preparem e consigam resolver seus problemas.

E quando formos falar de empresas pequenas, como as startups da área de fintech, que desafiarão os grandes bancos e grandes corretoras. Como essas pequenas empresas irão lutar contra esses titãs?

Eu trago aqui, hoje, um exemplo de uma empresa pequena de games que desafiou um titã da sua área e sofreu para escapar, inclusive de ameaças e chantagens.

Albion Online

Albion Online é um jogo que foi lançado em 2017, depois de mais dois anos de testes beta. Em resumo, trata-se de um jogo online que cria a própria economia, com o mínimo de interferência do mundo externo. Exemplo de atividades possíveis de executar nesse jogo são coletar recursos, vender e fabricar equipamentos para outros jogadores utilizarem na guerra pelo domínio dos terrenos desocupados do mundo.

Entretanto, o lançamento do jogo veio acompanhado dos famosos gold sellers, empresas que compram uma cópia do jogo ou pagam mensalidade e colocam seus funcionários para jogar o máximo de tempo por dia. Esse funcionários conquistam todo o dinheiro interno do jogo (como prata ou ouro), que depois são negociados por fora, já com dinheiro real.

Nesse exemplo, a economia interna do jogo é quebrada, porque se você tiver bastante dinheiro real, você compra dinheiro do jogo e ganha vantagem sobre outros jogadores. Essa prática é proibida na maioria dos jogos desse modelo, mas essas empresas continuam atuando na ilegalidade, sempre dando seu jeitinho de continuar as vendas.

O que veio acontecer com Albion Online foi que, logo no lançamento, os desenvolvedores descobriram um nicho onde os gold sellers estavam lucrando e atrapalhando a experiência de jogo. Em pouco tempo, eles fizeram uma alteração que quebrou totalmente a possibilidade dessas empresas continuarem a explorar o jogo.

E foi aí que eles acordaram o titã.

Com muito dinheiro, essa empresa contratou Hackers (pagando em Bitcoins) para realizarem ataques ao servidor do jogo, acabando de vez com a paz da empresa e dos jogadores que compraram o jogo para se divertir.

Ainda não satisfeitos com o ataque, a empresa chantageou a desenvolvedora do jogo cobrando um alto valor pela interrupção dos ataques. Houve inclusive uma nota da empresa para os jogadores que tiveram o serviço indisponível, em que eles explicam sobre a chantagem.

É nesse ponto que eu faço um elo com a primeira parte deste texto. A desenvolvedora do jogo é uma empresa pequena, fundo de garagem, com uma ideia boa em mãos. Provocou uma empresa grande, poderosa, e por pouco, não perde sua base de clientes, que poderia acabar com o negócio deles.

A realidade

As startups fintechs são empresas que navegam em um mar como esse. Muitas criam soluções que colocam grandes entidades em cheque, e geralmente como muitas startups, com uma energia e velocidade de entrega tão grande que grandes entidades têm dificuldade de acompanhar.

Outra característica muito presente nas fintechs é a transparência, que mostra para o usuário a verdade sobre o que ele está ganhando e o que está perdendo. O que ele ganha em, por exemplo, sair do banco ou em questionar seu gerente.

Em especial, lidando com grandes instituições, que geralmente estão ligadas ao governo, e muitas vezes ainda gerenciando “o dinheiro”, torna o assunto ainda mais sensível.

Qual será o futuro das nossas instituições financeiras quando as fintechs brasileiras  começarem a cutucar os grandes bancos? Irão elas se posicionar de uma maneira mais transparente e começar a trabalhar a favor do cliente ou irão rechaçar e lutar para destruir as pequenas empresas que estão lhe incomodando?

Acredito que esse será um assunto que veremos nos próximos anos.

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