Série Estratégias de Investimento – Ativos no exterior

  • 15/05/2018
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ativos no exterior

Continuando a série ESTRATÉGIAS DE INVESTIMENTO, seguem informações sobre os fundos de investimento no exterior.

Apesar do mercado de capitais brasileiro já ter crescido e se desenvolvido muito, ele é ainda minúsculo diante do resto do mundo, sendo responsável por menos de 1% do patrimônio nos mercados globais. Assim sendo, nesse artigo falaremos sobre as alternativas de investimento no exterior, assim como as suas vantagens e desvantagens.

O que é um Fundo de Investimento no Exterior?

Um fundo de investimento no exterior é qualquer fundo cujo principal fator de risco esteja relacionado ao comportamento de ativos no exterior. Segundo a classificação mais atual da ANBIMA, isso significa que eles devem ter no mínimo 40% do patrimônio do fundo investido em ativos no exterior, apesar de geralmente a sua exposição ser maior do que isso.

Fundos no exterior podem investir em ativos de um país específico ou investir em diversos países ao mesmo tempo. Esse tipo de fundo pode também optar por investir em renda fixa, renda variável, ou ainda em outros ativos, de acordo com o interesse do gestor.

Para investir em fundos no exterior, costuma-se utilizar de veículos no Brasil. Isso significa que quem investe em fundos no exterior costuma comprar cotas de um fundo registrado no Brasil, com uma gestora brasileira que deve cumprir toda a legislação daqui. Esse fundo, por sua vez, investe grande parte do seu patrimônio em um ou mais fundos fora do Brasil.

A maioria dos fundos no exterior tem a sua gestão realizada por uma gestora estrangeira. Algumas delas inclusive utilizam múltiplas equipes em diferentes países para acompanhamento do desempenho dos ativos. Existem, no entanto, alguns fundos geridos por gestores brasileiros no exterior ou ainda por uma equipe no Brasil.

Uma questão bastante importante nesse tipo de fundo é a utilização ou não de hedge cambial. Quando investe no exterior, em tese, você ganhará dinheiro não apenas quando o ativo que você investiu se valorizar, mas também se o dólar se valorizar. Quando não se quer ficar exposto a variação do dólar (apenas do investimento), o hedge cambial permite que você se “proteja” das flutuações da moeda. Ou seja, o hedge evita que seus investimentos fiquem expostos a variação do dólar (ou outra moeda).

Vantagens e desvantagens de um fundo no exterior

Vantagens

Você já deve ter ouvido diversas vezes que o ativo com menor risco no qual você pode investir são Títulos Públicos Federais. Esses títulos funcionam como ativos livres de risco no mercado brasileiro, mas no mercado mundial eles não tem se quer o “grau de investimento”. Na escala global de risco, o Brasil é visto como um país relativamente arriscado, com grau especulativo. As melhores alternativas ao risco específico do mercado brasileiro são investimentos no exterior.

Além de ter uma percepção maior de risco, o mercado brasileiro é ainda muito pequeno diante do resto do mundo. Existem, por exemplo, alguns setores da indústria mundial que não são acessíveis através de empresas na bolsa brasileira. Mesmo que o Brasil tivesse empresas de todos os setores na sua bolsa, a dinâmica e perspectivas do mercado brasileiro são diferentes de outros mercados globais. Através de fundos no exterior é possível aproveitar as perspectivas de economias diferentes da nossa.

Outra questão interessante do investimento no exterior é o efeito da diversificação. Por mais que hajam diversos tipos diferentes de investimento no Brasil, a correlação entre eles muitas vezes é grande. Investindo, por exemplo, em ações de empresas de setores diferentes da economia você diversifica apenas uma parte do risco, pois todas elas estão expostas em grande parte ao desempenho da economia brasileira. No exterior existem ativos completamente descorrelacionados dos nossos ativos locais, diminuindo assim o risco agregado da carteira.

Desvantagens

Uma das principais desvantagens de um fundo no exterior é o alto custo de oportunidade do Brasil. Até muito recentemente haviam títulos do governo que pagavam taxas bastante altas, diminuindo assim o apelo dos fundos no exterior. Com a diminuição das taxas dos títulos públicos eles passam a fazer mais sentido.

Outra questão que deve ser observada é a volatilidade dos fundos no exterior. Ela tende a ser alta, ainda mais em fundos sem hedge cambial. Pela sua alta volatilidade, as estratégias no exterior não servem como alternativa a investimentos de baixo risco no Brasil. Mesmo com hedge cambial, o custo de fazê-lo tende a ser alto e penalizar a rentabilidade do fundo.

Finalmente, outra desvantagem é justamente o desconhecimento do risco específico do fundo. Devido à alta complexidade do mercado global, o investidor pode muitas vezes não ter plena ciência dos riscos, da dinâmica e das perspectivas para os fundos no exterior no qual investe.

Estratégias dos fundos no exterior

Exterior Ações Global

Um tipo de fundo de ações no exterior no qual o gestor pode se posicionar em ações negociadas em qualquer bolsa no mundo, de acordo com as suas perspectivas para a empresa. Como esses fundos costumam ser muito grandes, eles tendem a prezar pela liquidez das ações da sua carteira. Esse é um fundo que sozinho já possui uma diversificação considerável devido à sua exposição a diversos países.

Exterior Ações USA

Esse tipo foca especificamente no mercado americano. Por ser o maior mercado de ações do mundo é possível ter exposição a diversas empresas diferentes, algumas inclusive com sede fora dos Estados Unidos. Ainda assim, o principal risco desse tipo de fundo é o desempenho da economia americana e do dólar (caso o fundo não tenha hedge).

Exterior Ações Europa

Foca apenas em ações negociadas nos mercados europeus. Isso significa principalmente países da zona do euro, podendo ter ainda exposição a alguns países que não pertencem ao bloco. Apesar de ser um mercado mais globalizado que o brasileiro, os principais fatores de risco desse fundo são o desempenho da União Europeia e do euro (caso o fundo não tenha hedge cambial).

Exterior Ações Emerging Markets

Fundos de empresas negociadas em países denominados emergentes, como a China, Rússia, Índia, Brasil, entre outros. A tendência desse tipo de fundo é de ser mais arriscado que os fundos de ações acima, porém com um potencial maior de valorização. O distanciamento geográfico das economias emergentes também ajuda na diversificação.

Exterior Renda Fixa Investment Grade

Investe em títulos públicos e privados classificados pelas principais agências de rating como grau de investimento. São fundos muito menos voláteis que os fundos de ações. A classificação de rating dos títulos da sua carteira faz com que esses fundos tenham menos risco de crédito que os títulos públicos federais. Devido a isso, a sua rentabilidade potencial tende a ser mais baixa.

Exterior Renda Fixa High Yield

Esses fundos investem em títulos, em geral privados, considerados pelas agências de rating como risco especulativo. Apesar do maior risco esses títulos apresentam prêmios maiores que os títulos Investment Grade. São uma alternativa a quem quer ativos com risco de crédito, porém sem o risco específico de ativos brasileiros.

Exterior Multimercado

O fundo pode investir em diversos mercados, a critério do gestor. É semelhante aos fundos multimercados nacionais, porém com um enfoque maior ao diferencial de taxas de juros, taxas de câmbio e comportamento de ações fora do Brasil.

Conclusão

O mercado brasileiro é muito pequeno diante dos outros mercados de capital no mundo. Investindo apenas no Brasil o investidor acaba correndo um risco específico do país muito grande. Uma das melhores maneiras de diversificar esse risco é através de investimentos no exterior. Confira se o fundo tem uma estratégia com ou sem hedge cambial para não ter surpresas com o seu desempenho em R$. Fique atento à série Estratégias de Investimento para saber mais sobre outros tipos de estratégia.

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