Eleições americanas: o que muda com a vitória de Joe Biden

  • 09/11/2020
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Após meses de uma campanha eleitoral em meio a uma guerra comercial, protestos antirracistas e uma pandemia global, a mídia americana declarou como vencedora a chapa de Joe Biden e Kamala Harris no último sábado (7).
Foi um processo marcado por incertezas e questionamentos, principalmente por Donald Trump. A primeira polêmica – em relação a possibilidade de envio de votos pelo correio – começou meses antes da eleição, com o presidente Trump criticando o método, enquanto cada estado define seus procedimentos específicos de voto e apuração.

Biden e partido democrata cresceram durante o ano em pesquisas, sendo considerados os grandes favoritos, com expectativa de que o partido azul tomaria o controle da câmara dos representantes e senado, além do salão oval.

Como funciona a votação americana?

O sistema americano, no entanto, por conta da sua estrutura de colégio eleitoral, é uma caixinha de surpresas. O colegiado é formado por delegados, sendo que a quantidade de representantes de cada estado é obtida somando o número de deputados e senadores que a região possui no congresso americano, o qual por sua vez, é baseado em critérios populacionais. O candidato com mais votos em um estado conquista o apoio de todos os delegados da unidade federativa. Sendo assim, não necessariamente é preciso obter o maior número de votos absolutos, já que estados com populações menores contam também com representação. Ao conquistar 270 delegados, um vencedor é declarado.

Competitividade na disputa

Dito e feito. Mesmo com Biden liderando com razoável diferença no voto popular a nível nacional, Donald Trump ganhou competitividade em regiões críticas para se manter na disputa.

O atual presidente chegou a declarar vitória na terça-feira (3), conhecida como election day, quando liderava em boa parte dos swing states, mas já no dia seguinte perdeu margem para Biden por conta das apurações de votos enviados pelo correio, os quais tendem a favorecer o democrata. Nos dias seguintes, este movimento se confirmou, com Joe Biden obtendo vitórias em Wisconsin e Michigan, Estados que apoiaram Trump em 2016.

Contestações de Donald Trump

Já contemplando uma provável derrota, na quinta-feira (5), o presidente Trump realizou um discurso na Casa Branca listando acusações de fraudes eleitorais e suposta ilegalidade de votos pelo correio, ameaçando litígios em diversos estados e fazendo a promessa de levar as eleições à suprema corte americana. Na manhã da sexta-feira (6), o mercado americano respondeu com leve queda frente tal promessa.

No sábado (7), a maioria dos veículos de imprensa americanos dão como certa a vitória de Joe Biden na Pensilvânia, chegando ao número de 270 delegados no colégio eleitoral e consequentemente, o cargo de presidente dos Estados Unidos.

O risco de contestação de resultados existe e provavelmente veremos questionamentos legais por parte da campanha Trump nos próximos dois meses, seja por meio de recontagens ou decisões judiciais, o que pode causar um aumento na volatilidade nos mercados. A data limite para resolução é 14 de dezembro, quando o colégio eleitoral realiza sua votação.

Presidência Democrata X Senado Republicano

Mesmo com essas questões, o cenário mais provável é o retorno do democrata à Casa Branca, de acordo com as expectativas anteriores do mercado. Adicionalmente, a câmara dos representantes deverá confirmar a maioria democrata nos próximos dias, enquanto o partido republicano encontra-se mais perto de ficar com a maioria no senado.

Tal maioria impede o governo Biden de realizar mudanças estruturais muito significativas, o que agradou o mercado, principalmente em relação à tributação de grandes empresas e indivíduos de alta renda, que foi parte importante da campanha do democrata. O mercado americano respondeu positivamente a essa combinação de presidência democrata e senado republicano, com o S&P500 fechando a semana em +7,32%.

Pontos de atenção

Adicionalmente, outros pontos para ficar de olho em relação às políticas econômicas do governo Biden incluem pacotes de estímulo fiscal, já recomendados pelo FED e que somados a grande liquidez mundial e baixas taxas de juros podem vir a favorecer em grande parte economias emergentes, como a brasileira. O movimento do dólar nos próximos meses deve ser fortemente influenciado por estas medidas, que dependem também de aprovação do senado.

Em termos de relações bilaterais, a pauta ambiental deve marcar presença nas tratativas entre Brasil e EUA. O governo Biden tem a intenção de retornar ao acordo de Paris – deixado por Trump – e já mencionou que terá como uma de suas frentes esforços para preservação da Amazônia.

Atenção voltada para o Coronavírus

Resolvidas as principais incertezas quanto ao cenário eleitoral americano, o mercado tende agora a se voltar para o assunto do ano: a pandemia da COVID-19, que tem se reacendido na Europa com a chegada do inverno, levando diversos países a declararem lockdowns parciais e totais.

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