Carta do Gestor: novembro de 2021

  • 25/11/2021
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Estamos vivendo o cenário de incertezas…

Depois de viver a maior recessão de sua história, uma forte mudança na política econômica e a aprovação de algumas reformas importantes permitiu ao país entrar num ciclo de queda de taxa de juros, gradual e sustentável, como nunca tivemos a oportunidade antes.

E juro baixo é bom para todo mundo. Aliás, nem todos – o juro alto permitia ótimos ganhos na renda fixa, com liquidez e sem rentabilidade, uma verdadeira festa para os rentistas. Mas o juro realmente baixo permitiu que as empresas conseguissem financiamentos a valores mais justos, o que gerava maior desenvolvimento, crescimento e, claro, geração de empregos. Sem falar do endividamento da população, que perde parte da sua renda no pagamento de juros altos.

Isso gerou uma grande mudança na alocação das carteiras. Os investidores tiveram que repensar seus objetivos e investimentos. A reserva e a liquidez deixaram de ter rentabilidade e a procura por ganhos, cada vez mais, ficou associada à assunção de riscos. Foi um grande amadurecimento dos investidores.

O mesmo movimento foi verificado nos fundos de pensão, que antes tinham um grande colchão de segurança nos títulos públicos (que garantiam o atingimento das metas atuariais), tiveram também que assumir mais riscos.

Mas aí veio a pandemia. Medidas drásticas de estímulo e injeção de liquidez. Auxílios para garantir a renda mínima dos que perderam trabalho. Medidas excepcionais sendo adotadas pelo executivo que permitiu, tanto ao legislativo como estados e municípios, ter acesso a novas verbas que andavam escassas desde a adoção do teto de gastos e da “despolitização” do comando de estatais.

Somado a isso, um governo frágil, com uma comunicação muito ruim, problemas de relacionamento com os outros poderes, preocupado com a reeleição e com forte viés populista.

O resultado disso tudo foi um grande retrocesso em relação a austeridade fiscal e uma enorme desconfiança dos investidores que motivaram o redirecionamento dos juros (que já vinham pressionados pela inflação) para os mesmo patamares de antes, ou seja, a volta dos juros altos.

E juro alto faz os investidores reprecificarem o valuation das empresas, ou seja, bolsa para baixo. Como já vimos diversas vezes, os investidores de primeira viagem na bolsa começam a rever suas posições e buscar novamente a rentabilidade alta e estável na renda fixa.

O ponto focal dessa história toda é que, no meio disso tudo, as empresas estão (na média) entregando resultados excepcionais! Muitas delas, os melhores resultados de toda a história, incluindo empresas com muitas décadas de atuação o que faz seus múltiplos estarem atualmente em patamares poucas vezes vistos. Ou seja, tem muita empresa barata por aí!

Confira a nossa análise semanal do cenário macroeconômico com foco nos investimentos, por Alexandre Amorim, CGA.

E mais, o mercado corporativo continua ativo, com fusões, aquisições e investimentos e muitos dos indicadores econômicos mostram que a situação fiscal pode não ser tão ruim assim.

Ou seja, mais uma vez, estamos vivendo o cenário de incerteza e, como muito falamos, o mercado antecipa os fatos. No momento, olhando para o micro (fundamento das empresas) vemos excelentes oportunidades. Olhando para o macro, a incerteza prevalece. O resultado dessa equação é que estamos com preços nivelados considerando o pior dos cenários.

Olhando pela ótica do investidor, crises trazem oportunidades. E essas oportunidades valem tanto para os mais conservadores, que hoje conseguem rentabilidade em investimentos que há um ano atrás eram praticamente nulos (cenário de Selic a 2% ao ano), como também para quem tem, de fato, visão de longo prazo e tem à disposição grandes barganhas. Mais uma vez, a adequação ao perfil e a frieza para entender os movimentos do mercado com razão e não com emoção, são fundamentais.

Como diz o ditado, “mar calmo nunca fez bom marinheiro”.

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