O mês de fevereiro ainda continuou tomado pelo otimismo no mercado financeiro. A inflação finalmente controlada e caminhando para o centro da meta (4,5%a.a.), o caminho livre para uma queda consistente dos juros e, com isso, um cenário melhor para empresários e investidores – tudo isso vem gerando um grande ânimo no mercado financeiro.
Como sabemos, o mercado sempre se antecipa aos fatos. Se a perspectiva é de melhora, investidores se animam. Mas até onde vai essa melhora? Deixamos realmente a recessão pra trás?
Ao que tudo indica, sim. Mas estamos no Brasil, com um governo que se diz diferente mas que, no fundo, é situação desde 2010. Ok, suas atitudes são diferentes (ao menos na economia), mas todo seu elenco está comprometido até o pescoço no evento que derrubou o governo anterior: a lava jato. As delações recentes e os desmembramentos da operação chegam cada vez mais perto de boa parte do parlamento, ameaçando homens de confiança do governo.
Infelizmente, no Brasil, a satisfação do povo e o sentimento em relação à política está diretamente ligado ao ‘dinheiro no bolso’. Para ganhar a confiança do povo é preciso fazer a economia voltar a crescer e, para isso, é preciso botar a casa em ordem – aprovar reformas, diminuir gastos e conquistar investimentos. Ou seja, a economia continua extremamente ligada à política.
E como isso pode afetar o mercado?
O otimismo que tomou conta do mercado pode estar se transformando em euforia. As reformas já estão sendo ‘precificadas’ e qualquer ruído político pode fazer o mercado se ‘desanimar’ do dia para a noite. E motivos para barulho no meio político é o que não falta!
Portanto o momento é de cautela. Há duas coisas que movimentam o mercado: os fundamentos e o fluxo de investimentos. O fluxo tenta antecipar os fundamentos e foi o que ocorreu recentemente. Mas caso os fundamentos não venham a se fortalecer, esse fluxo pode ir embora tão rápido quanto entrou.
Alexandre Amorim, CGA, CFP®.
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