Carta do gestor: junho/2018

  • 06/07/2018
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atual situação economica do Brasil

O primeiro semestre do ano foi marcado pela volatilidade. E muitas coisas podem ser citadas como motivadoras dessa oscilação exacerbada que foi vista nos mercados. Aqui no Brasil temos a incerteza gerada pela indefinição do quadro político, a falta de uma agenda econômica e a greve dos caminhoneiros. Lá fora, a diminuição do crescimento na zona do Euro e da China, as medidas protecionistas e de estímulo ao crescimento interno nos EUA e as confusões de Donald Trump com outros líderes mundiais.

Recapitulando um pouco o que aconteceu aqui no Brasil nesse primeiro semestre, encerramos 2017 enterrando de vez a possibilidade de reforma da previdência, que é a maior preocupação em relação ao problema fiscal. O governo combalido não tinha nenhuma força no congresso e ficamos sem previsão de votação de qualquer agenda importante para a economia. Ou seja, estávamos ao “som do vento” até que houvesse a definição do quadro eleitoral.

Lá fora, desde novembro passado estavam claras as intenções de Trump para estímulo da economia interna via isenções e subsídios tributários e outras medidas protecionistas. O resto do mundo já entrava em “voo de cruzeiro”, com as economias se estabilizando e, consequentemente, gerariam a retirada de estímulos monetários.

Com tudo isso, começamos o ano com o mercado eufórico por aqui. Aparentemente os investidores enxergavam que, apesar de tudo, o Brasil ainda era um mercado que ofereceria potenciais de ganhos elevados. A bolsa subiu mais de 10%, dólar e juros caíram consideravelmente.

A partir de fevereiro começamos a ver a volatilidade imperar. Nos três meses que se seguiram, as ações começaram a apresentar sinais distintos. Enquanto a maioria das ações caíam, as empresas ligadas a commodities ainda apresentavam valorização. Dólar começou sua escalada de alta e os juros ainda mantiveram um padrão mais comportado.

Aí veio maio. A escalada do preço do dólar faz a Argentina tomar medidas drásticas. Pelo mesmo motivo, o Banco Central brasileiro resolve encerrar o ciclo de queda de juros de uma forma meio atabalhoada, o que confundiu o mercado. E pra fechar o mês, explode a greve dos caminhoneiros. Isso fez com que nossa bolsa de valores despencasse, devolvendo todos os ganhos do ano.

Mas ok. Temos sim motivos para gerar todas essas incertezas. O que diferencia a economia de janeiro, quando o mercado estava eufórico, de maio, o auge do pessimismo?

De fatos novos tivemos a greve dos caminhoneiros – que teve impactos diretos na atividade, inflação e na autoridade do governo. Lá fora, os rompantes de Trump que ameaçam uma guerra comercial com China & Cia pode gerar uma queda no comercio e, consequentemente, no crescimento da economia mundial. Todo o resto, já estava na pauta.

“O mercado é um pêndulo que sempre oscila entre um otimismo insustentável, que torna as ações muito caras, e um pessimismo injustificável, que as torna muito baratas.”.

Benjamim Graham

Não houve mudança significativa no quadro político local. Ainda há indefinição sobre as eleições, mas, por outro lado, aparentemente não há o risco de um candidato aventureiro sair vitorioso nas eleições. A previsão de crescimento do país em 2018 foi afetada sim, mas também não houve mudança significativa no cenário para crescimento das empresas.

Provavelmente, a principal perda ocorrida esse ano tenha sido a da confiança.

Assim como colocamos quando ocorreu a mudança de governo e equipe econômica, há dois anos, o aumento da confiança pode ser a mola propulsora para o próprio crescimento da economia. Da mesma forma, a falta de confiança leva pessoas e investidores a se retrair. Com um governo combalido e um novo ciclo prestes a iniciar, é normal que investimentos sejam adiados até que haja maior definição sobre a política econômica do país.

Entretanto, essa situação tem prazo de validade. Teremos eleição em outubro e, a partir daí, iniciaremos um novo ciclo. Entendemos como pouco provável que o próximo presidente se esquive dos problemas atuais, especialmente o fiscal, e que não há motivo para esse pessimismo exagerado.

Portanto, no momento é necessário manter a cabeça no lugar. Fazer o exercício de analisar a situação de cima e num horizonte mais longo para não se deixar levar tanto pela euforia, quanto pelo pessimismo exacerbado. Crises sempre existiram e vão continuar existindo e o mercado sempre será esse pêndulo citado por Benjamin Graham (ele citou essa frase a mais de 100 anos atrás), logo, a paciência e a atenção se tornam as maiores virtudes do investidor.

 

Alexandre Amorim, CGA, CFP®


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