Carta do Gestor: janeiro/2017

  • 05/01/2017
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Que ano! E olha que os anteriores não foram brincadeira, mas 2016 foi um ano exaustivo! Além da quantidade enorme de eventos, boa parte deles teve finais surpreendentes ou inesperados.

Delações, prisões, gravações, protestos, senador preso, presidente da câmara cassado e o impeachment. Pausa para a Olimpíadas! Brexit, Cuba & EUA, Colômbia & FARC, Uber, ataques terroristas e greve dos bancários (é, teve e durou um mês). Cansou? Eleições municipais, crise nos estados, Trump eleito, teto dos gastos aprovado e reforma da previdência enviada ao congresso!

Pois é, tanta coisa para falar que vamos nos ater (ou pelo menos tentar) apenas à economia.

Meu pai, que já viu tanta coisa acontecer nesse país, não consegue entender como que a situação chegou a esse ponto e estourou de maneira tão contundente. O que ocorreu é que se aproveitaram de um sistema grande, complexo e burocrático, para manter as aparências enquanto o sistema ruía. E, ironicamente, foi justamente esse sistema que derrubou a presidente.

O ano iniciou com uma descrença total no executivo e uma desconfiança recorde no legislativo – que não conseguiam se entender. Isso se traduziu em uma completa ingovernabilidade e, por consequência, acabou com o pouco de confiança que ainda poderia existir entre investidores e empresários. A economia literalmente parou e afundamos na pior recessão da história.

Com o impeachment, havia a esperança de que a confiança voltasse, trazendo com ela investimentos que, por sua vez, seriam a força motriz para que a economia retomasse o caminho do crescimento. De fato, os movimentos do governo foram no sentido de restabelecer a confiança. Mas, se por um lado foi nomeado uma equipe econômica séria e comprometida, a equipe política fazia parte da velha guarda e trouxe consigo um caminhão de problemas – especialmente em relação a lava jato.

A seguir, tivemos uma volatilidade imensa das expectativas, que se refletiam nos indicadores econômicos, imediatamente após qualquer notícia ou boato. Depois de todo o tumulto recente, qualquer sinal de ‘ingovernabilidade’ era (e continua sendo) um alerta e tanto para os investidores.

De fato, os legados são muitos para serem digeridos em apenas um ano. Vamos ainda sofrer com o problema fiscal (especialmente com os estados), com a recessão, o desemprego e suas consequências sociais, especialmente o aumento da violência urbana.

Mas, é muito possível que tenhamos um 2017 melhor que 2016, mesmo que ainda longe – muito longe – de ser um ano tranquilo. É provável que a inflação dê uma trégua e, com isso, a possibilidade de uma queda mais contundente nos juros e que podem vir a estimular a economia com o aumento de investimentos. Mas, não dá para esperar muito mais do que isso.

O ano de 2016 vai ficar na memória, tanto na do meu pai como de todos os brasileiros, como o ano em que o estopim foi acionado.  Porém, devemos lembrar que tudo o que aconteceu na nossa economia e política não começou esse ano – o que iniciou foi o tratamento, que é amargo e doloroso.

Não se pode negar que tudo isso vai deixar um legado – hoje todos estão mais politizados, conscientes, e existe uma transparência muito maior em relação a coisa pública. Acredito que esse pode ser o grande legado depois de um ano tumultuado. Que venha 2017 e com ele o início de um novo ciclo!

Alexandre Amorim, CGA, CFP®.


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