Carta do Gestor: agosto/2017

  • 05/08/2017
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APESAR DA POLÍTICA, O MERCADO BRASILEIRO SE MANTÉM ANIMADO

Para variar tivemos mais um mês daqueles! Tanta coisa aconteceu nesse período tão curto que, lembrando de alguns fatos, tem-se a impressão de que eles são de um longo passado e não de algumas semanas atrás.

Começamos o mês tendo como centro das atenções a denúncia contra Michel Temer e, em alguns momentos, chegou a parecer certa a sua queda. Mas o jeitinho brasileiro de fazer política falou mais forte, e com a caneta (e dinheiro) na mão, o governo conseguiu mudar o cenário e, além de reverter o relatório na CCJ ainda conseguiu seu arquivamento na câmara.

Mas de fato, apesar de toda a bandalheira na política, o mercado financeiro se manteve animado. E já que em política continua impossível fazer qualquer previsão de médio ou longo prazo, vamos nos ater mais ao que influenciou a economia.

Dois fatos político/polícias motivaram muito o mercado – a aprovação da reforma Trabalhista e a condenação de Lula. A Reforma foi de grande importância porque trás mais competitividade as empresas e precisamos disso para ver a economia voltar a crescer. Mas também porque mostrou que o congresso está sim preocupado com a agenda de reformas e, possivelmente, independente do que aconteça com o governo, a agenda de reformas deve ter continuidade.

Já a condenação de Lula afasta um pouco do mercado o fantasma de mais populismo ditando a eleição de 2018. É fato que o nome de Lula é forte e por isso, somado a memória curta do brasileiro para política e políticos, ele sempre aparece como favorito nas pesquisas. Mas também é fato que sua rejeição é muito maior que sua popularidade.

Na economia a agenda também foi agitada. O IBC-BR, que funciona como uma prévia de PIB, voltou a apresentar números negativos. Por outro lado, tivemos criação de vagas de emprego positivas pelo terceiro mês consecutivo e a taxa de desemprego caiu pela primeira vez desde que começou seu ciclo de alta em 2014. Na verdade, a queda reflete o aumento de trabalhadores informais, mas de uma forma ou de outra, são mais trabalhadores recebendo pela prestação de serviços.

A inflação também continua em sua trajetória de queda surpreendendo com números ainda menores que os previstos pelo mercado. O IPCA de junho apresentou deflação, ou seja, veio 0,23% negativo. Foi a primeira variação negativa em 11 anos e, com isso, o índice acumulado em 12 meses está em 3%. A inflação de julho, que será divulgada nos próximos dias, é estimada em aproximadamente 0,10%. Caso o número se confirme o acumulado de 12 meses ficará abaixo da banda buscada pelo Banco Central (meta de 4,5% com variação de 1,5% para cima ou para baixo).

E a inflação baixa foi um dos principais motivos que levaram o Copom a voltar a intensificar a queda dos juros. A queda na reunião do fim de julho foi de 1% e com isso a SELIC caiu para 9,25%. O mercado também voltou a intensificar suas apostas na queda e voltaram a prever SELIC perto dos 7,5% ao fim de 2017.

Mas como nem tudo são flores, os gastos do governo e a baixa arrecadação levaram a equipe econômica a aumentar, de forma significativa, os impostos sobre os combustíveis. Possivelmente o aumento não seja suficiente e obrigue o governo a rever a meta fiscal, que já previa um rombo de R$139bi.

Bom, como sempre, o cenário não é fácil. Por outro lado, comparando-se com o que tínhamos a alguns anos atrás, podemos dizer que, apesar de ruim, há maior previsibilidade. E a expectativa é muitas vezes a força propulsora da melhora. Nos resta agora sobreviver até as eleições de 2018.

Alexandre Amorim, CGA, CFP®


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