Carta do Gestor: abril/2016

  • 18/04/2016
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“O Brasil vai passar por esse momento turbulento, vai sair muito mais forte e voltar a crescer, antes ainda do que se imagina.”

Mentira, 1º de abril!!!!!

Qualquer prognóstico feito hoje, para o futuro próximo do Brasil não será preciso. Vivemos um momento ímpar, quando é impossível prever qual será o desfecho da atual crise politica e econômica. E pior: pelo que tudo indica, o momento em que chegamos foi gerado pelo acumulo de uma série de mentiras e omissões.

Eu cresci ouvindo que o Brasil era o país do futuro. Aprendi o que eram juros compostos quando meu pai respondeu como que uma inflação mensal de 20% correspondia a uma taxa anual de 1.000%. Depois de inúmeros planos econômicos e cortes de zeros, a estabilização da moeda fez acreditar que o país tinha jeito. Aí, na década passada, o crescimento da China e o ‘boom’ das commodities fizeram o Brasil deixar a alcunha de país de terceiro mundo e se transformar em ‘emergente’. Nessa época pensei: parece que finalmente o futuro chegou.

Agora, percebemos que isso tudo era um castelo de areia – que no primeiro tsunami (não, não era só uma marolinha!), tudo está ruindo.

“Marqueteiros e media training deveriam ser proibidos na política”

Ouvi essa frase de um cliente logo após alguns fatos que vieram à tona recentemente no noticiário político/policial.

Há um tempo estamos sendo enganados, com a minimização de problemas graves; com a deturpação da realidade, e com a alimentação de falsas esperanças. A situação que enfrentamos hoje parece muito com a de uma família que perde rendimentos, mas mantém as antigas aparências – acumulando dívidas e tirando proveitos de favores de familiares. Os filhos, que ainda acham que podem consumir e aproveitar os prazeres de uma vida abastada, estão vivendo uma fantasia, uma mentira contada pelos pais.

Com o advento dos smartfones que gravam as pessoas em seu cotidiano, estamos vendo muitos políticos se comportando como são de verdade, e não da forma que aparecem na TV. Ao que parece os políticos se comportam como atores de uma novela, no melhor estilo ‘drama social’.

A última eleição presidencial escancarou essa faceta dos políticos. Após adotar uma postura na campanha a presidente reeleita adotou uma posição antagônica após a confirmação de vitória. Tanto que conquistou a antipatia até mesmo de sua base aliada e popularizou a expressão ‘estelionato eleitoral’.

Mas quais foram as mentiras, e qual a verdadeira atual situação econômica do Brasil? 

Não dá pra negar que vivemos hoje em melhores condições do que a 20 ou 30 anos! O problema é que, depois dos ciclos de melhora e enriquecimento geral da população, passamos por uma retratação generalizada, quando medidas de contingenciamento deveriam ter sido adotadas.

Tal qual a família que não quer mostrar  seus filhos a dificuldade financeira que enfrenta, o governo adotou uma série de medidas que não solucionaram os problemas – Em vez disso, aprofundaram e empurraram os problemas mais pra frente.

Os problemas não são poucos. Batemos recentemente uma série de recordes negativos: resgates da poupança, endividamento (do governo e da população), déficit das contas do governo, crescimento do desemprego, diminuição do salário real e muitos outros.

O fato é que o Brasil está empobrecendo, muito, muito rápido. Mas é muito difícil falar para sua família que você foi um mau administrador e que todos precisam fazer um esforço conjunto e se sacrificar no momento para que o futuro seja melhor.

Onde isso vai acabar? O lado bom dessa história é que temos em curso uma investigação que está desmascarando o maior escândalo de corrupção da história do país. O escândalo é tão grande justamente por conta da cultura da mentira arraigada no sistema público e político brasileiro.

Como disse, o desfecho da atual situação é imprevisível. Mas um dos legados de todos os problemas atuais será a conscientização e politização do povo em geral. Isso talvez seja o primeiro passo para que no futuro não sejamos mais coniventes com mentiras. Assim teremos um país mais sério e justo.

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