Carta do gestor: abril 2020

  • 15/05/2020
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É preciso mudar nossas vidas e hábitos?

Depois da loucura vivida a partir do carnaval, pode-se até dizer que estamos vivendo tempos melhores. Mas ainda muito longe de serem tranquilos.

O movimento nos mercados foi equivalente ao da pandemia, ou seja, uma coisa nunca vista antes. No mês de janeiro já convivíamos com esse novo Coronavírus, mas com as informações que se tinha na época, tudo levava a crer que seria como já aconteceu muitas vezes antes e ninguém conseguia imaginar que o mundo ia, literalmente, parar.

Em questão de dias, o mundo virou de cabeça pra baixo. As projeções para o ano, que eram as melhores em um bom tempo, se tornaram as mais catastróficas possíveis. Mas aí chegou abril, e algumas projeções já começaram a dar lugar a resultados. As curvas de contágio em muitos países começam a declinar (o que é muito importante, pois até então só existiam os dados da China e que deixaram de ser confiáveis) e os EUA, que viu explodir o número de casos, já começa a dar sinais de controle.

Por aqui, os últimos meses estão sendo intensos. Parece que, mesmo que por caminhos tortos, conseguimos de certa forma promover o tal achatamento da curva de contágios. Mas, como o Brasil é um país continental, a situação é bem diversa. Enquanto alguns estados e cidades estão sofrendo mais pressão em seus sistemas de saúde, muitos outros não tiveram qualquer problema com sua capacidade hospitalar e, inclusive, já promovem o afrouxamento da quarentena.

Confira a nossa análise semanal do cenário macroeconômico com foco nos investimentos, por Alexandre Amorim, CGA.

E os investimentos, como ficam?

Já vínhamos passando por uma grande mudança na forma de investir. Com projeções de inflação baixa e de retomada do crescimento, somados a queda da SELIC, o brasileiro se via obrigado a mudar seu perfil de investimento. Isso porque não existiam mais investimentos que trouxessem retorno com liquidez e sem volatilidade.

E nesse cenário, vimos o Banco Central ser ainda mais agressivo no corte da SELIC, levando nossa taxa de juros para um valor menor do que a meta de inflação para o ano. Isso praticamente obriga os investidores a, de fato, montarem carteiras de investimento que levem em conta seus perfis de investimentos e objetivos. Mais do que isso, a volatilidade passa a ser uma constante, o que torna necessário analisar a carteira de acordo com seu prazo de investimento.

É fato que crises trazem oportunidades e muitas delas têm aparecido até mesmo em investimentos mais conservadores, como a renda fixa. Mas, mesmo na renda fixa, a volatilidade está presente – mais do que nunca.

Muitos correram para buscar oportunidades na bolsa. Muitos deles são investidores mais maduros e com visão de longo prazo e que não vão sofrer com uma possível queda adicional no curto prazo. Alguns foram apressados, que buscavam fazer o famoso “preço médio” ou buscar ‘pechinchas’, muitas vezes buscando recuperar prejuízos e sem ter muita noção do risco que estavam correndo.

Temos sim, um ambiente muito desafiador pela frente. Ninguém sabe ao certo como será o mundo depois dessa pandemia, quanto tempo vai durar, quais setores serão mais afetados e, se o home office vai mudar nossas vidas e hábitos.

No Brasil, além de tudo, temos um sério problema político. A pandemia abriu uma brecha orçamentária que já não existia mais e fez aflorar os interesses de um grupo que também queríamos erradicado. Poderes que não se entendem, falta de planejamento no combate, políticos que usam a pandemia como palanque e informações demais circulando – que muitas vezes mais desinformam do que informam.

Mas o Brasil é resiliente e em crises já somos especialistas e, não tenho dúvidas, vamos superar essa também. O problema maior é deixarmos, mais uma vez, uma bela chance passar.

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