"Quero fazer uma reforma no meu imóvel que vai custar R$150.000,00. Não gostaria de resgatar dos meus investimentos e por isso pensei em pegar dinheiro emprestado para a obra. O que você acha?"
Salvo raríssimas exceções, não faz sentido.
Raríssimas exceções:
- O saldo total de seus investimentos está próximo de R$150.000,00 e você não pode esperar para começar a obra (tipo assim, o teto tá caindo). Neste caso não recomendo resgatar tudo, pois você ficaria sem reserva de emergência, então é melhor tentar conseguir o dinheiro emprestado;
- Você consegue dinheiro emprestado a juro zero (aquele “de pai para filho”) e para pagar em suaves prestações que não vão impactar tanto seu orçamento no dia a dia;
- O rendimento dos seus investimentos é maior que o juro que você pagará no financiamento (essa é praticamente impossível no Brasil).
Fora essas situações, recomendo que você resgate seus investimentos.
Um caminho bem saudável para isso seria usar parte de seus investimentos para a obra e fazer a reposição mensalmente no valor que você pagaria de parcela do empréstimo.
Exemplo prático: Para pegar R$150.000,00 emprestados a uma taxa (CET - Custo Efetivo Total) de 10% ao ano, para pagar em 5 anos (60 meses), a parcela ficaria em torno de R$3.200,00 por mês. Ou seja, você pagaria 60 x R$3.200,00 = R$192.000,00. Uma diferença de R$42.000,00 em juros.
Parêntesis: atualmente, dependendo do seu perfil, é viável conseguir uma taxa de 10% ao ano se você colocar o imóvel como garantia
Minha sugestão seria você resgatar os R$150.000,00 para fazer a obra e programar 60 aportes mensais de R$3.200,00 na sua carteira de investimentos.
Resultado: Se você tomasse o dinheiro emprestado, pagaria R$42.000,00 de juros. Fazendo dessa forma, você está pagando para você mesmo(a) R$42.000,00 de juros ao longo de 5 anos.
Teoria e prática Eu sei que a prática é diferente da teoria e que, para quem não tem disciplina de poupança, há chances de gastar os R$3.200,00 por mês com outras coisas. Porém, há formas de criar uma “poupança forçada” para isso acontecer naturalmente no mês a mês. Por exemplo: uma previdência privada com débito em conta.
Importante: a escolha dessa previdência (PGBL, VGBL, progressiva, regressiva…) deve ser feita com ajuda de profissionais, senão a estratégia toda pode ir por água abaixo.
Usei um exemplo de obra, porque foi a pergunta que um cliente me fez recentemente, mas tente fazer esse exercício para outras coisas que você deseja comprar.
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