O melhor investimento
Jailon, qual o melhor investimento hoje em dia?
Se o gênio da lâmpada aparecesse para mim, um dos meus pedidos seria ganhar R$100,00 a cada vez que alguém me faz essa pergunta. Seria um baita plano de aposentadoria.
Minha recomendação é sempre o famoso “volte duas casas” e entenda qual o seu objetivo com este investimento (reserva de emergência? aposentadoria? - veja mais aqui). Além disso, conheça seu perfil comportamental e considere seu momento de vida e sua capacidade financeira de tomar risco (veja mais aqui).
Ok Jailon, em 2019 eu fiz tudo isso aí de objetivos e perfil de risco, montei uma carteira de investimentos e segui feliz com meu dinheiro rendendo mais que a poupança (meu antigo investimento, do qual ainda me envergonho). Então, chegamos em março de 2020 e eu fiquei dias sem dormir, porque perdi muito dinheiro na bolsa. Como achar um equilíbrio?
Sendo bem direto na resposta: procure ajuda profissional para fazer a gestão dos seus investimentos.
Motivos:
- Se você trabalha de 30 a 60 horas por semana, não terá tempo para acompanhar seus investimentos e aprender a fazer a gestão deles por conta própria;
- Um bom profissional vai separar seus investimentos em caixinhas e você sempre terá uma reserva de emergência para momentos de crise;
- Nós, enquanto seres humanos imperfeitos, temos ilusões cognitivas (veja mais abaixo). Quando você transfere a responsabilidade de gestão para um profissional, evita que estas ilusões atrapalhem você nos momentos de muita queda no mercado (por exemplo, março de 2020).
Eu sei, eu sei… Falar “ilusões cognitivas” é dose. Em resumo bem resumido, elas são uma falha padrão (sim, acontece com todo mundo) no nosso sistema mental.
Explico melhor.
Os quadrados pequenos da imagem abaixo, têm a mesma cor?
Sim, eles têm. Só não aparentam ter, porque estão inseridos em contextos diferentes, gerando uma ilusão de ótica.
Quando estamos inseridos em contextos diferentes na nossa vida (por exemplo, na hora de decidir sobre onde investir), temos a mesma ilusão, mas ao invés de ótica, ela é cognitiva (atrapalha nossa forma de pensar e tomar decisão).
Exemplo prático:
Murilo (veja que seguimos criativos com os nomes fictícios aqui) começou a investir na bolsa em janeiro de 2019 e pelo perfil de risco que o sistema da corretora apontou, ele é um investidor arrojado.
A bolsa de janeiro a dezembro de 2019:
Naquele momento Murilo percebeu que estava certo, porque aguentou bem as oscilações do mercado e ganhou dinheiro.
- Contexto: mercado em alta, com oscilações normais para o mercado de ações.
- Emoção percebida: otimismo (aquele que “cega”, sabe?).
- Decisão: vamos em frente, Murilo investiu todo o dinheiro na bolsa (dezembro/19)!
A bolsa de dezembro/2019 até abril/2020:
Murilo se desesperou. Os investimentos caíram 40% em poucos dias. Ele ligou para a corretora e lá o pessoal também estava em pânico, porque nunca tinham visto aquilo antes.
- Contexto: queda brusca, muita incerteza e sem perspectiva de melhora.
- Emoção percebida: desespero (aquele que também “cega”, sabe?).
- Decisão: vende essas ações, isso não é pra mim!
A bolsa de abril/2020 a dezembro/2020
Murilo está frustrado, porque alguns amigos recuperaram seus investimentos e ele percebeu que “saiu da bolsa na hora errada”.
- Contexto: euforia e recuperação rápida (aliás, bem mais rápida que o esperado neste caso).
- Emoção percebida: frustração.
- Decisão: nunca mais ter investimentos arriscados, vou voltar para a poupança que é segura!
Perceba que nós temos limitações reais e importantes para tomada de decisão. Influenciados pelo contexto (lembra dos quadrados cinza lá em cima?), nossa tendência natural é agir por impulso e depois pensar se era o melhor a ser feito.
Em algumas situações não há consequências graves em agir assim, mas é só olhar para o exemplo do Murilo para entender que, no caso de decisões que impactam no nosso bolso, as consequências são bem sérias.
Por isso, ao investir nosso dinheiro é preciso racionalizar as tomadas de decisão.
Conseguimos fazer isso sozinhos?
Normalmente não!
E esse é um dos motivos pelos quais, na minha opinião, a gestão profissional dos investimentos é o melhor caminho.
Não que eu não goste quando clientes e amigos decidem fazer seus investimentos sozinhos em ações, fundos de investimentos e títulos. Eu acredito que esta é uma boa forma de aprendizado e que, se for essa sua intenção (aprender), você deve fazer, mas começando com uma parte bem pequena dos seus investimentos. Depende do seu contexto, mas minha recomendação é que não passe de 5% do total que você tem disponível para investir.
Tenha cuidado com o dinheiro suado que você conquistou. Lembrando que deixar o dinheiro na poupança ou em fundos de renda fixa do seu banco está bem longe de ter cuidado com ele.
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