R7 – Aprenda como dar mesada e ensine seu filho a lidar bem com dinheiro

  • 14/10/2019
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Dar mesada é uma das melhores maneiras de ensinar crianças e adolescentes a lidarem com o dinheiro, mas precisa ter estratégia, não pode começar do nada.

“De repente a criança começa a ganhar dinheiro sem explicação e pensa: o pessoal aqui dessa casa gosta tanto de mim que até me paga por isso”, brinca a educadora financeira Cássia D’Aquino, autora do livro “Como falar de dinheiro com seu filho”.

Segundo ela, a mesada é um bom instrumento para ensinar a lidar com dinheiro, pois pode ensinar a administrar um orçamento, a gerir despesas e receitas e também a poupar. Mas pode ser uma armadilha, se não tiver comprometimento dos pais. “Seria melhor não dar mesada se não tiver compromisso e usar de forma errada”, diz.

A planejadora financeira Annalisa Dal Zotto, da Par Mais Investimentos Financeiros, concorda: mesada não é prêmio por bom comportamento, não deve ser utilizada como pagamento por tarefas realizadas em casa nem deve servir de punição.

“Esse é um erro muito comum, os pais não devem fazer chantagem. Não pode, por exemplo, não dar o dinheiro se a criança se comportar mal ou tirar nota baixa na escola. Há outras formas de resolver essas questões. Dinheiro da semanada/mesada é sagrado”, diz.

Afinal, só tendo o dinheiro na data certa e na quantia combinada é que a criança ou adolescente poderão aprender a como lidar com receitas e despesas e também a tomar decisões com aquele dinheiro. Se não puderem contar com ele, a mesada perde o sentido.

Veja mais dicas das especialistas sobre como dar mesada:

1. O que é e para que serve a mesada?

Oferecer mesada às crianças pode cumprir algumas finalidades importantes no processo de educação financeira: mostrar que o dinheiro é limitado, transmitir os princípios da família e estimular a criança a praticar a autonomia. Porém, não basta fornecer o dinheiro, é preciso orientar como os valores devem ser conquistados e gastos.

2. Qual a idade ideal para dar mesada?

A melhor idade para começar a fazer uso da ferramenta é por volta dos 7 ou 8 anos, quando a criança já sabe as operações matemáticas básicas para saber fazer contas e lidar com o troco.
É preciso acertar no valor, respeitando a realidade financeira da família.

Dar dinheiro em excesso desenvolverá no seu filho uma noção de que o dinheiro vem fácil, gastará sem critério. No entanto, se der muito pouco ele poderá se ver desestimulado a gastar para somente poupar.

Os pais devem estabelecer o valor da mesada através de critérios. É preciso eleger quais são os gastos que a mesada vai incluir. Se os critérios forem a cantina da escola, as figurinhas do álbum e o cinema, ela deve ser suficiente para tanto.

3. É melhor dar mesada ou semanada?

O ideal é começar com semanada (entregar o dinheiro uma vez por semana), depois quinzenalmente, até chegar na mesada, que é quando o dinheiro será entregue apenas uma vez no mês. Para Analisa, os pais devem estar atentos do melhor momento para fazer transição na medida em que a criança vai criando maturidade e organização.

Cássia D’Aquino diz que o ideal é que a mesada só seja dada a partir dos 11 anos, quando o tempo passa a ser compreensível para a criança. Antes disso, um mês é tempo demais para uma criança administrar. “Se ela cometer um erro e gastar todo o dinheiro da mesada — for à falência — ela terá de esperar um mês inteiro para recuperar o dinheiro e pode se decepcionar ou não entender por que está sendo punida. Recebendo uma quantia semanal, ela vai aprendendo a lidar melhor com o dinheiro e a fazer melhores escolhas.

“Fiquei sem dinheiro semana passada, essa semana não vou comprar todo o chocolate que vir pela frente, ela pode pensar.” É importante que os pais não deem dinheiro extra quando a criança gastar tudo e ficar sem. Isso faz parte do aprendizado.

4. Quanto dar de semanada/mesada em cada idade?

A educadora Cássia D’Aquino sugere as seguintes quantias:

SEMANADA (quantia entregue por semana para a criança)
6 anos – R$ 6
7 anos – R$ 7
8 anos – R$ 8
9 anos – R$ 9
10 anos – R$ 10

MESADA (quantia a ser entregue uma vez por mês)
11 anos – R$ 44
12 anos – R$ 96
13 anos – R$ 104
14 anos – R$ 112
15 anos – R$ 180
16 anos – R$ 192
17 anos – R$ 204
18 anos – R$ 216

“Esses valores são baseados na experiência, na quantia que as crianças e jovens conseguem manejar. Não importa que os pais sejam multimilionários, o importante é ensinar a eles como administrar esse dinheiro”, diz.

5. A criança e o adolescente devem ser estimulados a poupar parte da mesada?

Sim.

Essa é uma das funções da mesada, afirma a educadora Cássia D’Aquino: aprender a desenvolver um micro-orçamento, aprender como lidar com a receita e despesa e aprender a poupar. O ideal é que a criança aprenda a fixar um objetivo, que vai ser de curtíssimo prazo, como comprar um brinquedo, e ir poupando um pedacinho da poupança para conseguir atingir esse objetivo. “É preciso ensinar que é uma delícia gastar e que poupar é tão gostoso quanto”, diz.

Para Annalisa Dal Zotto, é interessante estimular a criança a poupar parte da mesada para alguma meta (por exemplo: comprar um jogo ou um novo brinquedo). um dos principais objetivos da mesada é auxiliar no desenvolvimento da autonomia. Por isso, os pais não devem direcionar a criança, o tempo todo, em relação à utilização do próprio dinheiro. Mas eles podem e devem conversar a respeito, tirar dúvidas e orientar.

6. Onde guardar a mesada? Cofrinho ou poupança?

Para os menores, é interessante o uso do cofrinho para que a criança tenha contato com o dinheiro no dia a dia. “Além disso, ela pode ir guardando o troco da padaria, do supermercado…”

É importante que o cofrinho não seja caro demais, pois uma hora ele irá ser quebrado. Um cofrinho que permita retirada e recontagem também é interessante.

Para as crianças maiores, abrir uma poupança também é educativo, diz Cássia. Mas é importante que ela seja envolvida no processo todo, como ir até o banco, conversar com o gerente, e acompanhar o extrato de sua conta para ver como o dinheiro vai crescendo. “Tudo isso faz com que se perca o medo de lidar com dinheiro e entenda que é apenas prática”, diz Cássia.

7. E se a mesada acabar antes do prazo, os pais devem dar mais dinheiro?

Não.

É recomendável deixar a criança livre para suas próprias escolhas, mesmo que implique em erros, ensina Annalisa Dal Zotto.

“Ao pegarem o dinheiro na mão pela primeira vez, é natural que as crianças tomem decisões equivocadas. Mas é preciso deixar que aprendam com as consequências de seus atos para que, em uma próxima vez, façam escolhas diferentes. Ainda que a criança tenha de passar por um aperto momentâneo, os pais precisam resistir à tentação de emprestar ou cobrir o que ficou faltando. Melhor cometer um erro e passar por um aperto financeiro com a mesada de pequeno do que ficar no negativo quando adulto.”

8. Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço?

Vale lembrar que dar o exemplo conta muito! Crianças que convivem em um ambiente cheio de dívidas tendem a achar isso normal e a reproduzir esse comportamento na vida adulta. A atitude dos pais é uma das formas mais eficazes de ensinar aos filhos. É importante também mostrar que é preciso trabalhar para ganhar o dinheiro, mas não de uma forma sofrida, e sim de uma maneira saudável e prazerosa. O ideal é unir o exemplo e também muito diálogo.

Confira a matéria na íntegra: https://noticias.r7.com/prisma/o-que-e-que-eu-faco-sophia/aprenda-como-dar-mesada-e-ensine-seu-filho-a-lidar-bem-com-dinheiro-12102019

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