O GLOBO – Em época de turbulência, especialistas sugerem cuidados com orçamento

  • 10/07/2018
Página inicial - Na Mídia - Jornais / Revistas / TV - O GLOBO – Em época de turbulência, especialistas sugerem cuidados com orçamento

SÃO PAULO – O crescimento da economia perdeu fôlego, e a pressão do dólar sobre a inflação pode resultar em uma alta de juros um pouco mais à frente. Adicione a incerteza em relação ao desfecho das eleições, e o resultado é um cenário indefinido, que requer cautela nos gastos. Na avaliação de especialistas, é hora de rever o orçamento e evitar grandes desembolsos, principalmente atrelados a novos empréstimos.

— O momento econômico ainda é crítico. A economia dava sinais de retomada, mas a paralisação dos caminhoneiros mostrou que o processo deve ser mais lento que o esperado. Esse não é o momento ideal para contrair uma dívida — diz Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper.

A paralisação dos caminhoneiros, em maio, travou o processo de recuperação — só a produção industrial desabou 10,9% no mês. O Banco Central sinaliza a manutenção dos juros básicos, hoje em 6,5% ao ano. Só que, em junho, o IPCA, usado na meta oficial de inflação, atingiu 4,39% no acumulado em 12 meses, e começa-se a apostar em uma alta da Selic. E o desemprego continua elevado: 13,1%.

Viriato ressalta que o ideal é não se endividar neste momento, para não comprometer muito a renda no futuro. Caso tomar um empréstimo seja inevitável, ele aconselha a ficar atento à proporção dessa dívida em relação à renda, especialmente se for de longo prazo. Isso porque o cenário de juros em queda já não existe mais.

— A dívida para a compra de um imóvel, caso não dê para adiar, não pode ser acima de 30% da renda líquida. Se o empréstimo for para outra finalidade, não deve consumir mais de 10% do salário — explica.

Segundo ele, o ideal é que, em média, uma pessoa gaste 30% de sua renda com os gastos de habitação, 15% com transporte e 20% com alimentação. Os 35% restantes serão divididos entre lazer, dívidas e investimentos.

‘É HORA DE SER CONSERVADOR’

A preocupação com o endividamento não é exagerada. O brasileiro já compromete 41,3% da sua renda com dívidas. Quando se exclui o financiamento habitacional, a parcela é de 23,1%, segundo dados do BC. Quanto maior essa fatia, maior o risco de inadimplência no caso de um imprevisto.

Na avaliação de Angela Nunes, planejadora da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), neste momento, o mais importante é colocar o orçamento em ordem, sabendo exatamente tudo o que recebe e qual a destinação dos gastos. Quem tem dívidas deve tentar quitá-las o mais rapidamente possível, para fugir dos juros. O passo seguinte, segundo Angela, é fazer uma reserva de emergência (ou reforçá-la):

— É hora de ser conservador nos gastos. Quem está endividado tem de gerar capacidade para arcar com essas dívidas, reduzindo os prazos de pagamento.

Assumir um compromisso financeiro elevado, ressalta Angela, não pode ser feito sem necessidade, caso a pessoa não tenha ainda uma reserva financeira. O valor ideal dessa reserva, diz, é de no mínimo seis meses dos gastos de cada família. Esse dinheiro deve ficar aplicado em alternativas de baixo risco e alta liquidez, como títulos públicos e fundos DI, já que terá de ser sacado no caso de uma emergência, como a perda do emprego.

— A troca de um carro não é emergencial. Pode esperar. O mesmo para a compra de um imóvel. Se não há uma reserva de emergência que possa arcar com esse compromisso, não é um bom plano — afirma Angela.

DIVERSIFICAR INVESTIMENTOS

Além de não fazer dívidas, os planejadores financeiros recomendam atenção para os gastos cotidianos. Pesquisar preços é essencial. Quem não vai comprar um imóvel, mas quer reformar a casa, por exemplo, precisa contar com os contratempos, diz Annalisa Blando Dal Zotto, sócia da consultoria Par Mais.

Mas quem já tem uma reserva de emergência pode diversificar seus investimentos. Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Investimentos, cita como opção os fundos multimercados, de menor risco que as ações:

— No fundo multimercado, quem vai fazer a alocação é um gestor profissional. Ele faz uma análise dos fundamentos e pode evitar perdas mais expressivas.

Confira a matéria na íntegra: https://oglobo.globo.com/economia/em-epoca-de-turbulencia-especialistas-sugerem-cuidados-com-orcamento-22865840

Nossos artigos