Giro Financeiro – DC: o Brasil parou

  • 04/06/2018
Página inicial - Na Mídia - Giro financeiro - Giro Financeiro – DC: o Brasil parou

A falta de combustível mostrou nossa dependência do petróleo e nossa fragilidade logística. Perdas gigantes ocorreram nas exportações, na agricultura, na indústria, no comércio, em toda a cadeia produtiva e na arrecadação de impostos. Faturamento esse que não se recupera mais. Como planejadora financeira pessoal, não posso deixar de registrar minha tristeza com o imenso caos que se instalou em nosso país.

Por mais grave que seja a condição de sustentabilidade de um segmento econômico, neste caso o de transporte/frete, que de fato tinha pleitos justos, não podemos sacrificar desproporcionalmente toda uma nação. Fazer greve é uma ação garantida pela constituição e um direito democrático, mas interferir no direito de ir e vir, prejudicar milhões de pessoas, apedrejar e constranger trabalhadores que não aderiram ao movimento, isso é crime. Crime com a democracia. Crime com todos os brasileiros que não receberam tratamento médico, que não conseguiram trabalhar, que deixaram seus filhos sem escola (onde a merenda pode ser o único alimento para as crianças).

E o pior ainda está por vir. As consequências serão inúmeras. O ritmo de produção foi afetado de forma até então nunca vista por aqui. Serão longos meses de recuperação e quem vai pagar mais caro, como sempre, serão os menos favorecidos, os desempregados. Essa conta ficou bem alta também para os pequenos empresários, de agricultores a comerciantes, justamente eles que são os maiores geradores de emprego no país. Muitas atividades, que precisam do faturamento diário para pagar seus fornecedores e funcionários, ficaram paradas, sem faturar, sem ter como rodar a máquina! Os empresários não produziram, mas terão de arcar com todos os custos fixos. Foi muito triste ver a agroindústria perdendo seus animais por falta de alimento e, ao mesmo tempo, milhões de litros de leite sendo desperdiçados.

Sob a ótica do investidor em ações, a volta da regulação imposta aos combustíveis, afetou na alma da Petrobras, em consequência, o valor de suas ações voltaram ao patamar de novembro do ano passado. Todo o ganho acumulado provocado principalmente pela alta do petróleo, foi literalmente consumido por essa greve. Não estou aqui defendendo uma ou outra política de preços, só estou dizendo a Petrobras apanhou feio!

A fixação do preço do frete é outra aberração à livre concorrência e vai impactar diretamente no nosso bolso! Com os preços tabelados, para cima evidentemente, vamos ter de engolir aumento dos preços ou alguém vai assumir esse prejuízo? A quem essa medida beneficiou? Evidentemente, beneficiou as grandes transportadoras em detrimento de todos.

O que aprendemos com esse lamentável episódio? Temos que discutir e analisar o que fazer para nunca mais vivermos dias como esses. Precisamos mudar! Investir em energia solar e eólica, além de rever nossa infraestrutura de transporte, de escoamento de mercadorias e insumos e, o mais importante, rever o papel do Estado na economia.

Nossos artigos