Economia Nota 10 – Você topa trocar de emprego por um salário menor?

  • 04/09/2018
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Em épocas de dinheiro mais curto, falar em trocar de emprego para ganhar um salário mais baixo pode afugentar muitos candidatos. Só que não deve ser apenas o aspecto financeiro a ser colocado na balança, e fazer essa troca nem sempre significa sair perdendo, explica, Annalisa Dal Zotto, planejadora financeira e sócia da Par Mais, uma empresa com novas propostas de investimento financeiro.

Segundo ela, em alguns casos, aceitar um salário menor pode representar até um investimento na carreira em prazos mais longos – se o novo emprego, por exemplo, oferecer mais oportunidades de crescimento ou até de carreira no exterior. E em termos mais corriqueiros, mas relevantes, pode representar uma economia real se, por acaso, não for preciso mais dirigir 10 quilômetros todos os dias para ir e voltar do trabalho, mas com a possibilidade de fazer o trajeto a pé.

A especialista ressalta, no entanto que se o dinheiro não for suficiente para o pagamento das contas vai ficar mesmo difícil de aceitar a mudança. Para ajudar a pensar nesse assunto, a executiva lista alguns fatores que estão em jogo, mas que precisam ser levados em conta.

Principais fatores

A troca de emprego, mesmo ganhando menos, é particularmente interessante para quem mora em cidade grande e perde muito tempo no trânsito durante o dia. Aceitar um emprego mais próximo da residência, em que é possível até mesmo fazer o trajeto a pé pode ser vantajoso. Trata-se de um modelo mais livre de vida, sem o stress de congestionamentos, filas para estacionar, economia com o custo do estacionamento. “Além da economia com o combustível e o estacionamento, pessoas que moram perto do trabalho também gastam menos com refeições na rua”, afirma Annalisa.

Como nem sempre isso é possível nas metrópoles, há quem vá buscar essa tranquilidade em uma cidade menor. A especialista lembra que mudar-se para o interior para trabalhar tem outro benefício: o custo de vida costuma ser mais baixo, o que compensa eventualmente um salário inferior.

Trabalhar uma hora a menos por dia ou ter jornada reduzida às sextas, fazer home office um ou dois dias por semana, não precisar fazer plantão, emendar os feriados. Se essas situações combinam com o estilo de vida do interessado, que estão sendo oferecidas pelo novo emprego, é preciso avaliar com muito carinho a proposta de migração. A empresária lembra ainda que trabalhar em casa pode resultar em economia, uma vez que não será preciso gastar tanto com roupas, acessórios, enfim com a produção geral que se tem quando é preciso ir até a empresa.

Dependendo do pacote de benefícios oferecido, a diminuição do salário pode ser imperceptível, segundo a planejadora. Já que, em alguns casos, o salário, em dinheiro, pode até ser menos, mas o que empresa oferece pode ser sedutor. Um exemplo seria um vale-refeição que vai bancar suas compras no supermercado. É uma economia que compensa o desconto no salário.

Também pode ser a disponibilidade de viajar mais (ou menos, se for isso que está buscando), um plano de saúde muito bom, bônus, descontos em produtos ou serviços que você usa muito ou ainda um subsídio educacional para ajudar a bancar uma pós-graduação ou um MBA (Máster em Administração).

Por tudo isso, Annalisa entende que é preciso fazer alguns cálculos e organizar o orçamento para ter certeza de que a mudança cabe no estilo de vida do candidato. “Nós sempre achamos que ganhamos mais do que ganhamos e gastamos menos do que gastamos, por isso é importante fazer essa análise antes de tomar a decisão para não acabar se endividando”.

Para não ter problemas financeiros durante a transição de carreira, a especialista orienta manter uma reserva que seja equivalente de seis meses a um ano de salário guardado. E é importante que esse dinheiro esteja aplicado de maneira conservadora, mas tenha liquidez, ou seja, com a possibilidade de fazer o resgate do montante de modo rápido e fácil, no momento em que precisar.

Outra conta que pode ser feita também é com relação à economia com o transporte, caso o novo trabalho seja perto da casa. “Isso depende de onde você mora, o tempo e a distância para o escritório e outros lugares aos quais você precisa ir algo longo do dia, como academia e supermercado”, esclarece ela. “A verdade é que fazer a vida no seu bairro pode também ser ótimo para o seu bolso”, destaca.

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