DCI -Com juro baixo, ganho real terá mais importância na decisão de aplicações

  • 22/06/2018
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A exemplo dos países considerados desenvolvidos, o ganho real terá mais importância na decisão dos investidores brasileiros diante do ambiente de juros nominais baixos (inferior a dois dígitos ao ano) por um período prolongado.

No Brasil, a taxa básica de juros (Selic) nominal manteve-se em sua mínima histórica (6,5% ao ano) conforme decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na última quarta-feira (20), mas esse patamar de rentabilidade em aplicações financeiras é considerado “muito baixo” para gerar retornos reais atraentes aos investidores.

Segundo especialistas consultados pelo DCI, para o investidor de perfil conservador – que não suporta volatilidade – os rendimentos nominais vão continuar baixos. “Esse investidor terá muita dificuldade de encontrar retornos melhores, e tende a ficar onde está: poupança, CDBs [certificados de depósito bancário], Tesouro Selic ou fundos DI”, diz a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianoto.

Ela aponta que a Selic deve a subir, mas poderá chegar a 7,75% ao ano no encerramento de 2019, abaixo da projeção média do mercado (Focus) que é de 8% ao ano. “O crescimento da economia está muito lento: 1,7% em 2018 e 2,3% em 2019. E essa alta de 1% da inflação oficial em junho (IPCA) será pontual por causa dos reflexos da greve dos caminhoneiros”, disse.

Para o CEO da fintech de gestão de patrimônio FIDUC, Pedro Guimarães, o Banco Central foi muito coerente em manter a Selic (em 6,5%) num quadro de inflação abaixo do centro da meta de 4,5% ao ano, num sinal de que a economia ainda precisa se aquecer. “Mas se olharmos o juro real, descontando a inflação e os impostos, o ganho fica em torno de 1,7% ao ano, é pouco. A família brasileira terá que buscar uma outra estrutura de investimentos para rentabilizar o patrimônio”, diz.

O executivo lembra que em outros países considerados desenvolvidos, onde o juro nominal também é baixo, a diversificação das carteiras é feita em larga escala. “Não há outro caminho, é assim que outras famílias [pelo mundo] fazem”, comparou Guimarães.

Na visão dele, os investidores locais terão que pensar em fundos multimercados e renda variável (ações). E para o horizonte de longo prazo, considerar as vantagens fiscais da previdência privada aberta como o Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL). “É para aquele dinheiro que não se irá mexer, e dentro dos 12% [da renda tributável] previstos em lei. Só assim se conseguirá atingir metas de 5% a 5,5% de juros reais ao ano”, afirmou.

Guimarães argumenta que para o investidor comum, juro nominal a 7% ou a 8% ao ano não faz nenhuma diferença. “Está muito longe de sua meta [atuarial]”, ressaltou.

A planejadora financeira da Par Mais, Annalisa Dal Zotto, pontuou que quando a taxa Selic estava em 14% ao ano, e a inflação girava em torno de 10%, também não havia ganhos reais significativos. “Agora, temos algumas oportunidades, o juro real do Tesouro IPCA disparou e está em quase 6% ao ano”, diz Annalisa.

A planejadora considera que o investidor sempre deve ter uma reserva financeira em aplicações líquidas. “Depois já é possível pensar num CDB de 2 anos que pague 120% do DI”, orienta. E para o aplicador agressivo, ela aponta fundos multimercados macro e ações no horizonte de longo prazo.

Incerteza fiscal

Na opinião do economista-chefe da Spinelli Corretora, André Perfeito, a taxa Selic pode voltar a subir na reunião do Copom de 31 de outubro, logo após as eleições. “O risco no País aumentou significativamente. Para o investidor, se o juro vai subir, a bolsa de valores (ações) fica menos interessante”, alerta Perfeito.

Confira a matéria na íntegra: https://www.dci.com.br/financas/com-juro-baixo-ganho-real-tera-mais-importancia-na-decis-o-de-aplicac-es-1.717688

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