COSMOPOLITAN – Quando menos é mais

  • 18/05/2018
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Você se prepara para a entrevista, é pontual, confiante, diz todas as coisas certas e… a vaga é sua! A proposta de trabalho em si é incrível, mas tem um detalhe: o salário é menor que o seu atual. Muitas vezes, ao ouvir uma proposta como essa, a primeira reação é dispensar de cara, porque, afinal dinheiro nunca é demais. Mas fazer essa troca nem sempre significa sair perdendo. Em alguns casos, topar um salário menor pode representar até um investimento na sua carreira em logo prazo – se a empresa nova, por exemplo, oferecer mais oportunidades de crescimento ou até de carreira no exterior. E pode representar uma economia real/oficial se, por acaso, você não precisar mais dirigir 10 quilômetros todos os dias para ir e voltar e pode fazer o trajeto a pé. Pode valer a pena, sim, mas antes é preciso levar algumas coisinhas em consideração. Claro que se o dinheiro não for suficiente para que você pague suas contas vai ficar difícil. “Faça um planejamento financeiro para conhecer o seu padrão de vida e veja também se o novo projeto se encaixa no seu plano de carreira”, diz Nelma da Silva Sá, coach de transição de carreira, de São Paulo.

Outro passo é garantir que essa seja uma escolha consciente, até porque, no futuro, você explicar porque aceitou trabalhar em uma função inferior e receber menos dinheiro para outros recrutadores. “Não existe caminho certo ou errado. Mas esse tipo de situação exige abafar um pouco a impulsividade e analisar todo o panorama à sua frente”, diz a diretora de transição de carreira da consultoria Stato, Telma Mantovani, de São Paulo. Para isso, ajudamos você a avaliar alguns pontos para tomar a melhor decisão.

Estratégia de carreira

Já ouviu a expressão “Começar por baixo”? Pois é. Se você está buscando uma mudança de carreira, seja para entrar na empresa dos seus sonhos, para trabalhar no setor que você sempre quis, para mudar de área mesmo, seja para sair de uma carreira estagnada, tudo bem aceitar receber menos. “Mas isso só vale se for para aprender algo novo e a vaga abrir as portas de uma outra carreira”, diz a diretora de transição de carreira e gestão da mudança da consultoria LHH, Irene Azevedo, de São Paulo. E também quando você percebe que atingiu o máximo que podia onde está (pelo tamanho da empresa ou imposição da liderança) e não tem mais para onde subir ou deixou de ser desafiador. “Primeiro, você tem de analisar se o aprendizado que vai tirar desse novo lugar realmente merece a diminuição no seu estilo de vida”, diz Nelma.

Menos trânsito, mais tênis

Essa troca é particularmente interessante para quem mora em cidade grande e perde muito tempo no trânsito durante o dia. Se você não tem certeza de que se encaixa nesse ponto, imagine como seria conseguir ir a pé todos os dias. Se só de imaginar esse cenário você já está sorrindo com uma vida livre de fila para estacionar e do stress dos congestionamentos, esse ponto pode fazer bastante sentido para você. E ainda tem um extra: “Além da economia com o combustível e o estacionamento, pessoas que moram perto do trabalho também gastam menos com refeições na rua”, diz a planejadora financeira pessoal Annalisa Blando Dal Zotto, de Florianópolis. Como nem sempre isso é possível nas metrópoles, há quem vá buscar essa tranquilidade em uma cidade menor. Mudar-se para o interior para trabalhar tem outro benefício: o custo de vida costuma ser mais baixo, o que compensa o novo salário.

Exercício de flexibilidade

Trabalhar uma hora a menos por dia ou ter jornada reduzida às sextas, fazer home office um ou dois dias por semana, não precisar fazer plantão, emendar os feriados. Se essas situações combinam com o estilo de vida que você está procurando agora e são oferecidas pela nova empresa, aceitar a proposta, muito provavelmente, fará de você uma pessoa mais feliz e menos estressada. “E ainda te ajuda a economizar. Trabalhando de casa, por exemplo, você economiza até com suas roupas e maquiagem”, diz Annalisa.

A questão da cultura

Quando você passa a sofrer de síndrome do domingo – aquela tristezinha que bate quando percebe que a segunda-feira está chegando -, acende o sinal verde para um novo desafio mesmo ganhando menos. “Às vezes, é uma questão de saúde mental”, diz Irene. Mas, antes de sair fugida da empresa em que está, tenha certeza de que a nova, de fato, tem a ver com você, porque a mudança pela mudança pode acabar frustrando em alguns meses se não houver, de verdade, uma conexão entre os valores da nova companhia e os seus. “Hoje ninguém mais precisa ir de olhos fechados. É muito fácil entrar em contato com ex e atuais funcionários para saber como é trabalhar ali”, diz Nelma. O LoveMondays, por exemplo, é um site que permite ler a opinião de colaboradores de várias empresas sobre como é trabalhar ali.

Mais benefícios

“Dependendo do pacote de benefícios oferecido, a diminuição do salário nem é sentida”, diz Irene. Já que, em alguns casos, o salário, em dinheiro, pode até ser menos, mas o que empresa oferece pode ser sedutor. Um exemplo seria um vale-refeição que vai bancar suas compras no supermercado. É uma economia que compensa o desconto no salário. Também pode ser a possibilidade de viajar mais (ou menos, se for isso que está buscando), um plano de saúde incrível, bônus, descontos em produtos ou serviços que você usa muito ou ainda um subsídio educacional para ajudar a bancar seu MBA.

Antes de topar…

É preciso fazer alguns cálculos e organizar o orçamento para ter certeza de que a mudança cabe no seu estilo de vida, a não ser que você esteja disposta a mudar seus hábitos de consumo ou até de casa para aceitar o novo desafio. “Nós sempre achamos que ganhamos mais do que ganhamos e gastamos menos do que gastamos, por isso é importante fazer essa análise antes de tomar a decisão para não acabar se endividando”, diz Annalisa. Para não ter problemas financeiros durante a transição de carreira, a especialista aconselha manter uma reserva equivalente a seis meses a um ano de salário guardado. E é importante que esse dinheiro esteja aplicado de maneira conservadora, mas tenha liquidez, ou seja, fazer o resgate do montante precisa ser rápido e fácil. Outra conta que pode ser feita também é com relação à economia com o transporte, caso o novo trabalho seja perto da casa. Isso depende de onde você mora, o tempo e a distância para o escritório e outros lugares aos quais você precisa ir algo longo do dia, como academia. A verdade é que fazer a vida no seu bairro pode ser ótimo para o seu bolso.

Confira a matéria na íntegra: https://cosmopolitan.abril.com.br/estilo-de-vida/quando-vale-a-pena-trocar-de-emprego-para-ganhar-menos/

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