Consumo consciente: o que realmente importa para você?

  • 09/06/2020
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Estamos vivendo um momento inesperado por causa da pandemia do novo coronavírus e como consequência, alguns de nossos hábitos tiveram que ser alterados ou adaptados para a nova realidade. Com isso, um assunto que está sendo bastante discutido é o consumo consciente.

Todas as compras que realizamos têm consequências positivas e negativas, trazendo impacto para quem compra, para quem vende, para o meio ambiente, para a economia e para a sociedade.

Por isso, antes de comprar tudo o que a gente vê pela frente, é importante pensar sobre nossos hábitos de consumo, entender a necessidade de cada compra e refletir sobre os impactos que aquilo pode causar.

Consumo consciente, o que faz sentido para você?

Antes de decidir por uma compra, é preciso analisar: preciso realmente comprar?

Para conseguir escolher, você precisa saber o que faz sentido para você.

Geralmente, por carência de autoconhecimento, temos a tendência natural de tomar decisões de compra pensando no que a sociedade espera de nós.

Por que isso acontece?

Porque R$100,00 tem um valor para você e outro totalmente diferente para seu vizinho. E via de regra, você não leva isso em consideração para tomar suas decisões de compra.

Ou seja, apesar de você e seu vizinho conseguirem comprar as mesmas coisas com R$100,00, o valor dessas coisas são diferentes para cada um de vocês.

Por exemplo: para ele, andar de carro novo pode trazer muita felicidade. Pra você, ter uma reserva de emergência lhe deixa tranquilo e feliz.

Quando você olha para o carro do seu vizinho e escolhe usar o valor da sua reserva de emergência para comprar um carro parecido, você está negligenciando o que é prioridade pra você e gastando seu dinheiro naquilo que é prioridade do seu vizinho (ou da sociedade). Consequência: você fica triste dentro de um carro zero.

Quantas vezes você já viu essa história acontecer com você, seus familiares ou amigos? Experimente trocar o exemplo do carro por:

  • Uma pousada incrível que seus amigos foram
  • Um restaurante chique que alguém postou nas redes sociais
  • Aquela roupa que deixa o modelo mais bonito
  • A viagem para o exterior que seus tios fizeram
  • Aquela festa de aniversário para 100 pessoas com tudo do bom e do melhor

Tudo isso pode até fazer sentido pra eles (ou pra sociedade), mas o que faz sentido pra você?

Na edição #1 da Newsletter Papel e Caneta, nosso sócio Jailon Giacomelli CFP®, explica que muitas vezes ficamos com uma visão turva do que o dinheiro significa para nós, porque somos bombardeados por imagens, vídeos e relatos de pessoas felizes (será que estão mesmo?) comprando coisas legais (legal pra quem?).

Quem paga suas contas é você?

Então nada mais justo que você mesmo decidir a vida que vai ter. Mas essa vida precisa caber no seu bolso e para isso o valor que você ganha com seu trabalho precisa pagar:

  1. Sua rotina: moradia, alimentação, saúde, educação, vestuário…
  2. Experiências: lazer, viagens, carro, reforma da casa…
  3. Seus objetivos: reserva de emergência, morar fora, aposentadoria…

Como eu faço isso?

  • Passo 1: saber quanto você ganha por mês
  • Passo 2: saber quanto você gasta para manter o padrão de vida que lhe faz feliz (rotina e experiências)
  • Passo 3 = saber quanto precisa investir para seus os objetivos
  • Passo 4 = organizar isso para você acompanhar no mês a mês

Depois de conhecer a situação financeira atual, ficará mais fácil saber o que é importante para você e sua família serem felizes e colocar o dinheiro prioritariamente nisso.

Compras por impulso

Uma questão que devemos ter muito cuidado é com as compras por impulso.

Sabemos que é muito difícil controlar as emoções ao entrar em uma loja e se fascinar por várias coisas para comprar, principalmente quando enxergamos a palavra “promoção”. Por isso, antes de sair comprando tudo o que vê pela frente, reflita se você realmente precisa daquilo. Se estiver em uma loja, antes de finalizar a compra, peça para o vendedor guardar os itens que escolheu e saia para dar uma voltinha. Essa volta vai ser importante para não permitir que o seu lado emocional fale mais alto. Saindo da loja você conseguirá racionalizar, fazer as contas e avaliar se é necessário realizar aquela compra ou não.

Se a compra for online, utilize o mesmo método e antes de finalizar a compra, saia da frente do computador ou deixe o smartphone de lado por um tempo. Racionalizar é a melhor estratégia para controlar os impulsos.

Tenha objetivos bem definidos

Para muitas pessoas, o hábito de guardar dinheiro para o futuro é um grande desafio. Na sociedade atual em que vivemos, o apelo para consumir é enorme, então esse impulso é completamente compreensível.

Uma boa maneira de começar é estabelecendo um objetivo claro e de preferência com um prazo pré-definido.

Você sempre quis fazer um curso no exterior? Deseja reformar a sua casa? Quer dar a entrada em um imóvel ou talvez comprar um carro?

  • O objetivo quem deve definir é você, mas ele deve ser algo factível, que você consiga alcançar.
  • Depois de definir o objetivo, avalie quanto ele custa e quanto tempo você precisaria guardar o seu dinheiro para conseguir alcançá-lo.
  • O valor mensal que você se comprometer a guardar deve ser algo que caiba no bolso sem que você precise recorrer ao cheque especial, um cartão de crédito ou algum outro tipo de dívida.
  • Caso essa seja a sua primeira tentativa, sugerimos um objetivo de prazo não tão longo, como um ou dois anos. Uma viagem ou a troca de um carro sem necessitar de financiamento, por exemplo.

A ideia inicial de estabelecer um prazo serve para dar um horizonte temporal, algo que facilite visualizar o objetivo sendo cumprido. Sendo assim, caso você tenha planejado guardar dinheiro e cumprir o objetivo em dois anos, mas ao final do prazo ainda não tem dinheiro suficiente, não desanime, pois, você provavelmente estará mais próximo do objetivo do que estava anteriormente. Quanto mais disciplina nos gastos você tiver, mais rapidamente vai alcançar o objetivo.

Planejamento e equilíbrio

Com os objetivos bem definidos, você consegue equilibrá-los com o momento atual, tendo clareza dos seus gastos e conseguindo economizar. Assim, fica mais fácil fazer escolhas e refletir se aquela compra é mesmo necessária ou se existe outra prioridade.

Com um bom planejamento financeiro é possível saber você onde está, onde você quer chegar e qual caminho será necessário percorrer para alcançar esse objetivo.

A ideia do consumo consciente não é deixar de comprar ou aproveitar as coisas que gosta para somente guardar dinheiro, mas sim, ter um equilíbrio sobre o que te faz feliz agora e o que te fará feliz no futuro.

Conclusão

Repensar nossos hábitos de consumo e entender a necessidade de cada compra que fizemos é uma excelente forma de ter controle financeiro e consumir com consciência.

Além disso, com um bom planejamento financeiro e com objetivos de curto, médio e longo prazos bem definidos, fica mais fácil racionalizar a necessidade de certas compras e priorizar o que é realmente importante para você.

O consumo consciente não se trata de deixar de comprar ou de aproveitar as coisas que gostamos, mas de comprar com consciência e responsabilidade, racionalizando a necessidade e os impactos que aquela compra pode causar no momento atual e no seu futuro.

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