Como organizar as finanças durante a pandemia do novo Coronavirus

  • 01/04/2020
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Como organizar as finanças durante a pandemia do novo Coronavirus

O efeito do isolamento e do estado de calamidade pública provocado pelo novo coronavírus é devastador para as finanças pessoais dos brasileiros. Se até mesmo profissionais formais podem ter cortes significativos em seus salários ou perder o emprego, porque as empresas também estão sendo severamente afetadas pela pandemia, imagine os trabalhadores autônomos.

Por isso, listamos dicas importantes de como lidar com as finanças durante a pandemia do Covid-19:

Tenha controle financeiro

É imprescindível ter um controle financeiro para saber exatamente quanto dinheiro entra e sai por mês da sua conta bancária, dos recebimentos em dinheiro, dos cartões de crédito, para entender onde esse dinheiro está́ sendo gasto. E isso vale para todos os momentos, não somente os de crise, apesar de agora ser mais fundamental do que nunca.

Por isso, anote tudo o que você ganha e o que você gasta, inclusive as despesas pequenas, e depois faça uma análise criteriosa, identificando onde é possível cortar gastos e economizar, caso seja necessário.

Para te ajudar, disponibilizamos uma planilha gratuitamente nesse link:
https://materiais.parmais.com.br/planilha-de-controle-financeiro/

Monte um fluxo projetado

O primeiro passo é montar um fluxo projetado, ou seja, fazer uma projeção das rendas e despesas da família para, pelo menos, os próximos 12 meses.
Sabemos que para profissionais autônomos é ainda mais difícil mensurar as receitas, por isso, nossa sugestão é que seja aplicado um percentual de redução maior nesta fase de crise e que daqui a três meses, retorne ao normal.

Na Newsletter deste mês, nosso sócio Jailon Giacomelli, CFP®, descreveu sobre fluxo projetado e disponibilizou uma planilha com vídeo para quem tem interesse em fazer o seu.

Reduza os custos

Após montar o fluxo projetado, observe todos os custos fixos e avalie quais deles podem ser postergados ou reduzidos. Muitas pessoas estão conversando com os fornecedores para reduzir os custos fixos, como o aluguel, por exemplo.

Considere que o proprietário tem interesse em manter o inquilino, mas sabe que neste momento a renda dele pode ter caído. Por isso, sugira um aluguel mais baixo temporariamente. Se ele não aceitar, proponha o pagamento da diferença, de forma parcelada, com o início do pagamento para daqui uns seis meses.

Débitos automáticos

Se você utiliza conta em banco, confira todos os débitos automáticos. Muitas vezes temos pacotes de TV, internet, celular, etc., que são poucos utilizados e estão em débito automático. Na maioria dos casos, por questão de preguiça, acabamos não analisando isso de perto. Agora que estamos de quarentena em casa, é hora de sair da inércia e ligar para reduzir os valores ou até mesmo cancelar o que não usa mais.

Compras parceladas

Neste momento de incertezas, é importante não realizar ou evitar as compras parceladas, pois o cartão de crédito pode se tornar um grande vilão.

Se precisar utilizar o cartão, evite parcelar gastos que ocorrem todos os meses, como alimentação e remédios de uso contínuo, considerando que no mês seguinte estas contas estarão novamente nas despesas.

Além disso, neste período, procure comprar somente o essencial e cuide também com as compras online, pois como todo mundo está em casa, fica mais fácil cair na tentação e comprar por impulso aquilo que não precisa ou que pode ser deixado para depois. Atente-se às parcelas já existentes e evite se endividar.

Atenção no orçamento

Caso você tenha redução do salário, verifique quais gastos são possíveis cortar. Nessas horas percebemos porque realizar um controle financeiro é tão poderoso. Quando você lança as entradas e saídas e depois analisa com bastante cautela, consegue verificar trocas que podem ser feitas e que não doerão tanto.

Além disso, existem gastos que caíram agora durante o isolamento social, como por exemplo as despesas com bares, o cafezinho na padaria, os passeios nos fins de semana.

Quando tudo voltar ao normal e houver circulação de pessoas, é importante repensar esses gastos que podem parecer pequenos, mas que custam muito no final de cada mês. Os gastos variáveis costumam ser um problema para o orçamento, por isso, volte a consumir somente se tiver tudo sob controle e com a certeza que cabe no bolso.

Para quem mora de aluguel, por exemplo, pode ser hora de negociar o valor ou até planejar mudar de apartamento, se necessário. Muitas vezes, os serviços acabam sendo mais altos em uma localidade desejada por muitos. Veja se cabe no bolso, e caso contrário, se adapte e viva o padrão de vida que é possível viver.

Risco de demissão

Caso você veja que a demissão pode estar perto, a sugestão é já pensar em um plano B. É importante manter-se em contato com pessoas de sua área, amigos e até descobrir novas habilidades. Talvez esta seja a hora de colocar em prática um antigo sonho profissional que acabou sendo deixado de lado.
Para esse novo plano, é importante estar ativo nas redes sociais e ser criativo.

Esteja atento às políticas impostas pelos governos e bancos

Foi aprovado recentemente um auxílio emergencial chamado de “coronavoucher”, no valor de R$600,00, destinados aos trabalhadores autônomos, informais e sem renda fixa, para auxiliar durante a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. A medida durará, a princípio, três meses, mas poderá ser prorrogada e deverá ajudar cerca de 24 milhões de brasileiros.

A sugestão é utilizar esse dinheiro para comprar alimentos e produtos de higiene. Como não sabemos quanto tempo essa pandemia vai levar, outra dica é que, ao receber o auxílio, o valor não seja gasto de uma única vez. O ideal é separar uma parte para os imprevistos que podem surgir.

Para pessoas com financiamento habitacional ou empréstimos bancários, as instituições financeiras estão adiando o pagamento de duas prestações da casa ou do carro para os próximos 60 dias. A medida vale para todos que tenham financiamentos de imóveis e carros, mas também para outros tipos de dívidas. No entanto, as condições estão sendo liberadas somente para aqueles que estiverem com suas prestações de crédito em dia.

Durante o período de pausa, será mantida a mesma taxa de juros, sem a cobrança de multa. As parcelas não irão se sobrepor, elas serão jogadas para o fim do financiamento. Os pedidos podem ser realizados pelos canais eletrônicos, como internet banking e a central de atendimento telefônico.
Além disso, os bancos e cooperativas estão disponibilizando linhas de crédito atrativas para pessoas físicas e jurídicas. Por isso é importante conversar com o seu gerente para avaliar as possibilidade e também ficar atento às medidas aprovadas pelos governos federal e estadual. Veja aqui as medidas decretadas pelo governo.

Antecipação de pagamentos

Em alguns casos, é plausível combinar com seu cliente para que ele antecipe os pagamentos dos serviços que ele sempre contrata. Por exemplo, se você é diarista, manicure, cabeleireiro, ou tem empresa de serviços e teve sua fonte de receitas interrompida, peça ajuda aos seus cliente, faça pacotes promocionais e combine com eles que você prestará o serviço assim que tudo voltar à normalidade.

Investimentos com alta liquidez

Avalie os investimentos que possuem alta liquidez, ou seja, que possuem resgate automático.

Sabendo desse valor disponível, é possível avaliar a necessidade de recorrer a empréstimos em instituições financeiras.

Algumas pessoas acabam se precipitando e recorrem a empréstimos, entretanto, em alguns casos, o valor em liquidez supre a falta de caixa. Nestas horas é muito importante tomar as decisões com cautela e, se necessário, buscar o auxílio de um profissional.

Reserva de emergência

Estima-se que 1/3 dos brasileiros tem algum dinheiro guardado. Se você faz parte desse grupo, a primeira coisa a fazer é organizar sua reserva de emergência.

O propósito de uma reserva de emergência é o de passar com mais tranquilidade por alguma situação inesperada que envolva gastos imprevistos. Tendo uma reserva, não é necessário recorrer a empréstimos bancários, evitando assim o pagamento de juros desnecessariamente. Além disso, ter uma reserva de emergência ajuda a diminuir o transtorno emocional ao lidar com situações inesperadas.

É sempre bom destacar que essa reserva deve ser utilizada somente em caso de emergências. Isso significa que caso você tenha um problema com seu carro, alguma questão urgente na sua casa, problema familiar de saúde, ou algo do gênero, a reserva pode e deve ser acionada. Caso a situação não seja uma emergência, como por exemplo a troca de carro por um modelo mais novo ou na realização de uma viagem, a reserva deve ser preservada.

É em momentos de crise como este, em que pode ocorrer a diminuição do salário, desemprego, interrupção das atividades e consequentemente da renda, que devemos utilizar a reserva de segurança. Caso você tenha e precise usar nesse período, o ideal é repor assim que possível.

Para saber quanto devemos destinar para a reserva, é necessário avaliar quatro pontos importantes:

  1. Quais as despesas da família?
  2. Qual a profissão do principal provedor?
  3. Quanto tempo ele está na profissão?
  4. Possui dependentes?

Disponibilizamos uma metodologia própria para cálculo de reserva de emergência no link abaixo:
https://apps.parmais.com.br/inteligencia-par-mais

Outro ponto que sempre gera dúvida é onde aplicar esse valor da reserva. O montante acumulado deve ser aplicado em investimentos de baixíssimo risco e alta liquidez. O objetivo da reserva não é ter ganho de capital significativo (como se busca no mercado de ações, por exemplo), e sim proteger o capital da inflação. Alguns produtos que podem ser utilizados como reserva são: fundos de renda fixa, poupança, CDB de bancos e títulos públicos do tipo Tesouro Selic.

Atenção ao seu entorno

Em crises como a que estamos vivendo, muitos trabalhadores acabam perdendo seus empregos ou têm sua fonte de renda diminuída ou interrompida. Quando deixamos de pagar alguém, reduzimos a fonte de renda desse sujeito. Se todos fizerem isso, os danos econômicos podem ser muito maiores, podendo deixar famílias sem ter o que comer e/ou quebrar empresas e aumentar o desemprego.

Somos uma grande rede, então, por exemplo, se a manicure não recebe nada por muito tempo, ela não tem como comprar algo no mercado do seu bairro e, como consequência, o mercado não consegue pagar em dia seu fornecedor, que pode quebrar e demitir funcionários e assim por diante. Podemos chamar isso de solidariedade econômica.

Ajude o micro e pequeno empresário

Indo mais além, uma conduta que pode impactar positivamente no desfecho econômico do Covid-19 é a atenção que podemos dar para as empresas de pequeno porte. Sem ignorar o dano que todos sentirão, é inegável que isso será mais sentido nas micro e pequenas empresas e empresários individuais. Por isso, podemos mudar o hábito de comprar na grande rede de supermercados e varejo e focar naquele “mercadinho” do bairro. A montanha que o pequeno empresário terá que escalar será muito maior do que as grandes empresas, cuja reservas e o acesso ao crédito são muito mais facilitadas.

Mantenha os pagamentos em dia

Se você tem suas receitas em dia ou tem reserva de segurança, faça um esforço para manter seus pagamentos mensais, ainda que o profissional não possa entregar a contraprestação nesse momento de dificuldade. Não deixe de pagar o jardineiro, o cabeleireiro, o autônomo, etc. Não postergue os pagamentos se você tem recursos para mantê-los em dia.

Se você possui recursos extras ou um fundo de reserva, utilize para a manutenção dos pagamentos e adie a entrega do serviço para um momento futuro. Por exemplo, se você tem viagem marcada, salvo se necessário, não cancele a compra, apenas reprograme a viagem.

Faça doações

Tenha uma postura ativa no enfrentamento da crise e não se isente de responsabilidade, tentando transferi-la apenas ao Poder Público. Se você pode se permitir, destine uma parte dos recursos para doação. Isso mesmo, doação.

Nós brasileiros doamos pouco dinheiro. Alguns ainda tem a crença de que, se doamos tempo, não precisamos doar dinheiro, por exemplo. O momento, no entanto, demonstra que o nosso povo precisa é de dinheiro, principalmente para comer e se higienizar. Então, depois de analisar suas rendas e despesas, se couber no seu orçamento, troque os valores que deveriam ser destinados para lazer, por exemplo, e doe esses recursos. É hora de ajudar a população.

Tenha claro os seus objetivos

Ter objetivos financeiros bem definidos e manter o foco neles é fundamental. Não é porque estamos passando por uma crise que você̂ deve desistir dos seus sonhos. Neste momento, é importante estar preparado para economizar e fazer investimentos estratégicos e inteligentes, primeiro montando sua reserva para emergências e o excedente deve ser adequado ao seu perfil de risco, pensando no médio e longo prazo.

Quando você tem um objetivo definido, fica mais fácil alcançá-lo, principalmente se você tiver persistência e disciplina. Ao definir um objetivo, é importante avaliar quanto ele custa e quanto tempo você precisará guardar dinheiro para alcançá-lo.

Defina um prazo

A ideia inicial de estabelecer um prazo serve para dar um horizonte temporal, algo que facilite visualizar o objetivo sendo cumprido. Sendo assim, caso você tenha planejado guardar dinheiro e cumprir o objetivo em dois anos, mas ao final do prazo ainda não tem dinheiro suficiente, não desanime, pois, você provavelmente estará mais próximo do objetivo do que estava anteriormente. Quanto mais disciplina nos gastos você tiver, mais rapidamente vai alcançar o objetivo. Talvez nesses momentos de crise não seja possível pela falta do dinheiro ou porque surgiram outras prioridades. Mas não desista, apenas adie seus planos.

Conclusão

Estamos vivendo um momento de crise e é fundamental ter as finanças organizadas para passar por este período com tranquilidade. Nessas horas, é importante rever os gastos e os custos. Negociar com os fornecedores e ficar atentos às medidas de auxílio impostas pelo governo.
Além disso, ajude o pequeno e médio empreendedor. Faça pagamentos em dia e se possível, doe para quem precisa.

Mantenha os seus objetivos Atente-se às boas oportunidades de investimentos e busque o auxílio de um profissional para passar pela crise sem grandes preocupações.

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