O ano de 2015 acaba e não deixa saudades, pelo menos enquanto falamos da situação econômica do país.

Em 2014 tivemos um ano muito conturbado, especialmente por conta das eleições presidenciais. O esgotamento do modelo econômico adotado era evidente e qualquer possibilidade de mudança significava a luz no fim do túnel para investidores e empresários. Entretanto, com um discurso de negação da crise e de continuidade da política econômica do primeiro mandato, a candidata Dilma Roussef foi reeleita.

Mas o ‘cobertor estava curto demais’ e o modelo era insustentável. Há alguns anos as contas do governo vinham sendo fechadas através da chamada ‘contabilidade criativa’ e das ‘pedaladas fiscais’, que na prática melhoravam artificialmente as contas do governo. Era necessário agir e a única solução encontrada foi adotar (ou ao menos tentar) uma política econômica diferente que, por sinal, era muito parecida com a proposta da oposição e veemente combatida pela então candidata na campanha à reeleição.

Assim, 2015 começou com uma nova expressão na boca do povo: estelionato eleitoral. E isso custou muito caro ao governo. Além de não conseguir engajamento da oposição para aprovar as medidas propostas, também perdeu boa parte do apoio de sua base aliada. O resultado foi uma queda vertiginosa da popularidade e a completa incapacidade de governar.

Então, com apenas três meses de mandato, o povo foi às ruas pedir o impeachment da recém empossada presidente.

O impeachment

A confiança é a mola propulsora da economia. Se não existe confiança não existe investimento e, por consequência, não existe geração de empregos, aumento de renda e riqueza, ou seja, não existe melhora da situação econômica do país. Com um governo completamente à deriva e sem qualquer perspectiva ou plano de salvamento, a única saída para uma melhora consistente da confiança de investidores e empresários seria a mudança. E a única saída para isso parece ser o impeachment.

Mas não se destitui um governo presidencialista apenas por incompetência, pois, apesar de estar muito próxima do epicentro de vários escândalos de corrupção, a presidente ainda não apareceu diretamente em nenhum deles.

Mas haviam as pedaladas fiscais – que pouca gente realmente sabe o que significa e não parece ser tão relevante a ponto de ser motivo para condenar e destituir uma presidente. Além disso, o ‘sangue quente’ da população que clamava pelo impeachment no início do ano já esfriou. E para piorar ainda mais, o processo foi aberto com um ar de vingança do presidente da câmara, Eduardo Cunha, envolvido até o pescoço na lava jato.

E mais, um eventual impeachment entregaria o poder ao PMDB, que está ligado indiretamente a quase todos os governos desde o fim do governo militar, está envolvido diretamente nas investigações de corrupção e não tem nenhum apoio popular.

Mas mesmo assim, o processo de impeachment foi aberto e o governo está andando no ‘fio da navalha’. Não há qualquer espaço para tomar medidas impopulares ao menos até o fim do processo de impeachment e, por outro lado, também não há espaço para medidas populistas que gerem qualquer gasto adicional ao governo.

Fato é que o país continua a deriva, sem governabilidade, dentro de um buraco imenso e ainda sem perspectiva de parar de cavar.

Perspectivas para 2016

Fechamos 2015 batendo uma séries de recordes negativos: tivemos os piores resultados da história recente da economia brasileira no crescimento da economia, na geração de emprego, nas contas do governo, no aumento da inflação e, como consequência do empobrecimento da população, também registramos os maiores saques da caderneta de poupança. Além disso perdemos o selo de bom pagador no mercado com a perda do grau de investimento.

Porém, apesar de tudo, os investidores estrangeiros ainda mantém um razoável otimismo com o Brasil e isso pode ser crucial para uma eventual retomada do crescimento, quando houver a retomada da confiança.

É bem possível que, ao fim do processo de impeachment e independente do resultado dele, possa se ter o mínimo de governabilidade de volta. Seja legitimando o governo atual ou com uma mudança de rumo com um novo governo.

É fato que teremos mais um ano extremamente difícil, com muitas incertezas e, provavelmente, com o agravamento de todos os problemas atuais. O pior deles deverá ser o empobrecimento geral da população, duramente conquistado nas últimas décadas, especialmente por conta do aumento substancial da inflação.

Inflação é o aumento geral de preços, normalmente ocorrendo quando se tem uma demanda por consumo mais do que a oferta de produtos e serviços – por isso é tão estranho se falar em inflação em um momento de crise econômica. Em 2015 a inflação foi fortemente pressionada pelo aumento de preços controlados pelo governo e pelo aumento do dólar. Nesse ano ainda teremos a pressão por conta do câmbio e, ainda, a chamada inflação inercial – por conta dos reajustes baseados na própria inflação. Estamos fechando o ano de 2015 com inflação acima de 10% e podemos esperar um 2016 com forte inflação novamente.

Arrisco a dizer que, independente do resultado do processo de impeachment só veremos melhoras consistentes da atual situação econômica do país a partir da próxima eleição, elegendo alguém que tenha uma agenda mais adequada e propostas consistentes, e que consiga coalizão política para adotar as reformas necessárias.

Por fim, o lado positivo pode ficar por conta dos investimentos financeiros. As crises acabam sendo menos sentidas ou até mesmo favoráveis para quem tem seu colchão de segurança. Nesses momentos as taxas de juros ficam mais altas e se consegue melhor rentabilidade em uma série de investimentos. Até a própria volatilidade do mercado (juros, câmbio e bolsa) acaba gerando ótimas oportunidades de ganho. Mas cuidado! O momento é delicado e difícil, portanto não se arrisque nesse mar revolto sozinho. Seus resultados poderão ser bem melhores se você contar com a ajuda especializada de um planejador financeiro ou gestor de investimentos.

Link para a versão atual

.

Atual situação econômica do Brasil por Alexandre Amorim, gestor de investimentos e sócio da Par Mais05.01.2016

A Par Mais Empoderamento Financeiro tem um propósito claro: trabalhamos para auxiliar cada um de nossos clientes a construir sua tranquilidade financeira. Atuamos na área de planejamento financeiro pessoal, family office, gestão patrimonial, consultoria financeira para empresas e consultoria de investimentos.