Carta do Gestor: outubro/2017

  • 05/10/2017
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O Brasil é o país do imponderável. Tudo pode acontecer e de tudo tem acontecido. E com isso, tanto as previsões mais pessimistas como as mais otimistas tem fundamentos e, mais do que isso, tem grande probabilidade de se tornarem realidade.

Mas de fato, apesar de toda a mixórdia que atinge os três poderes, a economia vem sim retomando os trilhos do crescimento. Os números de inflação e crescimento continuam surpreendendo positivamente e as projeções indicam que teremos um longo período (como nunca tivemos) com inflação controlada e taxas de juros baixas.

Mas como é que estamos conseguindo sair da maior recessão da história se estamos cada vez mais afundando numa crise institucional sem precedentes?

Cada vez mais, podemos distinguir três grandes players: a desordem político/institucional, a condução da economia interna e a economia externa.

A agenda política gira cada vez mais em torno dela própria. O presidente articulando para salvar a própria pele, os congressistas trabalhando para manter poderes, barganhar verbas e, não raro, lutando para não serem presos. Temos ainda uma briga de egos no Judiciário e um embate notório com os outros poderes. Ou seja, fica cada vez mais claro o distanciamento de Brasília da realidade do resto do país. E no centro do problema temos a crise fiscal, que depende do congresso para ser combatida.

Em relação à condução da economia interna, os méritos são da equipe econômica que vem trabalhando de forma exemplar. Além de ter controlado a inflação e abrir caminho para baixar juros, tem conseguido conquistar a confiança do mercado, seja pela austeridade apresentada, a comunicação clara, objetiva e transparente, seja também por ter conseguido defender pontos importantes da política econômica junto ao congresso.

Também não se pode negar que o governo, apesar de ainda não ter conseguido passar a reforma da previdência, conseguiu vitórias importantes no congresso, como o teto dos gastos, a reforma trabalhista, a TLP e, porque não dizer, conseguiu segurar o ímpeto por um déficit maior nas contas públicas.

Mas tivemos um empurrãozinho lá de fora, mais ou menos como foi na década passada. Ou seja, o Brasil deu sorte de novo. O cenário externo tem sido muito positivo, a economia mundial vem crescendo sem inflação, de modo que não há pressão por aumentar taxas de juros. E esse cenário favorece as economias emergentes como o Brasil.

E o comportamento do mercado no mês de setembro foi um grande resumo do que pode acontecer de acordo com o cenário, ou seja, mostrou exatamente o potencial que temos e os riscos a que estamos expostos. Após a “auto delação” de Joesley Batista o mercado se animou, pois em tese o governo ganha força política e com isso a agenda de reformas fica mais possível. Tivemos ainda uma surpresa muito positiva em relação as projeções do PIB e também com a ata da reunião do Copom divulgada pelo Banco Central. Resultado disso: a bolsa subiu, juros e câmbio caíram.

E aí, no fim do mês tivemos o acirramento dos ânimos entre EUA e Coréia do Norte e, a possibilidade de uma guerra fez com que os mercados tomassem posições mais defensivas. O fluxo para emergentes foi comprometido e, resultado: a bolsa caiu e o dólar subiu por aqui.

Ou seja, temos sim uma enorme e grande oportunidade para viver mais um ciclo de crescimento e pujança, mas percorrendo um caminho “a brasileira”. Não podemos esquecer da capacidade dos nossos políticos de fazer besteira e, principalmente, do risco em relação aos possíveis solavancos na economia mundial. No Brasil é sempre no modo “com emoção”.

Alexandre Amorim, CGA, CFP®


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