Um país à deriva
No mercado financeiro não há motivos para reclamações nos últimos anos. O mundo vinha crescendo num ritmo bom, sem pressão de inflação e juros. Por aqui, “a virada de chave” na política econômica trouxe de volta a expectativa de que o Brasil voltaria a crescer e, como sabemos, a expectativa acaba sendo a força motriz da própria economia. O aumento da confiança traz investimentos, aumento do consumo e isso logo se reflete na economia real.
Se a economia lá fora ia bem e aqui a confiança voltava, o mar era “de almirante”, certo? Nem tanto! Havia o cenário político para atrapalhar.
No começo, com a troca da equipe econômica e a melhora de humor, o governo – que não era nem situação, nem oposição – conseguiu aprovar uma série de medidas importantes para corroborar a confiança do mercado. Entre as principais, pode-se citar a reforma trabalhista, teto de gastos e a criação da TLP.
O maior problema do Brasil é o crescimento dos gastos públicos as custas do aumento da dívida pública. Nesse sentido, era essencial que a principal das reformas, a da previdência social, fosse realizada. Quando a aprovação já era dada como certa, vieram as denúncias contra Michel Temer, que poderiam acarretar no seu afastamento. Para evitar isso, precisava de apoio do congresso e esse apoio foi conquistado a um preço muito caro. Tão caro que ao final não havia mais cartuchos para aprovação da reforma.
Mas, mesmo assim, estávamos saindo da recessão, a inflação já não assustava e a confiança estava voltando a todos os setores. Os números de crescimento bateram as expectativas, assim como o lucro das empresas. Dólar e juros caíram e a bolsa voltou a bater recordes.
Depois de todo o desgaste político para se livrar das denúncias, o governo praticamente jogou a toalha. Com uma aprovação baixíssima, tentou mudar o foco e mirar na violência, através da intervenção federal no Rio de Janeiro. E esqueceu da agenda econômica.
O resultado é que não temos hoje mais nenhum tipo de agenda econômica na pauta do congresso.
Absolutamente nada! Portanto, ficamos à deriva.
Com muito ainda para ser feito e nenhuma perspectiva para esse governo, o foco passa a ser (cada vez mais) a eleição do fim do ano. Ainda é consenso no mercado que, independente de quem for o próximo governo, a economia será mantida nos eixos. Por outro lado, hoje é possível contar mais de 15 possíveis candidatos!
Claro, a grande maioria tem poucas chances, mas uma eleição pulverizada é a uma das maiores preocupações hoje. Com muitas opções de voto, podemos ter um segundo turno com dois candidatos com baixa votação – especialmente considerando que a falta e confiança na política deverá elevar o número de abstenções.
O fato é que toda aquela confiança recente no Brasil arrefeceu. Os investidores estrangeiros começaram a deixar a bolsa ao longo desse ano e os números de crescimento já não estão mais surpreendendo positivamente. A própria inflação insistentemente baixa, que antes era motivo de comemoração, agora começa a preocupar, pois é um grande sinal da estagnação da economia.
Por isso os próximos meses são muito importantes. Apesar de tudo, mesmo com toda a volatilidade recente nos mercados mundiais o Brasil tem se mostrado resiliente. Talvez porque ainda tenhamos um longo caminho de crescimento pela frente na hora que as engrenagens voltarem a entrar nos eixos. Mas até lá, estamos precisando de rumo!
Alexandre Amorim, CGA, CFP®
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