Carta do Gestor: março/2016

  • 05/03/2016
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Se a atual situação econômica do Brasil pegou fogo em fevereiro de 2016, em março começou como uma injeção de nitroglicerina pura! A batalha política está cada vez mais acirrada e afetando cada vez mais a economia que, por sua vez, põe ainda mais lenha na batalha política.

O governo está cada vez mais isolado. As investigações da lava-jato estão chegando muito próximas ao ex-presidente Lula e à campanha de Dilma Rousseff. O PT, talvez como último recurso para se salvar, tenta se distanciar cada vez mais da Presidente. No congresso, Eduardo Cunha usou todos os recursos que podia para alongar sua permanência na presidência da casa, mas foi inevitável a continuação do processo no conselho de ética e seu indiciamento como réu no processo de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Com tantos problemas pra resolver e inimigos para atacar, o que menos se fez foi governar e a atual situação econômica do Brasil ficou cada vez mais complicada.

Como um trem descarrilado, ladeira abaixo, a economia brasileira bateu mais um recorde negativo: o PIB de 2015 teve queda de 3,8% – é o pior resultado da série histórica do IBGE. Considerando a série antiga, é o pior desde 1990 – quando ainda vivíamos o processo de hiperinflação.

Que o cenário da situação econômica do Brasil é péssimo, não há dúvidas. Qual vai ser no futuro ainda é uma incógnita. Considerando os fundamentos – especialmente o problema fiscal – a consequência deverá ser um aprofundamento da inflação ou, no pior dos cenários, um calote da dívida. Por outro lado, o Brasil ainda tem um grande potencial para captar recursos de investidores estrangeiros que, ao que parece, esperam apenas um sinal de que o país voltará a ser governado com responsabilidade para trazerem seus recursos pra cá.

Volta a 2014

Enquanto os indicadores econômicos batem recordes negativos, os mercados (juros, câmbio e bolsa) já começam a precificar uma melhora da situação econômica. Com o governo cada vez mais acuado e com o processo de impeachment voltando com força total, voltamos a viver o cenário de 2014, quando o mercado se animava a cada possibilidade de saída do governo petista e desanimava com a subida de Dilma nas pesquisas.

Prova disso foi a alta substancial da bolsa e queda do dólar e juros após a prisão do marqueteiro da campanha de 2014, João Santana. Com a informação da delação premiada de Delcídio Amaral, mais uma ‘rallie’.

Temos potencial, isso é fato. Os fundamentos estão piores do que nunca e a volta do crescimento será um longo e doloroso processo, isso também é fato. O mercado está considerando que qualquer um que assuma o governo será melhor do que o governo atual. Isso deverá gerar uma forte reação caso o processo de impeachment se concretize, com alta expressiva da bolsa e queda do dólar. Depois disso, os fundamentos podem voltar a prevalecer, e aí o cenário não será tão bom assim.

Como diz o ditado, o mercado antecipa os fatos – e também é soberano. Vamos ver o que ele tem a nos dizer daqui pra frente.  A atual situação econômica do Brasil exige calma e as manifestações de 13 de março deverão ser um bom termômetro para isso.

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