Carta do gestor: maio/2018

  • 08/06/2018
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atual situação econômica do Brasil

Há algum tempo temos falado da volatilidade que poderia (e que costuma) ocorrer no mercado financeiro antes das eleições. Também tem sido tema das últimas cartas a falta de governabilidade no Brasil – tanto por conta da fraqueza do executivo como pelo distanciamento do legislativo.

Temos falado bastante também do tal tripé que influencia a retomada do crescimento brasileiro – a economia mundial, a economia brasileira e a política brasileira.

A economia brasileira bateu no ‘fundo do poço’ no fim do governo Dilma. Quando Temer assumiu, escolheu uma equipe econômica extremamente competente para assumir a economia. O mercado deu seu voto de confiança e os investimentos voltaram. A economia mundial também andava bem e havia liquidez no mundo, com isso os investimentos voltaram, os ânimos melhoraram e a economia começou a dar sinais de melhora. Temer propôs uma agenda ao congresso e muita coisa positiva foi aprovada. Faltava a reforma da previdência e, quando ela já era dada como certa, Michel Temer entrou no turbilhão da lava jato e teve que gastar todas as suas fichas com o congresso para salvar seu cargo. O mercado foi dando seus votos de confiança, pois o tempo ia passando e a expectativa de que com o fim do mandato de Temer, algum candidato reformista seria o favorito.

Estamos recapitulando tudo isso para tentar montar o quebra cabeça.

No começo desse ano, a economia mundial começou a dar sinais de arrefecimento. Nada que preocupasse, apenas o início do “voo de cruzeiro”. Mas os EUA estavam numa situação um pouco diferente. Com uma política econômica agressiva, protecionista e inflacionária, a pressão nos juros americanos começou, sim, a ser motivo de preocupação. Aumento de juros gera saída de investidores dos emergentes em geral para migrarem para os EUA. Mas tinha mais nessa história. Com o estímulo ao mercado interno, liberação de crédito e concessões acaba pressionando os salários, o custo de produção e, normalmente termina em recessão (já vimos esse filme por aqui, não?). Ou seja, a primeira base do tripé já não tinha mais a mesma força.

A economia brasileira começou a dar sinais de arrefecimento também. Não bastasse o movimento externo, a falta de perspectiva interna também começava a preocupar e a falta de perspectiva sobre quem será o sucessor de Temer é um grande motivo. Há muita fragilidade na economia, especialmente em relação ao fiscal, e ela precisa continuar sendo conduzida com responsabilidade. A princípio esperava-se que fossemos ter em breve a definição de um candidato forte e que ele manteria a economia nos trilhos.

Mas o tempo foi passando e, a quatro meses das eleições, não há definição das alianças, chapas e tampouco dos programas de governo. Isso fez com que investidores ficassem em compasso de espera. Com isso, a segunda base do tripé também sofreu.

Por último temos a política. Se até agora ela era somente um entrave para o crescimento, no último mês de maio ela foi causadora de muita dor de cabeça. A greve dos caminhoneiros deixou clara a fraqueza e falta de articulação do governo, não só administrativamente, mas também no seu relacionamento com o congresso.

Há que se fazer ainda mais uma ressalva. Muitas vezes elogiamos a atual equipe do Banco Central e, dentre os motivos, um deles era a total transparência com o mercado. E nesse mês de maio até mesmo BC falhou. Numa falha de comunicação, no começo do mês pegou o mercado no contrapé mantendo a taxa SELIC, e no fim do mês (de fato já no início de junho) deixou a desejar quando o mercado pedia maior clareza em relação a como iria agir em relação ao câmbio.

Pois bem, como foi tema de uma das cartas desse ano, o Brasil está à deriva. Dessa vez não temos mais o mercado externo para nos auxiliar. Por outro lado, o tempo para a definição das eleições está se esgotando e isso é um atenuante.

Acreditamos ainda que, especialmente pelo que vem acontecendo com o mercado, os prováveis candidatos venham a ter a responsabilidade necessária que o país precisa, especialmente em relação ao problema fiscal. Já vimos isso acontecer muitas vezes e, realmente, é uma pena que tenhamos que repetir erros passados.

 

Alexandre Amorim, CGA, CFP®


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