Há algum tempo temos falado da volatilidade que poderia (e que costuma) ocorrer no mercado financeiro antes das eleições. Também tem sido tema das últimas cartas a falta de governabilidade no Brasil – tanto por conta da fraqueza do executivo como pelo distanciamento do legislativo.
Temos falado bastante também do tal tripé que influencia a retomada do crescimento brasileiro – a economia mundial, a economia brasileira e a política brasileira.
A economia brasileira bateu no ‘fundo do poço’ no fim do governo Dilma. Quando Temer assumiu, escolheu uma equipe econômica extremamente competente para assumir a economia. O mercado deu seu voto de confiança e os investimentos voltaram. A economia mundial também andava bem e havia liquidez no mundo, com isso os investimentos voltaram, os ânimos melhoraram e a economia começou a dar sinais de melhora. Temer propôs uma agenda ao congresso e muita coisa positiva foi aprovada. Faltava a reforma da previdência e, quando ela já era dada como certa, Michel Temer entrou no turbilhão da lava jato e teve que gastar todas as suas fichas com o congresso para salvar seu cargo. O mercado foi dando seus votos de confiança, pois o tempo ia passando e a expectativa de que com o fim do mandato de Temer, algum candidato reformista seria o favorito.
Estamos recapitulando tudo isso para tentar montar o quebra cabeça.
No começo desse ano, a economia mundial começou a dar sinais de arrefecimento. Nada que preocupasse, apenas o início do “voo de cruzeiro”. Mas os EUA estavam numa situação um pouco diferente. Com uma política econômica agressiva, protecionista e inflacionária, a pressão nos juros americanos começou, sim, a ser motivo de preocupação. Aumento de juros gera saída de investidores dos emergentes em geral para migrarem para os EUA. Mas tinha mais nessa história. Com o estímulo ao mercado interno, liberação de crédito e concessões acaba pressionando os salários, o custo de produção e, normalmente termina em recessão (já vimos esse filme por aqui, não?). Ou seja, a primeira base do tripé já não tinha mais a mesma força.
A economia brasileira começou a dar sinais de arrefecimento também. Não bastasse o movimento externo, a falta de perspectiva interna também começava a preocupar e a falta de perspectiva sobre quem será o sucessor de Temer é um grande motivo. Há muita fragilidade na economia, especialmente em relação ao fiscal, e ela precisa continuar sendo conduzida com responsabilidade. A princípio esperava-se que fossemos ter em breve a definição de um candidato forte e que ele manteria a economia nos trilhos.
Mas o tempo foi passando e, a quatro meses das eleições, não há definição das alianças, chapas e tampouco dos programas de governo. Isso fez com que investidores ficassem em compasso de espera. Com isso, a segunda base do tripé também sofreu.
Por último temos a política. Se até agora ela era somente um entrave para o crescimento, no último mês de maio ela foi causadora de muita dor de cabeça. A greve dos caminhoneiros deixou clara a fraqueza e falta de articulação do governo, não só administrativamente, mas também no seu relacionamento com o congresso.
Há que se fazer ainda mais uma ressalva. Muitas vezes elogiamos a atual equipe do Banco Central e, dentre os motivos, um deles era a total transparência com o mercado. E nesse mês de maio até mesmo BC falhou. Numa falha de comunicação, no começo do mês pegou o mercado no contrapé mantendo a taxa SELIC, e no fim do mês (de fato já no início de junho) deixou a desejar quando o mercado pedia maior clareza em relação a como iria agir em relação ao câmbio.
Pois bem, como foi tema de uma das cartas desse ano, o Brasil está à deriva. Dessa vez não temos mais o mercado externo para nos auxiliar. Por outro lado, o tempo para a definição das eleições está se esgotando e isso é um atenuante.
Acreditamos ainda que, especialmente pelo que vem acontecendo com o mercado, os prováveis candidatos venham a ter a responsabilidade necessária que o país precisa, especialmente em relação ao problema fiscal. Já vimos isso acontecer muitas vezes e, realmente, é uma pena que tenhamos que repetir erros passados.
Alexandre Amorim, CGA, CFP®
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