Carta do Gestor: janeiro de 2018

  • 05/01/2018
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Se fossemos fazer uma análise do Brasil levando em conta apenas o que aconteceu no mercado financeiro, diríamos que é um país que está muito longe de qualquer tipo de crise! O mês foi de um otimismo de dar inveja e, com isso, resultados positivos para todos os lados.

O mercado financeiro continua amparado por três pilares: cenário econômico externo, cenário econômico brasileiro e cenário político brasileiro.

O cenário externo continua seguindo com fundamentos sólidos e crescimento consistente. E o mais importante, sem que isso gere pressão inflacionária. Com isso, segue o fluxo de investimentos para países emergentes e o Brasil é um dos grandes beneficiados.

Isso porque, por aqui, os dados econômicos continuam surpreendendo positivamente. A inflação de janeiro mais uma vez surpreendeu para baixo e com isso reforçam-se as teses de que teremos um longo período de taxas de juros baixas. O Banco Central já reduziu a SELIC, no início de fevereiro, para 6,75% e muitos analistas já veem a possibilidade e demais uma queda para 6,5% em março.

Outro dado muito interessante foi resultado do governo central. Em 2017 o déficit foi de R$124bi, bem abaixo do orçado que era de R$ 159bi. Isso se deu por conta, tanto de uma arrecadação mais forte quanto pelo controle das despesas. Vários outros dados também se mostraram positivos no mês: continuidade na queda do desemprego, contas externas saudáveis e projeção de melhora no resultado das empresas.

Mas, sem dúvida, o fato mais relevante do mês foi a confirmação da condenação do ex presidente Lula. Isso mexe muito com os mercados pois a campanha de Lula tem sido marcada pelo radicalismo e pelo discurso populista. Mais do que isso, a candidatura dele reforça também o outro extremo, de um candidato radical de direita – no caso, Jair Bolsonaro. E tudo que o mercado não quer é isso, discursos populistas ou extremistas, mas com pouca probabilidade de execução. Com isso abre-se caminho para uma candidatura mais pró mercado, com maior previsibilidade e garantia de que a atual política econômica será mantida.

Com tudo isso, o resultado não poderia ter sido melhor. A Bolsa de Valores teve seu índice valorizado em mais de 11%, o câmbio (dólar x real) caiu mais de 4% e os juros pagos pelo governo nos títulos mais longos (especialmente os indexados a inflação) tiveram uma forte queda.

Até então, nossa visão era de que 2018 poderia ter uma volatilidade maior por conta das eleições. Este fato ainda é provável, mas já não deve ser o principal motivo de volatilidade. As atenções devem se voltar mais para o cenário externo e para o fluxo de capitais.

O aumento da renda dos trabalhadores americanos e a forte queda no desemprego por lá, desencadearam um forte movimento nos mercados no início de fevereiro. A expectativa é que isso possa gerar inflação e a consequente pressão pelo aumento dos juros. Com isso, parte do dinheiro que hoje está alocada em ativos de risco (incluindo países emergentes), possa migrar para títulos do governo. Ainda é cedo para se avaliar os resultados, mas as atenções se voltam para isso agora.

De qualquer forma, por mais volatilidade que se tenha no curto prazo, os fundamentos brasileiros ainda continuam positivos e, mais do que isso, temos um longo caminho de crescimento pela frente. Portanto, não há qualquer mudança no cenário base.

Alexandre Amorim, CGA, CFP®


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