Carta do Gestor: dezembro/2017

  • 05/12/2017
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Um mês inteiro em compasso de espera, foi isso que tivemos em novembro. E o motivo, claro, foi a batalha pela reforma da previdência.

O cenário da batalha é Brasília. Não necessariamente a geográfica, do Planalto Central – mas a Brasília política, de um governo de coalizão movido a negociações, lobbies e barganhas. De um lado, um presidente enfraquecido, com um orçamento apertado e cartuchos queimados durante meses de negociação para se livrar das denúncias. Do outro, um congresso ávido por mais espaço, poder, cargos e correndo para esquivar da lava jato.

Ao mesmo tempo, um país se recuperando da pior recessão da história, com uma economia ainda combalida, mas dando sinais claros de crescimento, com inflação controlada, juros em baixa e com a população se esforçando para acreditar que dias melhores virão.

Mas e novembro?

Novembro era para ser um mês decisivo. Depois da votação das denúncias contra Michel Temer se esperava que a agenda econômica voltasse a ser a pauta do congresso. E o principal assunto era a Reforma da Previdência. Mas o congresso se recusou a votar a reforma, usando como desculpa que era um assunto polêmico e isso poderia gerar desgaste na eleição do ano que vem. Enquanto isso, Rodrigo Maia e mais alguns deputados saíram em viagem internacional e, na volta, o congresso entrou em recesso de 10 dias, ou seja, muito pouco trabalho por lá.

Mas o mercado financeiro trabalha em outro ritmo. Depois de dar seu voto de confiança durante o ano inteiro, quando manteve a trajetória de alta, chegou a hora de cobrar atitudes concretas. E com isso o fluxo de investimentos saindo do país era diretamente proporcional as notícias ruins que vinham de Brasília. Isso causou muita volatilidade e perdas em todas as modalidades de investimento – com exceção, claro, dos pós fixados.

Mas o presidente é Michel Temer

É inegável a articulação política de Michel Temer. O PMDB é indiscutivelmente a maior força política do país e Michel Temer foi o presidente do partido por mais de 15 anos. Quando, no início de novembro, foi ignorado por boa parte dos convidados em uma reunião para discutir a reforma da previdência, foi cirúrgico comunicando ao mercado que talvez – já que ninguém queria – a reforma não fosse votada em seu governo.

A resposta do mercado foi imediata – bolsa caiu, dólar subiu, juros subiram e dinheiro de investidores saiu do Brasil. Isso mostrou, na prática, que o clima de confiança com a retomada da economia poderia simplesmente sumir caso a reforma não voltasse à pauta. E que, já que a desculpa era a reeleição, é muito melhor ter eleitores calmos e otimistas do que ter uma eleição com o cenário econômico conturbado – o que geraria maior apelo por mudanças.

A comunicação também melhorou muito. O discurso de que faltava dinheiro para pagar as aposentadorias foi trocado por um de que a reforma vai acabar com as disparidades existentes, especialmente em relação aos funcionários públicos – que eram os mais críticos à reforma. E deu resultado. Rapidamente, a rejeição para com a reforma diminuiu, mais uma vez mostrando ao congresso de que o tema não é tão desgastante assim.

Agora nos resta esperar. Caso a reforma seja votada e aprovada podemos ter a volta dos investidores, com alta da bolsa e queda dos juros futuros gerando, o que chamamos, de um rali no mercado nesse fim de ano. Caso não seja, voltaremos a ter mais volatilidade, que deve perdurar até a definição do cenário eleitoral.

 

Alexandre Amorim, CGA, CFP®


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