Carta do gestor: abril/2019

  • 10/05/2019
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O Brasil não é para amadores, mesmo!

Desde que a equipe econômica apresentou a atual proposta de Reforma da Previdência, em meados de fevereiro, observamos o aumento da volatilidade no mercado financeiro. O Brasil ainda está “saindo do buraco” depois de ter passado pela pior recessão de sua história e, depois das quedas gigantescas no PIB entre 2014 e 2016, o crescimento ainda “patina”, com taxas próximas a 1% ao ano.

De fato, empresários e investidores estão esperando sinais claros de que a economia brasileira está sendo levada a sério para investir em projetos de longo prazo – o que é bem mais interessante do que atrair capital especulativo que vinha apenas para aproveitar as taxas de juros altas no mercado financeiro. E o principal sinal que eles aguardam, é a Reforma da Previdência.

No início do ano não havia clareza se o governo aproveitaria a proposta já encaminhada por Michel Temer, e que já havia tramitado pelas comissões do congresso, ou se iria propor uma nova. Caso aproveitasse a que já existia, sua aprovação seria mais rápida.

Entretanto o caminho escolhido foi outro. Apresentou-se uma nova proposta, bem mais consistente e com um resultado financeiro bem maior. Particularmente, essa nova proposta apresentada equaliza de forma bem mais ampla os benefícios previdenciários, portanto vindo ao encontro do discurso de que a reforma é necessária para acabar com uma série de privilégios e distorções do sistema de previdência atual.

Por outro lado, esta nova proposta passará obrigatoriamente por todo o tramite do congresso e, com isso, sua aprovação foi prorrogada por alguns meses.

Confira a nossa análise semanal do cenário macroeconômico com foco nos investimentos, por Alexandre Amorim, CGA.

Cabeça vazia, morada do diabo

Como sabemos, o mercado antecipa os fatos. Antes de uma possível melhora da economia o mercado financeiro começou a se animar e, com a prorrogação da reforma, o dinheiro do mercado entrou em modo stand by e as atenções a se voltaram para o rito de aprovação da reforma.

O novo governo, desde sua campanha, tem como premissa a ruptura com o modelo de “presidencialismo de coalisão”. Buscou preencher cargos de forma técnica e enxugar ao máximo, enquanto possível, estruturas de gestão. Mas o congresso, apesar da grande renovação, manteve seu modus operandi e as negociações entre executivo e legislativo não tem sido das melhores. O governo tem mostrado serias dificuldades de articulação e isso tem causado uma série de ruídos, embates atrasos e até mesmo algumas derrotas.

Com o mercado em stand by e com tantos ruídos vindos dos três poderes, o ambiente se tornou perfeito para a proliferação de factoides, boatos e especulações!

Pare um momento e pense em tudo que já foi notícias nos últimos meses. Brigas, conspirações, rompimentos, alianças… Muitas, mas muitas coisas aconteceram, viraram verdades absolutas de uma hora pra outra e, dias ou semanas depois, simplesmente não são mais lembradas.

Infelizmente, isso já aconteceu antes e provavelmente acontecerá de novo. A proposta de reforma está agora na Comissão Especial, que é onde os pontos da reforma serão discutidos e de onde sairá a proposta final que irá a votação. Sem dúvidas haverá mais turbulência, barganha, discussão e desentendimentos – ou seja, mais motivos para a criação de novas verdades.

Mais do que nunca, é momento para termos a cabeça fria e os pés no chão. Olhar o cenário de luneta (visão de longo prazo) e buscar as oportunidades de lupa – aproveitando a volatilidade a nosso favor.

O cenário de longo prazo ainda é prospectivo. Temos muitas oportunidades pela frente, mas como sempre, o caminho nunca é fácil.

Definitivamente, o Brasil não é para amadores….

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