Carta do Gestor: setembro/2017 – Edição extra

  • 13/09/2017
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IBOVESPA
Dá para comemorar?

Essa semana foi noticiado, com muito entusiasmo no mercado financeiro, o rompimento do topo histórico do Ibovespa. Na prática, quer dizer que o principal índice de ações do Brasil atingiu a maior pontuação da história, ultrapassando o recorde anterior que havia sido cravado em maio de 2008, ou seja, a quase 10 anos atrás!

E realmente é um motivo de comemoração. Depois de tanto tempo, é um sinal de que os investidores voltam a acreditar no crescimento das empresas depois da maior recessão da história do país. Mas esse é um momento interessante para entender um pouco mais sobre esse índice e verificar se realmente as ações estão valorizadas em relação ao que eram a uma década atrás.

O índice Bovespa é formado por uma composição que leva em conta as ações mais negociadas no mercado e que é revisto trimestralmente. Isso quer dizer que a composição do Ibovespa já passou por inúmeras modificações de 2008 até agora e muita coisa mudou.

Em maio de 2008 as ações de Petrobras e Vale representavam 33% do Ibovespa e hoje a representatividade delas não passa de 17%. As empresas atreladas a commodities como Gerdau, CSN e Usiminas representavam metade do Ibovespa e, atualmente, é o setor de serviços financeiros que tem predominância no índice.

O índice também é medido em valores absolutos, ou seja, não incorpora os lucros e dividendos pagos ou qualquer tipo de correção monetária. Se aplicarmos a correção pelo IPCA, o topo de 2008, que foi de 73.920 pontos, hoje estaria valendo aproximadamente 125.000 pontos e, caso a correção fosse feita pelo CDI, o valor seria de 180.000 pontos!

Se olharmos por esse ponto de vista pode parecer desanimador. Ainda falta muito tempo para as ações voltem a representar o mesmo valor que representavam a 10 anos atrás. Mas…

O mercado tem memória!

Investidores em ações não costumam comparar o desempenho de suas ações com benchmarks de renda fixa. Na verdade, a distribuição de lucros, a recomposição do índice e as realocações da carteira importam muito mais no desempenho.

Por conta especialmente da recomposição trimestral da carteira que compõe o Ibovespa, os valores de referência do índice acabam demostrando muito mais o fluxo de capitais e o comportamento do investidor e, olhando por essa ótica, o rompimento do topo histórico é importante sim!

Devemos lembrar que o topo de 2008 ocorreu logo após a obtenção do investment grade e depois de uma forte tendência de alta que, em meia década, fez o índice pular dos 8.000 para 73.000 pontos, ou seja, valorização de quase 1.000%.

E o rompimento deste número é realmente importante. Demostra que o mercado começa a ser visto com outros olhos. Deve trazer investidores de volta para a bolsa e permitir que mais empresas façam ofertas públicas e comecem a negociar suas ações em bolsa. Quem sabe não estamos iniciando um novo ciclo.

Mas sem esquecer que estamos no Brasil, aquele país em as projeções e cenários financeiros podem mudar num piscar de olhos.

Essa é uma edição extra da carta do Gestor, clique aqui para acessar a última atualização.

Alexandre Amorim, CGA, CFP®


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