Economia Bárbara – Sair da renda fixa? Veja onde investir com a Selic em 5,5%

  • 20/09/2019
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A taxa básica de juros da economia, a Selic, caiu, nesta quarta (18), de 6% para 5,50% ao ano, o menor nível da história, deixando ainda mais desafiadora a missão de se ganhar dinheiro no Brasil. A Selic menor reduz o ganho de investimentos em renda fixa, mais conservadores, que são atrelados à taxa ou a um percentual da taxa DI, como poupança, fundos DI, CDBs (Certificados de Depósito Bancários), Tesouro Selic (títulos do governo), LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio). E agora? Onde investir?

No novo cenário, segundo especialistas ouvidos pelo Economia Bárbara, será preciso pensar mais no longo prazo, arriscar um pouco mais e diversificar as aplicações financeiras.

“O brasileiro tinha a percepção que o seu dinheiro investido em qualquer investimento de renda fixa ia dar um retorno grande. Essa festa acabou. Hoje você tem de escolher: se você quer liquidez e estabilidade, você vai ter de abrir mão de rentabilidade. Se quer rentabilidade vai ter de abrir mão de estabilidade”, disse Alexandre Amorim, gestor de investimentos da Par Mais.

Sair da renda fixa? Não, não é recomendado.

“Qualquer coisa na linha de se falar que a renda fixa morreu ou o Tesouro Direto não vale a pena ainda é precipitado. A renda fixa não deixou de ser atrativa”, disse o consultor financeiro André Massaro.

Para Massaro, “ainda é possível no Brasil se obter retornos reais em renda fixa, como os títulos do governo (Tesouro Direto), por exemplo, que teoricamente não têm risco. Os títulos do governo, principalmente os de longo prazo, são vantajosos. Recomendo o Tesouro IPCA+ 2035 ou Tesouro IPCA+ 2045”.

A educadora financeira Cíntia Senna também enxerga oportunidades na renda fixa, mas o investidor precisará aplicar seu dinheiro em prazos maiores, acima de três anos, para conseguir retornos mais elevados. “Conforme o prazo, ainda consigo retornos acima da Selic. De 7,5% a 8% ao ano, como é o caso de CDBs de bancos médios, que têm garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito)”, contou.

O FGC garante o pagamento de até R$ 250 mil por CPF, em caso de falência da instituição.

Segundo Cíntia, nesses CDBs é possível investir a partir de R$ 1. “O principal é pesquisar e não olhar apenas os bancos de varejo tradicionais. Não devo me prender só à minha instituição financeira. Preciso ampliar minha visão para outras instituições”, orienta a educadora financeira.

Antes de escolher o CDB, melhor verificar o “rating” (avaliação) do banco. O site BancoData.com.br ajuda na tarefa de saber qual a saúde financeira da instituição que oferece o ativo, diz.

Amorim, porém, vê poucas alternativas rentáveis em renda fixa. “Tesouro Direto não vejo mais tanta possibilidade de ganho, assim como os fundos de crédito privado, que têm títulos de empresas e CDBs de bancos. As taxas em geral do CRI e do CRA (Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio) e debêntures têm pouco premium pelo risco que elas oferecem”, afirmou o gestor da Par Mais. No entanto, diz, que para balancear a carteira, o investidor precisa ter dinheiro aplicado na renda fixa e os títulos do governo ainda têm boas opções.

“Para o investidor mais conservador, a carteira deve ter 75% em renda fixa, um balanceado, 35% e o mais agressivo, 10%. Mas, primeiro antes de montar sua carteira, é preciso ter uma reserva estratégica, para imprevistos, que também é constituída por renda fixa”, orienta Amorim.

Poupança descartada?

A poupança, que tem seu ganho reduzido a 3,85% ao ano com a nova Selic, ainda é uma opção recomendada, principalmente, para quem está começando a investir. “A poupança está perdendo rentabilidade, mas é um veículo para quem está começando a poupar. É um primeiro passo para ir aprendendo, e aí ir para outros investimentos”, diz a educadora financeira.

Cíntia lembra que, em caso de um imprevisto no fim de semana, é possível sacar recursos da caderneta, diferente de um Tesouro Selic, que será preciso esperar pelo menos um dia útil para ter acesso ao dinheiro. Mas, destaca, no Tesouro Direto, o ganho é a partir de 100% da Selic, enquanto a poupança hoje paga 70% da Selic. O Tesouro Selic, diz, é para quem precisa do dinheiro no curto prazo, para fazer uma reserva estratégica; para médio e longo prazo, a orientação é investir em IPCA+ e títulos prefixados.

“Poupança não é o investimento adequado para quem o mínimo de informação. Mas é melhor do que nada. Melhor que deixar o dinheiro parado”, conta Massaro.

Segundo Miguel de Oliveira, diretor executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade), a caderneta ainda é mais vantajosa que fundos de investimentos com taxa de administração a partir de 1%, para resgates até seis meses.

Além da poupança, Oliveira também recomenda o Tesouro Selic: “Diante de todos os problemas atuais no mundo– possibilidade de guerra entre Irã e EUA, saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) sem acordo dos termos do “divórcio”, guerra comercial entre EUA e China, risco de recessão global, dólar alto, crise na Argentina e na Turquia–, se corre o risco das taxas de juros subirem no futuro, e neste tipo aplicação, o investidor estará mais seguro”.

Para investir no Tesouro Direto, é preciso contratar uma corretora (indicação é escolher as que não cobram taxas de custódia). A aplicação paga Imposto de Renda (IR) e uma taxa de 0,25% para a Bolsa, a B3.

Ativos mais arriscados

Com a Selic a 5,5%, os especialistas dizem que será preciso assumir riscos extra, aplicando em renda variável, para tentar conseguir retornos maiores. Na renda variável, há muitas opções, como a Bolsa (mercado de ações), fundos de investimento imobiliário (que investem em imóveis e o investidor recebe uma espécie de renda mensal), as ETFs (Exchange Traded Funds, que são fundos de índices comercializados como ações, os fundos de ações (que investem no mínimo 67% dos recursos em ações ou em papéis cotados na Bolsa) e os fundos multimercados (que investem em vários produtos diferentes, tanto de renda fixa quanto de variável).

“Chama muito a atenção a Bolsa. Como ela está em níveis altos, exige, porém, bastante cuidado por não se ser vítima da empolgação, mas ainda tem muita oportunidade na Bolsa brasileira”, diz Massaro.

Segundo ele, “no cenário de juros mais baixos, não vai mais dar para você tratar a renda fixa como conservadora e a renda variável como agressiva. O investidor terá de começar a ver certas nuances. Que existe uma escala de conservadorismo. Dentro da renda variável, o mais conservador seriam os fundos imobiliários, ETFs e ações de empresas pagadoras de dividendos. É uma renda variável mais ‘confiável’ para quem não teve contato com a renda variável”.

‘O importante é saber conciliar os investimentos aos objetivos. Na renda variável, melhor pensar em um horizonte de tempo longo, de cinco anos para cima”, orienta Amorim.

Para Cíntia, o investidor também deve olhar a Bolsa. “Não é só investir em ações. Na verdade, a gente está empreendendo em ações. A dica é verificar que empresa em eu quero me tornar sócio, que ação me pode dar um retorno, mas não pensar só no momento atual, mas ter uma visão no longo prazo”.

“Gosto de fundos de investimento imobiliário, de fundos multimercados e recomendo fundos de ações, em vez de se aplicar diretamente na Bolsa. O investidor deve analisar o histórico do gestor, se ele acerta mais do que erra. Mas o gestor de um fundo de ações tem mais capacidade de analisar, de achar bons papéis e tomar a decisão certa na hora certa. O investidor ainda erra muito, entra em pânico quando não precisa”, afirmou o gestor de investimentos da Par Mais.

Confira a matéria na íntegra: https://economiabarbara.com.br/dicas-barbaras/sair-da-renda-fixa-veja-onde-investir-com-a-selic-em-55/

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