Custos do Tesouro Direto: taxa de administração e taxa de custódia

  • 06/12/2016
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custo de investir no tesouro direto

Investir em títulos públicos no Brasil tem sido uma recomendação recorrente de muitos consultores, analistas e profissionais do mercado financeiro brasileiro. Essas recomendações se intensificaram após a criação do Tesouro Direto – sistema lançado em 2002 pela Secretaria do Tesouro Nacional, que permite a compra e venda de títulos públicos pelos cidadãos. Porém, como em todo investimento, existem custos para investir no Tesouro Direto. Veja os detalhes nesse artigo.

Quais são os custos de investir no Tesouro Direto?

Com o passar dos anos, os títulos públicos federais passaram a ser amplamente negociados. Com o avanço da internet e com integrações entre as plataformas das corretoras de valores e o Tesouro Direto é possível comprar títulos públicos com muita facilidade por meio dos sites de corretoras e bancos.

Porém, para utilizar a plataforma do Tesouro Direto há um custo: 0,30% ao ano de taxa de custódia, cobrada pela BM&FBovespa; há ainda uma taxa de administração que pode ou não ser cobrada pela corretora, a qual oscila entre 0% até 2% (veja a lista completa no site do Tesouro Direto). A média dessa taxa de administração é de 0,28% ao ano.

Veja a seguir a explicação detalhada de cada uma dessas taxas, conforme site do Tesouro Nacional:

Taxas cobradas pela BM&FBovespa:

Taxa de custódia de 0,30% a.a. sobre o valor dos títulos, referente aos serviços de guarda dos títulos e às informações e movimentações dos saldos. Essa taxa é provisionada diariamente a partir da liquidação da operação de compra (D+2). Por ser provisionada diariamente, é cobrada proporcionalmente ao período em que o investidor mantiver o título, e é cobrada até o saldo de 1 milhão e meio de reais por conta de custódia.

Taxa cobrada pela instituição financeira:

A taxa cobrada pela instituição financeira é livremente pactuada com o investidor. O Tesouro Direto disponibiliza em sua página um ranking com as taxas cobradas em cada instituição.

Saiba mais: 10 regras básicas para novos investidores

Qual o impacto dessas taxas ao longo dos anos?

A taxa de custódia da BM&FBovespa de 0,30% ao ano e a taxa de administração da corretora – que oscila na maioria dos casos entre valores inferiores a 1% ao ano – em um primeiro momento parecem taxas pequenas. Porém, com o impacto do tempo e dos juros compostos essas taxas passam a assumir grandes proporções.

Preparamos um exemplo de uma aplicação em que o investidor comprou títulos do Tesouro do tipo Tesouro IPCA +, antiga NTN-B, em dezembro de 2016 e permaneceu com o título em carteira até a data do vencimento, que neste exemplo é em 5 de maio de 2035. Isso corresponde a um período de 18 anos e 8 meses. Resumindo, o investimento foi o seguinte:

  • Valor aplicado: R$ 50 mil reais;
  • Data da aplicação: 5 de dezembro de 2016;
  • Data do vencimento do título: 5 de maio de 2035;
  • Taxa de custódia da BM&FBovespa: 0,3% ao ano;
  • Taxa de administração cobrada pela corretora: fizemos uma simulação sem a cobrança de taxa de administração, o que pode ser encontrado em algumas corretoras; e outra simulação com cobrança de taxa de administração de 0,5% ao ano, que é a taxa cobrada pela maioria dos grandes bancos no Brasil. Vamos mostrar com números como é importante estar atento e pesquisar a melhor instituição financeira!
  • Rentabilidade real do Tesouro IPCA + na data de aplicação: 6,19% ao ano.

Utilizamos para os cálculos a taxa real, que é a aquela que excede a inflação. Ou seja, os resultados da simulação que fizemos podem ser comparados com valores de hoje. Para saber mais sobre o que é taxa nominal e taxa real em investimentos leia nosso artigo!

O resultado da aplicação de 50 mil reais ao longo de quase 19 anos varia conforme as taxas de administração e de custódia, pois elas são descontadas periodicamente ao longo do tempo em que o dinheiro fica investido e interferem diretamente no valor acumulado.

Veja os resultados das simulações a seguir.

custo de investir no tesouro direto

Para a simulação, considerando uma corretora que não cobra taxa de administração, o valor que sobra líquido para o investidor é de R$ 133 mil. Já para a simulação com taxa de administração de 0,5% ao ano, o custo só desta taxa representa mais de 8 mil reais, resultando em um valor líquido para o investidor de R$ 121 mil. Já a taxa de custódia representou mais de 5 mil reais para ambos os casos.

Atenção – Um ponto muito importante a considerar é que conforme a rentabilidade real paga pelos títulos públicos diminuem, as taxas de administração e custódia tomam proporções ainda maiores e prejudicam muito a rentabilidade do investidor. Por exemplo, simulamos aqui a rentabilidade oferecida em dezembro de 2016, de 6,19% ao ano, mas já houveram situações em que essa taxa foi de 3% ou 4%.

O foco desse artigo é tratar do custo de investir no Tesouro Direto em relação às taxas de custódia e administração. Porém, para calcularmos o valor que entrará na conta do investidor, foi preciso deduzir também o imposto de renda (IR), que nesse caso incidirá sobre os rendimentos a uma alíquota de 15%.

Sendo assim, o investidor deixa uma parte do seu valor investido para a bolsa de valores (taxa de custódia), outra para a corretora (taxa de administração) e outra parte para o governo federal (imposto de renda).

Apesar de tudo isso, investir em títulos públicos é uma boa opção no Brasil quando comparado com outras aplicações de renda fixa tradicionais do brasileiro, como a caderneta de poupança. A poupança nos últimos anos no Brasil não tem nem apresentado taxa real positiva, ou seja, sua rentabilidade tem sido abaixo da inflação.

Saiba mais: Como investir no Tesouro Direto

É possível escapar dessas taxas ao comprar títulos públicos?

Na plataforma do Tesouro Direto é possível não pagar taxa de administração procurando uma corretora que não a cobre, mas a taxa de custódia deverá ser paga. Existe também a possibilidade de comprar títulos públicos pelo chamado “mercado secundário”, em que a corretora intermedeia a compra e venda e não há cobrança da taxa de custódia da BM&FBovespa nem da taxa de administração da corretora. Porém, como diz o ditado que “não existe almoço grátis”, na negociação de títulos públicos pelo mercado secundário a corretora é remunerada pelo spread, que é a diferença entre o preço que ela compra o título e o preço que ela repassa para o novo investidor. E, em alguns casos esse spread pode custar caro!

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Conclusão

Considerando todo o avanço tecnológico que o mundo tem passado, nosso questionamento com esse artigo não é em relação ao fato do serviço de custódia de títulos públicos ser remunerado, o que questionamos é o fato do custo de custódia de títulos públicos ser tão elevado, uma vez que o serviço de custódia ocorre de forma automatizada via sistema online, apenas para armazenar alguns “bytes” de informações.

Para finalizar, outro ponto que nos chama atenção é que até nos investimentos do Tesouro Direto há uma segregação para cobrar mais caro do pequeno investidor. Isso fica claro na isenção da taxa de custódia para investidores com mais de 1 milhão e meio de reais!

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